quarta-feira, 16 de maio de 2012

Guitarrista racional viaja em disco voador

Célebre músico da Banda Vitória Régia, de Tim Maia, Paulinho Guitarra lança novo CD solo

Ele já imprimiu seu talento em discos e shows de nomes como Cazuza, Marina Lima, Claudio Zoli, Ed Motta (com quem toca atualmente) e Tim Maia. Mas, desta vez, Paulinho Guitarra não está a serviço de nenhum outro talento da música brasileira. Ele lança seu mais novo CD solo, ‘Romantic Lovers’. “São instrumentais simples, leves e curtos. As pessoas vão até assoviar as melodias”, promete.

Paulinho Guitarra acumula histórias incríveis de sua trajetória. Ele é um dos personagens principais da biografia de Tim Maia, ‘Vale Tudo’, escrita por Nelson Motta, e foi, inclusive, devoto da Cultura Racional, seita que fez a cabeça do ‘Síndico’ e de sua banda nos anos 70. “Aquela parada Racional foi o maior pé no saco, a gente se tornou os maiores malas sem alça do Brasil! Só teve uma coisa boa: a gente ter saído de lá! Quer dizer, além dos três discos que o Tim Maia fez. Dá para ouvir a força e a limpidez de sua voz naquele período”, recorda.

Paulinho deixou a Cultura Racional, mas ainda mantém suas crenças. “Sempre acreditei em discos voadores. Acho até que cheguei na Terra num desses”, decreta ele, que até lançou um CD chamado ‘Trans Space’. “Esse título é mais um flerte com a space age music do início dos anos 60”, explica.

Lenda da guitarra, Paulinho celebra a carreira, solo e ao lado dos nomes a quem serviu com seu talento. “O artista escolhe se quer ter uma trajetória efêmera, tipo ‘passou rápido, mas ganhei uma baba, maluco!’. Prefiro ter uma carreira longa e sólida”, avalia.

Ele só troca a guitarra pela mulher e produtora, Jane, a quem dedica o novo CD. “Quando terminei o disco anterior, decidi que o próximo seria assim: ‘Amor, vou fazer um disco inteiro para você!’”, derrete-se. LSM (foto Ana Paula Amorim)

A vingança de Ivan Lins

Ivan Lins promete vingança. Na primeira edição do festival Rock In Rio, em 1985, ele foi execrado por ser um peixe fora d’água em um festival que tinha o rock até no nome. Primeira atração — em dobradinha ao lado do guitarrista norte-americano George Benson — confirmada para a próxima edição do evento em sua cidade de origem, agendada para setembro de 2013, o cantor e compositor garante que, dessa vez, vai calar a boca dos antigos detratores.

Roqueiro é, em sua maioria, aquele garotão alienado, e eu apanhei muito daquela turma do rock dos anos 80. Sabia que não levaria vaias ou latas, porque não fui escalado para o dia dos grupos mais pesados, mas tive que entrar no palco com atitude, gritando. Perdi a voz na quarta música e nunca mais ninguém me criticou”, recorda Ivan Lins.

Ele considera a apresentação em 1985 como um divisor de águas em sua carreira. “Combinei com o George Benson que desta vez vamos fazer um tributo àquela noite. Vamos cantar uma música de cada artista que estava lá, como Elba (Ramalho) e (Gilberto) Gil, e sugeri a ele fazer uma versão em guitarra e voz para ‘You’ve Got a Friend’, do James Taylor”, antecipa.

Antes disso, porém, Ivan Lins lança um novo disco, no mês que vem. “Vai se chamar ‘Amorágio’, e todas as músicas falam de amor. Tem participações de Maria Gadú, Pedro Luis e Rafael Altério, um compositor com quem tenho uma dupla sertaneja, Fioravante & Guimarães, que são nossos sobrenomes do meio. A gente faz apresentações beneficentes pelo interior”, conta.

