sábado, 8 de junho de 2013

A voz do amor

Paula Fernandes lança CD às vésperas do Dia dos Namorados e diz que é a cantora preferida dos casais apaixonados 

“Sou a artista que mais embala namoros no Brasil!”.

Quem atesta é Paula Fernandes. Tal afirmação, às vésperas do Dia dos Namorados, pode até parecer propaganda de seu novo CD (na verdade um EP, disquinho de apenas quatro faixas), ‘Um Ser Amor’, que sai justamente na terça-feira, um dia antes da romântica data. “Falam muito que minhas músicas são trilha sonora de gente que se casou, que terminou e voltou o relacionamento, que começa namoro...”, completa a cantora.

Paula Fernandes, no entanto, garante que o romance com seu público fiel (“São mais de dez milhões fãs”, contabiliza) dispensa esses tipos de estratégias. Hoje, inclusive, é dia de reencontro: ela se apresenta na HSBC Arena, na Barra da Tijuca, e registra a comunhão para lançar um DVD em outubro.

“Este virá depois do sucesso do primeiro”, preocupa-se ela, sobre o desafio de bater as mais de 1,8 milhão de cópias vendidas do seu ‘Ao Vivo’, recordista em 2011. “Sei que estou diante do comércio e que ele está à espera desse novo DVD. Imagino a minha responsabilidade”.

Deixando a parte ‘tensa’ de lado, ela é só sorrisos e está cheia de amor para dar. Inclusive, seus dentes também já têm alguém para chamar de seu, apaixonada que está pelo namorado, o dentista Henrique Valle. “E olha que eu sempre tive pavor de dentista!”, brinca. “Ele cuida, faz clareamento, e agora vou colocar aparelho com ele”.

E se o assunto é namoro, Paula aproveita para exaltar o mais badalado romance da música brasileira dos últimos tempos, o da também cantora Daniela Mercury, que assumiu sua relação homossexual. “Ela é fantástica! O amor está aí. Não importa se é homem com homem ou mulher com mulher. O amor é um só. Tenho preconceito é com quem não se assume”, decreta.


Chamada de musa do sertanejo, porém, a toda linda Paula Fernandes foge na hora de se assumir como símbolo sexual. “Nunca foi minha intenção ser vista assim. Já me convidaram para fazer ensaio sensual, mas nunca aceitei. Gosto de usar roupas curtas e transparentes, não vejo algo vulgar nisso. Tem muita gente que só usa longo e saia comprida e que é muito mais vulgar”, compara.

O corpinho de invejável cintura fina, ela conta, é o resultado de uma dedicação da qual orgulha-se. “Malho muito, em casa mesmo, de madrugada depois dos shows. Não sou vegetariana, mas posso ser considerada natureba. Evito doce e gordura e não bebo álcool. Nunca tomei um porre na vida, não sei como é isso”, jura. “O que quero deixar mesmo é a minha música, porque a ‘casquinha’ vai embora. Mas nem por isso vou esperar envelhecer para me cuidar. Acho que abrir mão de certas coisas agora é uma questão de inteligência. ”, filosofa.

FAMA DE MÁ
Esbanjando simpatia durante a entrevista, Paula Fernandes discorda veementemente da fama de antipática que a persegue — amplamente testemunhada em comentários nada elogiosos nas redes sociais e na internet em geral.

“Acho que é porque eu sempre fui muito discreta e, como não dou motivos, as pessoas inventam o que querem. Isso pode ter começado porque, em algumas ocasiões, eu não consegui atender a todos os fãs que queriam falar comigo depois do show. Aí, aquela pessoa que não tem nada mais que fazer posta alguma reclamação. A pessoa pública vai estar sempre exposta a isso, é normal”, defende-se, com aquele belo sorriso de namorada de dentista.

Reclamar, ela só reclama mesmo de uma confusão em sua saída da Talismã, empresa do cantor sertanejo Leonardo, quando findou-se o contrato e ela optou por criar seu próprio escritório, o Jeito de Mato.

