quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Os anos 80 em piano e voz

Você já ouviu Nico Rezende e nem sabe. “Isso acontece muito nos shows. Vou cantando minhas músicas, e o público pergunta: ‘Mas essa também é sua?’. Quando lancei meu último disco de inéditas, em 2007, no fim das apresentações perguntavam se o CD tinha as antigas canções conhecidas, e não tinha. Por isso, resolvi regravar e renovar este repertório”, explica o cantor e compositor.

Para resolver o imbróglio, Nico Rezende desnuda seus sucessos em ‘Piano & Voz’, CD que comemora 25 anos de carreira. É impossível escrever a história do pop brasileiro dos anos 80 sem tocar algumas vezes em seu nome. Em 1987, sua bonita balada ‘Esquece e Vem’ liderou por semanas consecutivas as paradas. Logo compôs mais sucessos, só que para as vozes de outros artistas: Ritchie fez de ‘Transas’ (“Tanto tempo faz que a gente transa/E não se conversou...”) um megahit, Zizi Possi gravou ‘Perigo’ (“Perigo é ter você perto dos olhos/Mas longe do coração...”) e Marina registrou ‘Pseudo Blues’ (“O certo é incerto/O incerto é uma estrada reta...”).

Depois de emplacar essas e outras, o nome de Nico Rezende sumiu. Mas ele não se afastou da música. “Aconteceu tudo muito rápido naquela década. Produzi e gravei com muita gente, com Marina, Lulu Santos e até Roberto Carlos. Gravei o piano e fiz o arranjo original de ‘Codinome Beija-Flor’, do Cazuza. Mas, nos anos 90, minha vida deu uma virada e voltei a fazer jingles, atividade que tinha no início da carreira, trabalhando com Zé Rodrix. Montei uma produtora e fiz muitas trilhas para teatro e cinema. Fiz a direção musical de humoristas como Chico Anysio, Tom Cavalcante, Nelson Freitas e Eri Johnson, e até emplaquei na TV o tema de abertura de ‘Malhação’”, lista Rezende.

Hoje, ele olha para trás com nostalgia daqueles já saudosos anos 80. “Costumo dizer que tudo o que era música aqui no Rio virou comida: tanto os espaços para shows quanto os prédios onde eram as gravadoras viraram mercados ou restaurantes”, brinca. No entanto, Nico Rezende reconhece avanços no cenário musical. “Antes, o artista tinha muito pouca autonomia. A gravadora tinha um conselho que escolhia o repertório, o arranjador, praticamente tudo. Hoje, tudo é muito mais democrático. Qualquer pessoa que tenha uma canção, pega o violão, grava e em cinco minutos já está no YouTube”, compara ele.

Só uma coisa parece não ter mudado em sua carreira desde os anos 80 até hoje: “É impossível eu fazer um show sem cantar ‘Esquece e Vem’. Saio sob vaias se não tocar esta música”, diverte-se o cantor e compositor. LSM

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Repensado

Gabriel O Pensador lança novo CD depois de sete anos, credita o sumiço indiretamente à separação e assume que mudaria a letra de ‘Lôraburra’

Foram sete anos de um jejum fonográfico, que Gabriel O Pensador acaba de quebrar. Conforme antecipado pelo jornalista Mauro Ferreira em sua coluna semanal ‘Estúdio’, no jornal O DIA, o rapper carioca de 38 anos volta ao disco com ‘Sem Crise’, sétimo da carreira.

O Pensador reaparece bem-acompanhado por nomes como Nando Reis, Rogério Flausino (do J.Quest), Jorge Benjor (na faixa ‘Solitário Surfista/Surfista Solitário’, que está tocando nas rádios), Carlinhos Brown e o grupo legalize ConeCrewDiretoria. Sua caneta continua afiada, e ele, que já mirou nas louras burras, nos playboys e no ex-presidente Collor, neste lançamento dispara, entre outros alvos, contra a raça masculina (em ‘Homem Não Presta’) e a fofoca (‘Foi Não Foi’).

