domingo, 28 de fevereiro de 2010

Vagner Love é rock and roll

Atacante do Flamengo ouve pela primeira vez as bandas gringas batizadas com seu nome

Vagner Love ajeita o fone no ouvido com cuidado, para não embolar em suas tranças rubro-negras, e aperta o ‘play’. Em vez do habitual cavaquinho, que está acostumado a escutar nos pagodes, uma guitarra elétrica distorcida. No lugar da batida eletrônica do funk que tanto gosta, uma bateria de verdade pulsando junto de um contrabaixo. Em princípio, o craque estranha aquele rock, mas logo começa a balançar a cabeça e bater as mãos no ritmo do som. É a primeira vez que Vagner Love ouve Vagner Love — uma banda inglesa da cidade de Manchester.

“Legal, gostei”, avalia o jogador, sem demonstrar muita convicção, mas atesta: “O grupo é bom, faz jus ao nome”.

A audição não para por aí. Em seguida, Vagner Love (o jogador, não o conjunto) é apresentado ao som de outra atração da música internacional, chamada... Wagner Love (esta, com ‘W’ e formada na Alemanha, em Frankfurt).

“A da Inglaterra é bacana, mas confesso que curti mais esta, é mais pop”, classifica. “Na verdade, o que eu gosto mesmo é pagode, funk e axé”.

O atacante do Flamengo conta que já sabia da existência das duas bandas gringas — que assumem terem buscado a inspiração para seus nomes no próprio astro do futebol brasileiro — e até já possuia o CD da alemã. Porém, indo de acordo com seu gosto musical, nunca havia despertado a curiosidade de conferir que som havia por trás daquele disquinho com seu ‘nome artístico’ escrito na capa.

Embalado pelo papo musical, Love aproveita para listar seus ‘melhores de todos os tempos’, isto é, os artistas que mais batem um bolão na sua discoteca particular.

“Em casa ou no carro, sempre tem alguma coisa de Zeca Pagodinho, Revelação e Exaltasamba, meus preferidos”, enumera, com ar de técnico anunciando convocação da Seleção.

Vagner Love conta que adora cantar no chuveiro, mas, apesar de adorar música, nunca se aventurou além disso. No entanto, abre a possibilidade de subir no palco e arriscar soltar a voz.
“Podia surgir aqui no Brasil uma banda de pagode com meu nome”, sugere. “Aí sim, eu me animava até a dar uma canja com eles”. LSM

Confira o som das bandas:

Vagner Love, "We Don't Care"




Wagner Love, "I Know"


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Hare Krishna beatle George

Beatles, sempre, sempre, sempre, sempre. Nunca é demais falar, citar, lembrar ou cantar as músicas desse fantástico grupo de música. E hoje (há controvérsias que seria ontem, dia 24), beatlemaniacos no mundo lembram com saudades que o beatle George Harrison completaria 67 anos se estivesse vivo. O guitarrista morreu de câncer no dia 30 de novembro de 2001 e, assim como o também cantor, compositor, guitarrista e pacifista John Lennon, deixou sua marca, não só na música mas também na luta pela paz.

Atualmente são comuns os festivais de música beneficentes, que arrecadam dinheiro ou mobilizam as pessoas para ajudar povos ou regiões desfavorecidas do mundo, como por exemplo o Live Aid, mas Harrison foi pioneiro ao organizar um evento desse tipo, o Concerto para Bangladesh, no início dos anos 70, com participação de várias estrelas da música, como Eric Clapton, Bob Dylan, Ringo Star e o próprio Harrison.

Outra contribuição significativa de George Harrison para a história foi ter popularizado a música e a cultura oriental, mais especificamente a indiana, no mundo ocidental. Por tudo isso e sobretudo pela excepcional qualidade de suas músicas, com os Beatles ou em carreira solo, fica aqui registrado um parabéns espiritual para George Harrison pelo seu aniversário. Hare Krishna. LSM

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Um nobre vício

Seu maior fornecedor é Toró. Dudu Nobre parece que ficou viciado mesmo no negócio. Toda vez que o jogador rubro-negro chega em casa após uma partida, dá mais uma amostra grátis ao sambista.

"Somos vizinhos, no Recreio", explica Dudu. "Quando vejo ele com uma nova camisa do Flamengo, é só comentar que curti o modelo que ele diz na hora: 'É tua!', e a joga para mim, por cima do muro".

A maioria das camisas da cada vez mais vultosa coleção do cantor foi presente de algum amigo jogador. Hoje, Dudu Nobre reúne cerca de 100 modelos, incluindo edições raras e históricas.

"Léo Moura, Vagner Love, Wilians, Kléberson e ‘Didico’ (como ele chama Adriano) são todos meus parceiros, e vivem me dando camisas", conta, exibindo orgulhoso uma com o número 10 e seu nome estampado nas costas. "Essa o Flamengo fez especialmente para mim, quando completei 10 anos de carreira".

