terça-feira, 19 de julho de 2011

Um disco, não "o" disco do Chico Buarque

Diante de sua incrível e indispensável contribuição à música, soa como injustiça e até heresia afirmar que, faz tempo, as novas levas de canções de Chico Buarque não são incríveis e indispensáveis como as que o elevaram ao patamar máximo de criatividade e originalidade. Olhando em retrospecto, salvo faixas pinçadas de um ou outro álbum, como ‘O Velho Francisco’, ‘Paratodos’ ou ‘Carioca’, é fato que o cantor e compositor não lança um disco clássico desde ‘Chico Buarque’, aquele de capa vermelha, de 1984, no qual enfileirou uma pérola atrás da outra — ‘Pelas Tabelas’, ‘Brejo da Cruz’, ‘Tantas Palavras’, ‘Samba do Grande Amor’, ‘Mil Perdões’ e ‘Vai Passar’ são todas deste álbum.

Este novo ‘Chico’ é, sim, repleto de lindos momentos. Se comparado à maioria do que vem sendo despejado no mercado musical de uns tempos para cá, ganha até o status de excelente. Mas, só o tempo dirá, não promete se tornar indispensável. Talvez ele nem queira, ou mesmo precise, produzir uma obra da grandeza que atravessa as décadas. Afinal, quem deixou para a eternidade discos como ‘Construção’ (1971), ‘Meus Caros Amigos’ (1976), ‘Vida’ (1980) ou ‘Almanaque’ (1981), não tem que provar mais nada a ninguém. Não se trata aqui de mero papo nostálgico, é que dá uma baita saudade daquele Chico sempre surpreendente. LSM

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