“Esta letra, de ‘Foi Não Foi’, foi bem loucona, fiz com o (Carlinhos) Brown e na verdade a gente não conclui nada sobre o assunto. Ele é muito criativo, a gente poderia ter feito um disco inteiro só com as ideias que saíram no nosso freestyle”, conta ele, cujos versos “Será que tá pegando?/Será que vai comer?/Será que tá fumando?/Será que vai beber?” surgiram depois de ele ser vítima dos temidos paparazzi. “Já me causaram muito mal-estar. Uma vez, quando estava solteiro, fui com meus filhos à praia e encontrei uma amiga, aí saiu a manchete ‘Gabriel e sua nova namorada’. Pô, o cara tinha certeza de que não estava rolando nada. Isso é sacanagem. É ruim, poderia ter me ferrado se estivesse com romance com alguém. Até na missa de sétimo dia do meu avô, estava toda a família, aí o fotógrafo esperou eu ficar sozinho no quadro com minha prima de 18 anos, e publicou: ‘Gabriel vai à igreja com morena misteriosa’. É f...”, desabafa.

Ele enfatiza que “estava” solteiro. Não está mais. Hoje, passeia pela cidade (e continua sendo flagrado pelos sites de fofoca) ao lado da namorada, Júlia. O fim do casamento de dez anos com a atriz e cantora Ana Lima, mãe de seus dois filhos, fez Gabriel repensar muita coisa. “Meu sumiço da música tem a ver indiretamente com isso. Eu me enfiei muito no futebol (ele criou o projeto ‘Pensador Futebol’, que descobre novos talentos da bola), porque a separação me fez querer trabalhar muito”, revela.

O Pensador está mesmo mudado. Ele, inclusive, assume que, hoje, mudaria a letra de seu clássico ‘Lôraburra’. “Até parei de cantá-la nos shows. Tem um lado moralista que não concordo mais. O mundo evoluiu, assim como a liberdade sexual. Se a garota quer usar roupa curta, beber e fumar, deixa ela. Se eu tivesse uma filha mulher, não seria o pai caretaço”, afirma. LSM

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O guitarrista do ‘The Voice Brasil’

Durante as etapas do reality ‘The Voice Brasil’, Lulu Santos fez duetos com os colegas Carlinhos Brown, Claudia Leitte, Daniel e com o convidado especial Erasmo Carlos. Além de cantar com os famosos, Lulu também jogou os holofotes em um músico ainda pouco conhecido do grande público. Não se trata de um dos calouros que participaram no programa, mas do guitarrista Rodrigo Nogueira, da banda do ‘The Voice Brasil’, que acompanhou todos os candidatos semana após semana durante a maratona. Lulu o escolheu para dividir a sua ‘Um Certo Alguém’ e, ao final da execução, ainda pediu aplausos exclusivos para ele, citando-o nominalmente.

“Viramos amigos. Já toquei tantas músicas dele em bares que é um sonho conversar tão intimamente com o Lulu, e ver que, mesmo sendo tão famoso, ainda tem as mesmas neuroses de qualquer guitarrista iniciante, sobre o funcionamento dos pedais, dos amplificadores”, diz Nogueira.

A aproximação não parou por ali. O arranjo de ‘Um Certo Alguém’ apresentado no programa — em formato acústico, com direito a instrumentos pouco usuais como o ukulele e o violão dobro — foi surrupiado por Lulu, com prévio pedido de autorização, da banda do próprio Rodrigo Nogueira, a Suricato, que a toca desta forma em seus shows e acaba de lançar sua estreia em disco, ‘Pra Sempre Primavera’.

“Vamos entrar em estúdio em janeiro, com participação do próprio Lulu, para gravar esta versão de ‘Um Certo Alguém’, e lançar na internet”, anuncia o guitarrista.

Não só Lulu Santos vem se derretendo por Rodrigo Nogueira. Nando Reis, que convidou a Suricato para abrir os shows de sua recente turnê, ‘Bailão do Ruivão’, chegava a invadir o palco, empolgado, para cantar com o grupo. “Saca aquela canção que faz você querer cantar, pois parece que você já a conhecia, mas que você nunca ouviu? Pois é! Suricato! Acho muito bom”, elogia Nando Reis.

Moska o chamou para gravar seu novo DVD, que sai ano que vem: “Quando escutei a guitarra e a voz de Rodrigo Nogueira pela primeira vez, imediatamente percebi seu talento”. LSM

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Histórias das mulheres veneno

Coautor de sucessos dos anos 80 como ‘Menina Veneno’ e ‘Vida Bandida’, poeta e escritor Bernardo Vilhena lança livro que analisa a mulherada cheia de atitude na noite carioca

Em 1983, o poeta e escritor Bernardo Vilhena fez todo mundo cantar as aventuras de sua ‘Menina Veneno’, sucesso que escreveu com o cantor Ritchie. Quase 30 anos depois, ele percebe que as meninas mudaram e estão cheias de atitude. A evolução dessa mudança é relatada nas 183 páginas de seu novo livro, ‘Bar Bukowski — Histórias Que Não Deveriam Ser Contadas’ (R$ 30), através de casos vividos no badalado boteco da rua Álvaro Ramos, em Botafogo, que completa 15 anos.

