segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Nasi: ‘O pó que os artistas passam hoje é na cara, não é no nariz’

O nome da banda que o vocalista Nasi ajudou a fundar não poderia ser mais apropriado. Cinco anos depois da turbulenta separação do Ira!, com direito a brigas, ele se mostra mesmo raivoso em ‘A Ira de Nasi’ (Editora Belas Letras, 317 pág., R$ 29,90), sua biografia assinada pelos jornalistas Mauro Beting e Alexandre Petillo. Nasi relata as pazes que fez com seu irmão e ex-empresário Airton Valadão, mas as melhores partes do livro são as histórias de sexo, drogas e rock and roll, em que o músico conta os seus podres. Aqui, ele fala do lançamento e anuncia novo disco solo.

Como surgiu a ideia de lançar este livro contando a sua biografia?
Em 2004, nós do Ira! começamos a preparar a nossa própria biografia junto do jornalista Alexandre Petillo. Com o fim da banda, em 2007, perdemos o interesse nesse projeto e o material de entrevistas e pesquisa acabou ficando arquivado. No ano passado, fui procurado pela editora Belas Letras com a ideia de retomar isso. Sugeri, então, fazer a minha biografia, que contaria também a história do Ira!, afinal, foi a banda que eu criei e a minha história e a do Ira! estão entrelaçadas. O Alexandre disse que só faltaria se aprofundar mais na minha carreira solo e esmiuçar a questão da separação do grupo. Eu chamei o Mauro Beting para ajudar, porque é um cara com quem eu já trabalhei e que curte muito rock and roll. Só quis que não fosse algo chapa-branca. Eu, como consumidor, quando compro a biografia de um artista, quero que quem escreveu vá abrir as vísceras do biografado.

No livro, você relata o relacionamento que teve com a então namorada do Edgard Scandurra. Se fosse a biografia do Ira!, inicialmente planejada quando o grupo ainda estava junto, esta história também seria contada da mesma forma?
Como a banda estava viva, eu não contaria isso. Deixar isso guardado era um código de honra entre nós. Mas essa história foi um dos motivos de a banda ter acabado. Em 2006, o Edgard mandou um e-mail raivoso para o meu irmão, que era o empresário do Ira!, falando que estava em crise criativa, que não conseguia mais fazer músicas porque não tinha superado essa história que aconteceu dez anos antes. Tivemos ali uma primeira ruptura, que não veio a público. Eu achava que isso tinha sido superado, que essa questão já estava debaixo do tapete. Naquele momento, eu pedi o boné. Foi logo depois do nosso ‘Acústico MTV’. Me convenceram a voltar, mas eu estava convencido a dar uma parada por tempo indeterminado.

Você sabe se os outros integrantes do Ira! leram este seu livro?
Soube que o Edgard deu uma declaração infantil, coisa típica dele. Disse que, se eu tinha transado com muitas mulheres, 80% disso era por causa das músicas dele. Eu morri de rir. Ele é um fanfarrão. Tenho certeza que no livro não tem nada de difamatório, nada que possa ser classificado como calúnia. E, quer saber? Pouco me importa a opinião deles. Até por curiosidade, acho que eles deveriam ter algum interesse nisso, afinal, é a história do Ira!. Mas meu contato com eles hoje é nenhum.

Já foram lançados diversos livros sobre o rock brasileiro dos anos 80, época em que o Ira! surgiu. Você acha que a história daquela década já foi bem contada?
Não li todos os livros, mas li a biografia do Lobão, e tem um paralelo entre o meu e o dele. Eu narro a cena paulistana da década de 80, e ele descreve a carioca. Mas, por melhor que tenha um bom trabalho jornalístico, será sempre a visão particular de quem escreveu. Os anos 80 foram uma época muito rica de contradições e polêmicas. Estávamos testando os limites do fim da censura e do uso de drogas. É um período de excessos, que teve os primeiros artistas a se declararem com HIV, as prisões dos Titãs e do Lobão, a homossexualidade do Renato Russo. Foi muito mais rico que esse mar de poodles que está hoje aí. Atualmente, a cena do rock está muito comportada. É tudo maquiagem. O pó que os artistas passam hoje é na cara, não é no nariz.