Entre os exemplares prediletos, Dudu Nobre gosta de destacar a ‘camisa da interrogação’, usada por breve período quando o time estava sem fonecedor de material esportivo e que diz ser "disputada à porrada". A superstição, claro, também faz parte do folclore envolvendo as camisas.

"Sempre que vou ao Maracanã com o manto sagrado de 1982, o Flamengo não perde", garante. Tanta paixão pelo time, porém, nunca inspirou Dudu Nobre a compor uma canção em homenagem ao clube - como fizeram outros nomes da música brasileira, como Jorge Ben Jor.

"Não tive esse prazer, e também nunca quis forçar, porque não pode ser algo oportunista, quando rolar, tem que ser autêntico", decreta. "É uma responsabilidade enorme. O Flamengo é tão clássico que um samba comparável à sua tradição tem que ser algo da magnitude de 'Aquarela Brasileira', de Ary Barroso". LSM

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Stumble

Ouvi que já há uma nova febre virtual, para depois que a tuitermania esfriar um bocado. O StumbleUpon, ou apenas Stumble (http://www.stumbleupon.com/). Para aqueles momentos de branco diante do Google, o pensamento "o que eu digito aqui?". Você aponta os assuntos que curte, o Stumble sugere sites super bacanas, que dá para avaliar ou aprovar, e aí o programa vai ficando mais inteligente sobre o que se quer curtir na Internet.

Dá para apontar os sites preferidos e os amigos podem ver por onde estão navegando, e o contrário.

É isso, eu já Stumble. LSM

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Peter Gabriel cover

O veterano cantor e compositor inglês Peter Gabriel, 60 anos completados este mês, sempre curtiu inovações e cuida pessoalmente das variadas facetas de sua arte, de conceitos dos discos e shows aos vídeos. Tanto que saltou fora do grupo Genesis, que ajudou a fundar nos anos 60, para tocar a vida à sua própria maneira. Agora, Gabriel anda curtindo mexer com orquestrações. Sem bateria ou guitarras, o novo CD ‘Scratch My Back’ (EMI) — seu primeiro em oito anos — está repleto de violinos, violoncelos, flautas e trombones, bem longe do pop de seus álbuns solo, em arranjos que o próprio fez questão de meter a mão, ao lado do músico John Metcalfe (ex-Durutti Column).

“Queria algo bem emotivo e minimalista, para valorizar as músicas e as letras”, detalha Peter Gabriel.

Apesar de brilhante compositor, este novo lançamento é todo de versões. O cantor trouxe para sua particular concepção erudita canções de David Bowie (‘Heroes’), Paul Simon (‘The Boy In The Bubble’), Neil Young (‘Philadelphia’), Lou Reed (‘The Power Of The Heart’) e Radiohead (‘Street Spirit’), entre outras, em 12 faixas.

“Geralmente os arranjos orquestrais para músicas de rock são usados para deixá-las mais ‘doces’. Tentei não fazer apenas uma decoração para esses rocks, mas fornecer toda a intensidade e o ritmo”, descreve.

O projeto de um CD de covers é também ideia de Gabriel, que propôs aos outros amigos compositores fazerem cada um o seu próprio disco de recriações. LSM

* Matéria publicada originalmente no jornal O Dia. Confira o link para o site Odiaonline: http://odia.terra.com.br/portal/diversaoetv/html/2010/2/peter_gabriel_lanca_disco_de_versoes_apos_oito_anos_de_completo_recesso_64210.html

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O Hawaii é aqui

Humberto Gessinger revê sua história em livro, descarta inclusão na geração 80 mas aspira turnê com formação clássica do Engenheiros

Ele nunca foi chamado para participar de shows ou festas de resgate dos anos 80, apesar de ter cometido seus grandes sucessos naquela década, como 'Infinita Highway' e 'Terra de Gigantes', ambas de 1987. Ao contrário de a grande maioria dos artistas de sua geração, já devidamente biografados, ele nunca havia sido sondado para a publicação da história de sua banda, uma das mais badaladas da época. Hoje, Humberto Gessinger se esquiva da inclusão no balaio oitentista e dá sua versão dos fatos em 'Pra Ser Sincero' (Belas Letras). O livro registra toda sua trajetória musical, com boa parte das páginas dedicadas ao recentemente dissolvido Engenheiros do Hawaii.

"O grupo é de uma segunda geração dos anos 80", classifica o cantor e compositor. "Lembro de ver shows do Paralamas do Sucesso quando ainda nem sonhava em ser músico. No mesmo dia que fizemos nosso primeiro show, em Porto Alegre, o Rock In Rio já projetava os grupos que definiriam aquela época".