Ivan Lins acrescenta ainda que gostaria de fazer parceria com Michel Teló. “Ouvi sua música pela primeira vez em 2010, antes dessa onda de ‘Ai, Se Eu Te Pego’. Como nossa gravadora é a mesma, na hora falei: ‘Vocês têm um diamante nas mãos, gostaria de conhecê-lo’. Tentei marcar, mas as agendas não permitiram. Dos novos sertanejos, ele é o que pode ir mais longe, se não se acomodar no sucesso fácil, como outros artistas do gênero”, avalia.

Apesar da bronca inicial, Ivan Lins revela que também tem seu lado roqueiro. “Adoro The Police e Rush”, lista. LSM (foto Maíra Coelho)

sábado, 12 de maio de 2012

Amor de mãe

Quem não teve a oportunidade de conferir ao vivo Elis Regina (1945-1982), considerada por muitos a melhor cantora brasileira de todos os tempos, e mesmo quem teve o privilégio de presenciar uma apresentação sua, deve conferir a homenagem à artista feita pela filha, a também cantora Maria Rita. O emocionante espetáculo, que no Rio festeja o Dia das Mães no Aterro do Flamengo, já foi apresentado por ela em Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte e São Paulo. É bom que os fãs levem suas câmeras fotográficas para registrar o momento além de apenas na memória, porque não há garantia de que o projeto ‘Viva Elis’ vire um DVD.

“Apesar dos milhares de pedidos, não tomei essa decisão ainda. Não vejo por que fazer um DVD, já que as versões originais da minha mãe ainda estão aí para serem ouvidas. E, convenhamos, as versões dela ainda são as definitivas”, decreta Maria Rita.

A cantora, no entanto, deixa no ar que pode mudar de ideia. “Se for para chamar maisatenção para o nome da Elis, posso reconsiderar minha posição. Afinal, o objetivo desse projeto é redescobri-la, reapresentá-la para quem tiver a alma aberta”, define a filha coruja.

Desde que surgiu no cenário, Maria Rita sempre foi comparada à mãe pela similaridade dos timbres. Em dez anos de carreira, a filha considera que já conseguiu marcar sua identidade como cantora. “Eu diria isso sim, caso contrário eu não teria durado um ano sequer neste mercado”, avalia.


E demorou, mas ela finalmente cedeu à pressão e aceitou cantar clássicos eternizados na voz de Elis, como ‘O Bêbado e a Equilibrista’, ‘Aprendendo a Jogar’, ‘Fascinação’ ou ‘Como Nossos Pais’ — todas essas incluídas no roteiro. Na estreia do espetáculo, em março, no Vivo Rio, apenas para convidados, a cantora fez questão de várias vezes registrar ao microfone que “isso é única e somente uma homenagem à maior cantora que o País já teve”, deixando claro que Elis é incomparável.

Ao lado dos músicos Thiago Costa (teclado), Sylvinho Mazzucca (baixo), Davi Moraes (guitarra) e Cuca Teixeira (bateria), ela vai interpretar 25 sucessos da carreira de Elis, com direito a figurino e gestual que remetem aos da mãe.

O projeto conta ainda com uma exposição (que estreia no Rio em 10 de outubro) com fotos, entrevistas, ingressos, pôsteres, vídeos e objetos pessoais, além de um documentário sobre Elis Regina.

“O que deve emocionar mais as pessoas é uma sala onde poderão ouvir a voz de Elis sem acompanhamento instrumental, solo”, conta o músico, produtor e idealizador da homenagem, João Marcello Bôscoli, irmão de Maria Rita.

Pedro Mariano, também filho de Elis, é ausência sentida no projeto. “Essa homenagem é de mim para ela. O Pedro tem a dele, já em andamento, e, pelo que já soube, será um show muito bonito”, antecipa Maria Rita.

Em meio às homenagens a Elis, ela ainda nem pensa em gravar novo disco. “Estou mergulhada neste projeto. Quando sentir necessidade de novas histórias, aí sim entro em estúdio. Quando e onde ainda não me interessa”, despista. LSM (fotos Maria Rita por Felipe O’Neill)

quinta-feira, 10 de maio de 2012

‘Não sou brega!’