Você vai lançar um novo disco solo?
Vai sair no mês que vem e vai se chamar ‘Perigoso’. Serão dez faixas, entre inéditas e versões para ‘As Minas do Rei Salomão’, do Raul Seixas; ‘Dois Animais Na Selva Suja da Rua’, do Taiguara, que foi gravada pelo Erasmo Carlos; ‘Não Há Dinheiro Que Pague’, do Paulo César Barros, que fez sucesso com o Roberto Carlos; além de uma versão blues para a balada ‘Como é Que Eu Vou Poder Viver Tão Triste’, do cantor Paulo Sergio. A faixa título, ‘Perigoso’, eu fiz inspirado no Johnny Cash, um cara que foi e voltou do inferno várias vezes.

Por você, existe a possibilidade de, mesmo que daqui a muitos anos, o Ira! voltar, nem que seja para apenas um show?
Hoje, não sei se os outros três são tragáveis para mim. Não é algo que desejo nesse momento, mas, depois que o Maluf deu a mão para o Lula, nada é impossível. LSM

sábado, 8 de setembro de 2012

Prima roqueira de Regina Casé faz sucesso como cantora

Era para ela estar no elenco de ‘Avenida Brasil’, assim como aconteceu com seus amigos Bruno Gissoni e Ronny Kriwat, com quem dividia cenas em ‘Malhação’, onde atuou como a divertida personagem Lorelai em 2010 e 2011. Acontece que, na ocasião do convite para os testes da novela, no ano passado, Luiza Casé estava soltando a voz na Austrália com sua banda de rock, Os Gutembergs. Parece que o destino está mesmo levando a mais nova artista da família Casé (ela tem 23 anos e é prima de segundo grau de Regina Casé) a trocar os sets de filmagens pelos palcos.  “Adoro os dois universos: cantar e atuar. Mas, agora, estou mais na música”, admite.

Se por um lado ela se afastou da TV, sua voz continua lá. Luiza pode ser ouvida na trilha da novela ‘Gabriela’, com a canção ‘Morena’, autoria de Mu Chebabi, diretor musical do ‘Casseta & Planeta’ que também participa da faixa. No cinema, no sucesso de bilheteria ‘E Aí, Comeu?’, lá está a voz de Luiza de novo, cantando ‘Vidro Fumê’, também com Mu Chebabi. “Quando soube que estavam pedindo músicas para ‘Gabriela’, mal acreditei, porque a trilha original é a mais incrível de todos os tempos. Morri de emoção quando vi o CD da nova versão da novela, e lá está o meu nome, entre Djavan, João Bosco, Elba Ramalho...”, comemora.

A surpresa é quando se percebe que o gosto de Luiza passa longe das canções tradicionais de MPB apresentadas na trilha: ela é apaixonada por rock e blues. O que difere também da imagem de sua prima mais famosa, apresentadora do programa ‘Esquenta’, mais ligada ao funk e ao samba. “A Regina é muito culta, gosta de todo tipo de música, não tem restrições a nenhum estilo”, defende. “Eu gosto de Led Zeppelin, Eric Clapton, Buddy Guy. Acho que existem cada vez mais pessoas da minha geração ligadas nesses sons. Eu mesma queria ter nascido na época do Woodstock”, suspira a cantora e atriz.

No próximo dia 18, ela interpreta um repertório repleto de músicas de seus ídolos, acompanhada por veteranos do blues carioca no bar Lapa Café. O guitarrista do Blues Etílicos, Otávio Rocha, é dos mais entusiastas de sua carreira. “Participei de um show com ele no Circo Voador mês passado e foi incrível. O Otávio quer produzir um disco solo meu, cantando músicas inéditas e clássicos”, antecipa.

NASCIDA PARA SER SELVAGEM
A vocação para as artes começou desde cedo, em casa mesmo. Luiza é filha do produtor de cinema Augusto Casé (‘Cilada.com’, ‘Muita Calma Nessa Hora’, ‘Ó Paí, Ó’, ‘E Aí, Comeu?’) e da coreógrafa Andrea Maciel. “Eles me enfiavam nos palcos desde pequena”, lembra ela.