“Hoje, as mulheres têm uma atitude mais liberta. Elas se tornaram predadoras confessas e não há muito espaço para o ciúme na noite carioca, onde o sexo e a bebida rolam sem o menor sinal de culpa”, observa Vilhena.

Na obra, ele revela tipos femininos marcantes, como as três mulheres de vermelho que nunca foram juntas ao bar, mas que abalavam a estrutura de seus frequentadores, ou as mulheres que insinuavam estarem juntas para alavancar as paqueras masculinas: as meninas veneno do século 21. É, Bernardo Vilhena não consegue escapar de seu maior sucesso.

“Na época, eu não aguentava mais ouvir a música, de tanto que tocava, em tudo quanto é lugar. Fugi para a Amazônia e lá, atracando com um barquinho em uma beira de rio, de um radinho daqueles da Zona Franca de Manaus, adivinha o que estava tocando? ‘Menina Veneno’, claro!”, diverte-se. “Mas adoro a música, é como uma carteira de identidade minha”.

Esta, no entanto, não é a sua única canção conhecida de cabo a rabo por uma geração. “Sonhei a letra de ‘Vida Louca Vida’, e no sonho quem cantava era o Cazuza. Depois que o Lobão lançou a  música, encontrei o Cazuza, que me falou que iria gravá-la também. Foi surreal, porque eu não tinha contado a ele sobre o surgimento da letra”, recorda.

A parceria com Lobão gerou ainda vários outros sucessos, como ‘Vida Bandida’, ‘Revanche’, ‘Chorando No Campo’ e ‘Corações Psicodélicos’. Vilhena, porém, rompeu com o polêmico roqueiro ainda nos anos 80. “Eu era seu produtor e diretor de shows. Quando ele, já com problemas com drogas, abandonou um especial de televisão no meio da gravação, eu decidi que não dava mais”, conta.

Lobão, por sua vez, diz que Vilhena provocou uma briga com sua irmã, Glória, com quem não reatou mais o contato. “Isso é mentira dele. O Lobão odeia as pessoas que amou um dia. Quando ele fizer um show sem cantar nenhuma música minha, ele pode vir falar comigo”, dispara ele, que diz não ter lido a autobiografia do cantor. “Não há hipótese de eu querer saber de parte da minha vida contada de forma distorcida. Mas eu sou amigo do Lobão. A gente só não se fala mais”. LSM (foto Maíra Coelho)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Fuzzcas em videoclipe

Fuzzcas, banda que integro como guitarrista, acaba de lançar seu primeiro videoclipe, produzido pela Polivalente Filmes para a música 'Acorde Mais Cedo', confiram:


Fuzzcas é vintage por natureza. Um conceito impresso na alma de seus integrantes desde sempre, muito antes de o termo virar cult e, pasmem, paradoxalmente ser associado à coisa moderna, de vanguarda. Fuzzcas não faz concessões. Se limita a buscar a essência apenas da melhor música pop já produzida em todos os tempos, e somente nela se fixa para criar a centelha da inspiração de suas pérolas atemporais. São joias de dois, três minutos, que concentram toda a estética sonora que é a verdade dos corações e mentes desses quatro músicos: Carol Lima (voz), Leandro Souto Maior, este que vos escreve (guitarra), Fabiano Parracho (baixo) e Lucas Leão (bateria).

Esta música que acaba de ganhar videoclipe, 'Acorde Mais Cedo, remete aos bons e velhos tempos em que se ouviam discos com prazer da primeira à última faixa, tempos que voltam, sim, e o Fuzzcas está aí para resgatar tal sensação. Faz tempo o rock passeia por linhas tortas na tentativa de se reinventar, e dá muitas voltas para chegar em destino algum - ou voltar ao mesmo ponto. Fuzzcas reescreve certo, e oferece soluções realmente originais para o gênero. Fique experimentado: sinta Fuzzcas. LSM