Ele estava sumido, mas eis José Augusto de volta, do jeito que mais emplacou em sua carreira: nas trilhas das novelas. E, como que para compensar o ‘sumiço’ de quatro anos, ele reaparece em nossas vidas em dose dupla. O cantor romântico embalou o romance do ex-jogador de futebol Tufão (Murilo Benício) e a cabeleireira Monalisa (Heloísa Périssé) com ‘Estória de Nós Dois’, no início de ‘Avenida Brasil’, e pode ser ouvido novamente com seu grande clássico ‘Aguenta Coração’ na reexibição de ‘Barriga de Aluguel’, no canal por assinatura Viva.

“A música combinou muito com a relação dos personagens em ‘Avenida Brasil’. O amor deles aparentemente acabou, mas acredito que eles ainda continuam se gostando”, aposta o noveleiro.

Sem lançar disco desde 2008 e festejando 40 anos de carreira, ele reúne seus sucessos em novo CD e DVD, ‘Na Estrada — Ao Vivo’, com direito a quatro canções inéditas, incluindo ‘Estória de Nós Dois’.

José Augusto é dos cantores que mais colecionam temas em trilhas de novelas. Inclua aí ‘A Indomada’, ‘Torre de Babel’, ‘De Corpo e Alma’, ‘O Mapa da Mina’, ufa, a lista é grande. O tanto de canções românticas embalando as tramas lhe rendeu a fama de ‘artista brega’. Coisa que ele descarta veementemente.

“Não sou brega! Me incomoda quando me classificam assim. Prefiro que diga ‘não gosto da sua música’ que essa coisa de rótulo. Diria ainda que isso é uma forma de preconceito”, desabafa.

DIVULGAÇÃO GARANTIDA
José Augusto atesta que não há divulgação melhor que entrar na trilha de uma novela. “Isso ajuda muito. Para se ter uma ideia, assim que ‘Avenida Brasil’ entrou no ar, já percebi pessoas do Brasil inteiro, por onde me apresentei, cantando ‘Estória de Nós Dois’. É muito mais eficaz que fazer um tradicional trabalho de divulgação”, descreve.

HIPPIE ROMÂNTICO
Aos 58 anos, José Augusto aparece todo garotão na foto da capa de seu novo lançamento. “É verdade, sou um cara privilegiado de ter 58 anos com essa carinha de... 56!”, diverte-se o cantor. “Mas não faço quase nada para cuidar da aparência. No máximo, uma caminhadinha de vez em quando. É que, às vésperas da gravação do DVD, eu tirava um tempinho para ir à praia e tirar aquela cor de amarelo-escritório do rosto, por isso fiquei com cara de mais novo”, explica.

Já faz tempo que José Augusto não ostenta mais a cabeleira e visual riponga que tinha nos anos 70 e que estampou as capas de seus primeiros discos. Ele conta que, apesar do antigo ‘look’ e de ter sido criado nas ladeiras de Santa Teresa (tendo, inclusive, batizado um álbum com o nome do bucólico bairro), nunca foi um típico bicho-grilo. “Era a moda da época, e eu seguia, como todo mundo. Tinha um cabelo bem maior, fazia até permanente”, revela. “Guardo lembranças muito carinhosas daqueles tempos, especialmente de Santa Teresa. Fiquei com muita pena com o que aconteceu com os bondinhos, pelo acidente e a desativação. Vivi a infância inteira ali. Sempre que tenho um tempinho, principalmente à noite, dou um giro por lá. Vou curtir um barzinho, gosto de passar pela rua em que morava. A casa, na esquina da Frei Orlando com a Paraíso, não existe mais. Foi demolida quando fizeram o túnel do Catumbi”, recorda, nostálgico.

Ao contrário do auge da carreira, hoje José Augusto consegue transitar numa boa pelas ruas da cidade. “Se existe uma coisa que eu não tenho é saudade de ser reconhecido. Sou menos assediado, as pessoas até vêm falar comigo, mas acabou aquela coisa de não poder nem aparecer na rua, e eu gosto de poder passear com meu filho, ir à praia, ao cinema. Com esse novo DVD, estou com medo disso voltar”, conta. LSM