quinta-feira, 29 de julho de 2010

'Chico Buarque canta mal': heresia

Quem nunca ouviu blasfemarem a heresia que Chico Buarque canta mal? Definitivamente, tal afirmação trata-se de uma ignorância e não procede. Esclarecendo, o Chico, na verdade, tem uma voz estranha e um jeito de cantar que parece ruim, mas não é ruim, não. Ele é afinado e divide muito bem as palavras. Existem, claro, outros artistas incríveis que realmente não precisavam cantar. Carlinhos Brown, por exemplo. É um gênio, mas... não precisa cantar. Grava disco com Sérgio Mendes, com Tribalistas, registra até uma ou outra música cantando, mas não dá pra lançar um disco inteiro assim. Da mesma forma o grande Egberto Gismonti, que particularmente adoro, mas... não precisa cantar. O Herbert Vianna é outro que também canta mal, mas deu uma puta sorte de ter encontrado dois musicos muito fodas, o João Barone e o Bi Ribeiro. A voz dele só funciona na banda. Em carreira solo, lançou três discos solo e nunca vingou. LSM

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Samba esporte fino

Ela é branca, nasceu em Natal, mas tem cara de moradora da Zona Sul do Rio. Isso tinha tudo para não dar samba. Mas deu. Roberta Sá, que sempre flertou com o gênero como uma sambista moderninha que mistura toques de hip hop (por causa dos scratches em algumas músicas) e tropicalismo, se entrega como nunca ao estilo em ‘Quando o Canto é Reza’ (Universal/MP,B), CD que coassina com os chorões do Trio Madeira Brasil.

“Não me considero uma sambista, mas é o mais perto que cheguei do gênero”, classifica a cantora, sobre o disco que reúne exclusivamente composições do badalado baiano Roque Ferreira em intrincados arranjos das cordas do trio de violões e bandolim.

(foto: Luiz Lima)

Fruto de um trabalho de pesquisa musical, é provavelmente o mais hermético lançamento de Roberta Sá. “O Pedro (Luís, seu marido e produtor do CD) perturbou para a gente colocar coisas mais conhecidas no repertório”, conta ela, revelando desapego em relação a soar pop neste trabalho.

O resultado final ficou fino, daqueles mais indicados para serem ouvidos em teatros que em bares com música ao vivo, disputando decibéis com garçons, cochichos e entra e sai na plateia. “As pessoas perderam o hábito de assistir a shows sentadas”, lamenta Roberta. “Hoje, o público está mais para o ‘kit noite completo’: você sai, toma uma cerveja, ouve uma música e dá umas piscadelas”, enumera, para emendar rapidamente: “Bom, quanto às piscadelas, eu não faço mais isso, não”, conclui, às gargalhadas. LSM

quarta-feira, 21 de julho de 2010

'Eu gosto é de mulher', garante Luan Santana

Um boato vem ganhando tanta força quanto o crescimento da fama do jovem cantor sertanejo Luan Santana: o de que ele é gay. A onda tomou vulto quando a imagem de um suposto bate-papo entre a estrela da mais nova categoria do estilo — o sertanejo universitário — e um fã identificado como Cião vazou na Internet.

No diálogo, Luan declara que seu interlocutor “é muito bonito” e que o “coração vai na boca”. No camarim de uma arena de rodeios na pequena e pacata cidade de Sertãozinho, no interior de São Paulo, prestes a entrar no palco para mais um show diante de milhares de pessoas, Luan Santana faz questão de desmentir os rumores amplificados no mundo virtual: “Não sou gay e gosto é de mulher! Aquilo é uma montagem que alguém fez com uma foto que eu tirei com a câmera do meu laptop e coloquei no meu site”, garante o fenômeno popular.

Luan Santana credita a história sobre o suposto homossexualismo ao ciúme alheio, que pode ter origem nos namorados das fãs que perdem a linha em seus shows. “A maldade está em qualquer lugar. É sinal de que estou incomodando”, avalia o ídolo das adolescentes.