“Na ruptura, sumiram com meu perfil no Facebook, que tinha cinco milhões de seguidores. Eles cuidavam disso, e eu quase não consegui recuperar. Tivemos que acionar o próprio Facebook. Fiz a campanha ‘Renascer das Cinzas’ no meu Twitter e, afinal, consegui o direito de reaver o perfil. Eu e o Leonardo sempre estivemos okay. Isso foi uma discussão de advogados”, encerra o assunto. LSM (fotos José Pedro Monteiro)

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Ecos de Amy

A convite de cantora brasileira - com quem vão gravar -, músicos que tocaram com Amy Winehouse partem em passeio carioca e provam até churrasquinho de rua

O Xantoné Blacq Trio chegou ao Rio anunciado, com pompas, como a “banda de Amy Winehouse”. No show que fizeram na Miranda, semana passada, além de enfileirar clássicos da saudosa cantora, com quem dividiram palcos mundo afora, também apresentaram suas próprias canções e releituras de outros nomes da música soul, como Stevie Wonder e Michael Jackson. A surpresa da apresentação, no entanto, foi a participação especial de uma jovem brasileira, Sabrina Malheiros. Acompanhada pelos gringos, ela interpretou a música ‘Batucada’, de Marcos Valle.

“Tocamos juntos em Londres”, conta Sabrina, que é filha do baixista Alex Malheiros, da lendária banda Azymuth, e traça carreira internacional na capital inglesa. “Com isso, surgiu o convite para eles gravarem o meu quarto CD, em agosto, quando retornam ao Brasil para mais shows”.

(foto: Pedro Mena)

Aproveitando o feriado prolongado na cidade, os caras do Xantoné Blacq Trio aceitaram um convite de Sabrina: embarcar em um passeio tipicamente carioca. Guiados por ela, bebem muitas caipirinhas, comem churrasquinho de rua em Santa Teresa e se jogam na badalada noite da Lapa.

“Sabrina é uma cantora fantástica!”, atesta Xantoné Blacq, tecladista e vocalista. “Eu já conhecia o Azymuth. Ela precisava de instrumentistas e, assim que nos conhecemos, já começamos a fazer música”.


Sabrina Malheiros, porém, é bem diferente da doidona Amy Winehouse. Enquanto a tropa internacional entorna o que aparecer pela frente, ela se comporta (ao menos durante a matéria), bebendo apenas alguns copinhos de cerveja no conhecido Bar do Gomez, de Santa Teresa. Em seu repertório, em vez do soul, uma dançante mistura de samba com pitadas eletrônicas. Sem problemas. Os rapazes já estão escolados com os nossos ritmos.

“Amy falava sempre da música brasileira, ela era antenada”, decreta o baterista Nathan Allen, entre um bolinho de bacalhau e um frango à passarinho (registre-se que a inglesa chegou a gravar uma versão para ‘Garota de Ipanema’, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes).

Xantoné, que é nigeriano mas mora em Londres desde os 9 anos, lembra a primeira vez que ouviu a nossa batucada: “Quando eu era pequeno, o programa ‘Fantástico’ passava na televisão nigeriana. Foi quando ouvi o som da cuíca. Pensei: ‘Que instrumento estranho’. E, a partir daí, fiquei curioso pelo Brasil”, recorda.

Nesse momento, o tecladista rega generosamente com pimenta um bolinho de bacalhau. Ao notar o olhar assustado dos brasileiros, devolve: “Relaxa, gente, eu sou da Nigéria”, diverte-se.

O baixista Alex Bonfant, o ‘branquelo’ da banda, se espanta mesmo é com o próprio quitute. “É o melhor que já comi! Em Londres, só tem croquete de carne. De peixe, nunca vi”, degusta. E manda vir outra dose da tradicional cachaça mineira Boazinha.

A essa altura, tudo é festa para os músicos. De Santa Teresa, Sabrina Malheiros puxa o bonde ladeira abaixo até a Lapa. Primeira escala: a conhecida Casa da Cachaça, um dos bares mais informais do boêmio bairro carioca. De lá, ela os acompanha até a não menos tradicional Pizzaria Guanabara, onde pedem várias fatias. Aí, bate uma vontade de dançar, e a noite acaba no bar Leviano, ao som de salsa, merengue e rumba. O roteiro com a brasileira se dá como uma dança afinada, atestando que a sintonia entre a cantora e os músicos acontece tanto nos palcos quanto fora deles.

Em agosto, quando voltam ao Brasil, os gringos vão se dividir entre o projeto Amy Lives — que levaram à Virada Paulista este mês — e o disco de Sabrina.

“Muita gente toca músicas da Amy pelo mundo. Somos os originais, mas mudamos os arranjos, fazendo o que imaginamos que ela mesma estaria fazendo hoje”, encerra Xantoné.

E pedem a saideira. LSM (fotos de José Pedro Monteiro)