Como boa roqueira, Luiza cultiva seu lado rebelde e selvagem. “Adoro transgredir. Quando tinha 16 anos, a diversão era entrar nas boates me passando por maior de idade. Estudei no tradicional Colégio Santo Inácio, em Botafogo, e fui suspensa 14 vezes”, orgulha-se ela, que atualmente cursa Direito na PUC. Até o momento, registre-se, sem nenhuma advertência. LSM (foto Maíra Coelho)

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Alanis morre sete...

Um gaiato disparou certa vez a infame frase: “Todo mundo só morre uma vez, mas a Alanis morre sete...”. A brincadeira, que repercutiu da Internet às mesas de bar, encontra na cantora canadense um fundo de verdade. “Nos meus momentos espirituais, costuma me ocorrer esse pensamento: tenho um grande medo de morrer”, assume Alanis Morissette.

A verdade é que, com 17 anos de carreira, disco novo na bagagem, ‘Havoc And Bright Lights’, Alanis já está imortalizada na história da música pop mundial. Ela, no entanto, não se conforma com isso, e conta que a morte é um assunto recorrente em sua mente. “Penso muito nisso. Não sou uma pessoa religiosa, mas adoro as religiões, passeio por várias, e tiro de cada uma algo de bom para mim”, revela.


Vale recordar que Alanis já foi Deus no cinema. Ela assumiu o papel do Todo-Poderoso no filme ‘Dogma’, em 1999, e, em certa ocasião, ela mesma definiu seus shows como “uma experiência religiosa com o público”. “Quando estou no palco e recebo o reconhecimento das pessoas, é algo muito especial. São os momentos em que esse meu lado espiritual me faz pensar: ‘O que vale na vida é isso’. É algo até telepático que sinto com a plateia”, classifica.

Ela está vivendo, de fato, um momento muito especial, mas desta vez não se trata de comunhão com os fãs. Alanis é mãe recente de Ever, 8 meses, e compara a maternidade com sua profissão. “Esse meu novo disco, eu gravava e, nos intervalos no estúdio, eu amamentava. São duas paixões enormes que tenho na vida”, derrete-se.


PAIXÃO BRASILEIRA
Alanis Morissette já é figurinha fácil no Brasil. Vá lá, nem tanto quanto Billy Paul e Dionne Warwick, que, ano sim, outro também, estão sempre batendo ponto em palcos por aqui. Mas, desde 1996, Alanis já esteve seis vezes no País. Se apresentou no ‘Domingão do Faustão’, em ‘Malhação’ e na novela ‘Celebridade’. “Tenho lindas memórias dessas minhas passagens pelo Brasil. É um público apaixonante”, elogia.

Mas isso a gente já sabe, não é? Aliás, dez entre dez artistas internacionais que vêm por aqui dão essa mesma declaração. Além do público, há algum nome da nossa música que faça a sua cabeça, Alanis? “Eu já morei com cinco brasileiras, e todas me davam vários discos de cantores e bandas do Brasil, que ouvi muito durante um período da minha vida. É uma música maravilhosa, sem dúvida, mas, confesso, não lembro de nenhum nome para te citar agora”, lamenta ela, emendando rapidamente. “Ah, mas tem mais uma coisa que eu admiro muito nos brasileiros: o senso de humor. Inclusive, é bem parecido com o humor canadense”, compara.

O Brasil está mesmo em sua mira. Nos últimos dias, sua página no Facebook estava repleta de postagens em português. Seu novo álbum chegou à primeira posição na iTunes Store do Brasil e segue firme entre os mais baixados. A turnê anterior no País, em 2009, passou por 11 cidades e, nesta volta, ela passa por sete capitais. “A cada apresentação eu gosto de mudar o roteiro. Tem músicas que quero cantar e que nem estão ainda bem ensaiadas. Eu defino o que vai para o palco assim: sento no chão com os outros integrantes da banda e a gente coloca todos os discos no chão e cada um vai escolhendo uma que gostaria de tocar. Os mais novos no grupo preferem as canções mais recentes, e os outros mais velhos acabam votando nas mais antigas, como as do meu disco ‘Jagged Little Pill’. Por isso que cada show pode ter um repertório exclusivo”, detalha. LSM