O sucesso de Luan não perturba apenas os namorados raivosos. O resistente público carioca demorou a liberar suas praias para o jovem cantor — que já arrastava multidões Brasil afora — fincar sua bandeira. “Eu não entrava no Rio, acho que pela raiz no samba. A galera curte também o funk da favela, mas a música sertaneja mudou os arranjos e, com uma levada mais pop, estou conseguindo crescer cada vez mais”, comemora.

Há também quem torça o nariz para a onda do sertanejo universitário, dizendo que é uma mistura barata de axé, forró e rock. “Essas pessoas que criticam falam sem pensar. Quem curte sertanejo tem que gostar de ele estar sendo renovado”, decreta Luan. LSM

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Wilson das Neves é outro nível

Até a Teresa Cristina, a Roberta Sá, o Diogo Nogueira, o Pedro Miranda, o Marcos Sacramento, o Moyseis Marques, o Casuarina, hão de concordar que o samba do 'professor' Wilson das Neves é outro nível. A nova geração do gênero no Rio, apontada principalmente como cria recente da Lapa, tem lá sucessos particulares em seus CDs. Mas, na hora de segurar seus shows, o que se vê muito comumente nos set lists - no boêmio bairro carioca ou além - é a busca ao repertório de canções já alçadas ao status de clássicas. É difícil, de uns tempos para cá, um nome do samba cometer um disco bom, interessante e relevante do início ao fim. Há tempos não era lançado um desses, mas Wilson das Neves fez, em 'Pra Gente Fazer Mais Um Samba'.

Do público jovem atraído pelo samba, tanto lapeiro quanto da Zona Sul, principalmente, Das Neves vinha se aproximando através da Orquestra Imperial, da qual é integrante. No show da moçada capitaneada por Kassin e Berna Ceppas, o veterano promove alguns dos momentos altos com seu repertório. Pegada que mantém neste novo lançamento solo, atemporal, para apreciadores de todas as idades, da abertura com a música homônima à faixa 13, 'Velha Guarda do Império'.

O mestre, carteirinha 001 da banda de Chico Buarque (que costuma dizer que não é Wilson quem toca para ele - ele, Chico, é quem canta para o baterista), um dos grandes nomes da bateria no Brasil, se dá ao luxo de passar as baquetas para outro fera, André Tandeta. Tira onda de cantor e compositor. João Carlos Rebouças (piano), Vitor Santos (trombone), Don Chacal (percussão), Zé carlos "Bigorna" (saxofone), Zé Luiz Maia (baixo), Jorge Helder (violão) e Claudio Jorge (violão) completam o time de feras que gravaram no disco. E nas palavras musicadas e cantadas por Wilson das Neves não tem blá-blá-blá. Dez coassinadas com Paulo César Pinheiro e, como se não bastasse, outras parcerias com ninguém menos que Arlindo Cruz e Nei Lopes. Luxo. “Ô sorte!’. É outro nível. LSM

* Crítica originalmente publicada no site Laboratório Pop: http://www.laboratoriopop.com.br/criticas/cd//310

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Ringo Starr, 70 anos, baterista

Neste dia em que Ringo Starr completa 70 anos de idade, um toque que não surpreenderá a todos, mas pode ter sempre estado oculto para muita gente, apesar de ser o óbvio: o baterista dos Beatles é um dos melhores da história da música.

Vi um vídeo de um comediante gringo entrevistando o Paul McCartney, e antes - de brincadeira, claro - ele apresenta quem eram os integrantes dos Beatles: John, Paul, George, e "o cara mais sortudo do mundo", Ringo Starr! A piada é espirituosa, e revela uma verdade que é o que acredito fazer induzir ao equívoco de classificá-lo como mau músico: o fato do Ringo não ter o talento dos outros (George, em um pouco menos quantidade) para a composição. O máximo que ele rendeu com os Beatles foi a legalzinha 'Don't pass me by', a ótima 'Octopu's garden' e a parceria com Lennon & McCartney em 'What goes on' (tem uma máxima que diz que "música de três, um não fez..." mas vamos deixar isso pra lá).