Gessinger parece desdenhar do período que vivenciou e que redefiniu o rock no Brasil. Jura que não leu uma linha sequer de publicações que dissecam o período, como 'Dias de Luta', do jornalista Ricardo Alexandre. De fato, a banda que iniciou a carreira em 1985 durou até 2009, mas é nos primeiros discos que residem as músicas mais conhecidas. A chamada 'formação clássica', na qual tocava baixo ao lado de Augusto Licks (guitarra) e Carlos Maltz (bateria), é a que gera mais saudades.

"Sinto muita falta de tocar com o Augustinho e o Carlos", revela Gessinger, único integrante presente em todas as fases. "Espero que a gente se reúna de novo, adoraria fazer shows nostálgicos com eles, mas não me vejo mais lançando material inédito com o Engenheiros".

O recém-lançado livro registra suas aventuras musicais até os dias de hoje, integrando o duo Pouca Vogal, ao lado do músico Duca Leindecker. 'Pra Ser Sincero' vem na cola de 'Meu Pequeno Gremista', que escreveu sobre seu time do coração. Apesar da recente produção literária, Gessinger descarta estar pegando o gosto pelo negócio.

"Gosto muito de escrever, mas não tenho mais histórias interessantes para contar", desconversa. "O grande barato é o cara que escreve ficção, quem eu chamo realmente de escritor. Os convites para esses livros vieram da editora, eu apenas aceitei". LSM

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

'Eu vi o Zico'

Impossível não lembrar do vídeo do filho do Costinha (para quem não conhece, confira, porque vale):



Foi como ver o Jimmy Page. Zico fez com a bola nos pés tanto quanto o guitarrista inglês com a guitarra nas mãos. Gênio. E ali, pertinho, ao alcance das mãos, acessível. Sempre sorrindo, não recusou um só pedido para fotos e autógrafos. Igualzinho o Adriano... A turistada que visitava o Maracanã mal acreditava que o passeio teria direito a tal bônus. É tipo ir ao museu de Madame Tussauds, em Londres, e dar de cara com o Paul McCartney, ao lado de sua própria estátua. Quase não rola a entrevista. Que nem o estado de choque do garoto do vídeo. Fiquei com a frase do próprio Galinho: "Eu sou igual a você", e segui... "Zico, o que você achou da não escalação do Ronaldinho Gaúcho pelo Dunga?", e fomos em frente. LSM

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Sorrindo e batucando

Quando não está na frente de batalha, colorindo com seu suingue os shows da cantora Sandra de Sá ou do novíssimo grupo Melanina Carioca, o percussionista Anderson da Silva Barbosa, 35 anos, mais conhecido pelo nome de guerra Bebeto Sorriso, toca a escolinha de percussão Sorrindo e Batucando de sua trincheira em um morro do Barreto, em Niterói. Quem conhece o projeto que ele levantou sozinho, no fundo do quintal de casa, fica emocionado.

“Já me apresentei por todo o mundo. França, Japão, Brasil inteiro. De onde venho, trago um instrumento diferente. Quando notei que estava com mais coisas do que precisava, pensei em colocar tudo em uso e tive a ideia da escolinha”, conta. “Já vi gente tocando em galão d’água, lata de tinta, daí me deu o estalo: esses instrumentos são a única arma que tenho. Se não formar músicos, pelo menos formo cidadãos”.

Num cômodo forrado ‘acusticamente’ com esteiras de palha, entre reco-recos, chocalhos, cuícas, xequerês, pandeiros e todo tipo de tambor, Bebeto reforma instrumento velho de escola de samba e ensina a construir, consertar, tocar e cuidar. Tem pequenininhos, tem galalau, tem gente em risco social e, claro, um respeito sem tamanho dos cerca de 90 discípulos de 5 a 60 anos pelo professor.

“As aulas são em grupo. Toda quarta-feira fico aqui o dia inteiro, o povo vai chegando e a gente não tem hora para terminar”, descreve. “Entrou aqui no quintal, vai sair tocando alguma coisa. Alguns eu já estou até indicando para trabalhos profissionais”, avisa. LSM

* Matéria publicada originalmente no jornal O Dia. Confira o link para o site Odiaonline:
http://odia.terra.com.br/portal/diversaoetv/html/2010/2/uma_arma_para_combater_a_desigualdade_social_62891.html

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Esse tal de roquenrol

Há a história da ocasião em que perguntaram ao guitarrista mexicano Carlos Santana, nos idos anos 70, sobre que artista ele curtia do rock brasileiro. Direto e certeiro como seus solos, o músico respondeu: "Milton Nascimento". O indagador replicou que "o som do Milton não era rock". Com propriedade de quem sabe que o gênero engloba artistas tão diversos quanto James Taylor e Sepultura, devolveu: "Então, vocês não entendem nada de rock". LSM