Como instrumentista, porém, ele não deixava nada a desejar aos três. Devemos lembrar que John, Paul e George, antes do Ringo integrar oficialmente os Beatles, iam ver ele tocar nos shows do Rory Storm & the Hurricanes, atraidos por seu talento.

Ringo se 'limitou' a 'só' tocar bateria e percussão nos Beatles. Realizou este trabalho com magnífica maestria. Basta ouvir 'Tomorrow never knows', 'Ticket to ride' ou 'Come together'. Como não podia deixar de ser, ele também influenciou uma série de músicos, entre eles Keith Moon e Phil Collins. LSM

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá anunciam relançamento da discografia da Legião Urbana em LP

O legionário Marcelo Bonfá está cada vez menos urbano. O convite para um encontro exclusivo com o guitarrista Dado Villa-Lobos, seu antigo parceiro na Legião Urbana, só se concretizou quando o baterista voltou de seu sítio encravado na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais. “Tenho um pé no mato. Agora estou montando meu alambique, inicialmente para consumo próprio, mas, como dizem, ‘se sobrá, nóis vende’ uma cachacinha”, diverte-se o paulista Bonfá, forjando um sotaque mineiro.

(foto: Felipe O'Neill)
Nem um gole de álcool embalou o papo, mas os dois desandaram a falar, como que embriagados de nostalgia. Afinal, o motivo é o relançamento em LP — o bom e velho vinil — dos oito discos de estúdio da Legião. “Tem tudo para bater um bolão”, define Villa-Lobos. “Vai encantar desde aficionados pelo formato até os que hoje escutam em toca-discos conectados ao computador”.

Todas as bolachonas terão encartes duplos (aqueles que abrem no meio), novos textos e fotos da época. Vale destacar que os últimos discos da carreira, lançados originalmente apenas em CD, vão virar vinil pela primeira vez. A discografia do grupo também vai ganhar nova versão em CD, no formato digipack, e será reunida em uma luxuosa caixa.

Tudo isso está programado para setembro. O que já está no ar é o recém-lançado site oficial da Legião (www.legiaourbana.com.br), coisa que nunca existiu. O espaço virtual é repleto de material dos arquivos particulares dos fãs, como ingressos, cartazes, manuscritos, fotos, vídeos, revistas e muitas outras relíquias. "É legal descobrir coisas que estavam perdidas, já que nossa memória é muito precária”, assume Bonfá.

Neste resgate do passado, a dupla lamenta a falta de um porta-voz da nova geração, como foi Renato Russo. “Está faltando um grande letrista”, decreta o baterista. Dado Villa-Lobos faz coro: “O espaço para contestação não está sendo ocupado por nenhum artista. Se ainda estivesse por aí, ele continuaria sendo relevante para a música brasileira”. LSM

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Them Crooked Vultures é 'a' banda

Já está rolando há um tempo, mas a ficha caiu tardiamente para mim: Them Crooked Vultures é a banda do momento (apresentado pelo meu Amigo Ricardo Schott - sempre ele!).



Paul McCartney PEDIU para entrar na banda quando soube que eles procuravam baixista, mas eles optaram pelo John Paul Jones (http://www.nme.com/news/paul-mccartney/49287).

"Sorry, Paul, não vai dar, estamos com o John Paul Jones, lembra? Do Led Zeppelin..."

A escolha acabou sendo acertada. Com Macca, a banda poderia virar Paul McCartney & Them Crooked Vultures, Paul McCartney Experience, qualquer merda dessas. Foi melhor um baixista foda, mas que não é muito de aparecer. LSM