quarta-feira, 27 de julho de 2011

Marcos Valle tem discos dos anos 60 e 70 relançados e quer o mesmo para toda a sua obra

Marcos Valle é mesmo um cara à frente de seu tempo. Não apenas por seu reconhecido pioneirismo na música. É que, mal saiu a caixa ‘Marcos Valle Tudo’ (EMI, R$ 160), reunindo 10 discos que lançou entre 1963 e 1974 mais um punhado de gravações inéditas, o compositor, instrumentista e cantor já está com a cabeça no futuro, pensando na próxima novidade.

“A continuação da minha carreira, desde o ‘Vontade de Rever Você’, de 1980, também vai ser reunida em um lançamento previsto para sair no ano que vem”, antecipa o músico.


A lista de clássicos incluídos em ‘Marcos Valle Tudo’ traz ‘Samba de Verão’, ‘Preciso Aprender a Ser Só’, ‘Os Grilos’ e ‘Mentira’ (esta, Marcelo D2 ajudou a popularizar ao incluir o refrão “É mentira...” em uma música do Planet Hemp). Neste novo pacote que ele anuncia, vão entrar discos com trilhas que fez para cinema e TV (como a memorável ‘Vila Sésamo’), os sucessos ‘Estrelar’ (de 1983, da letra “Tem que correr, tem que suar, tem que malhar...”) e ‘Bicicleta’ (1984), além do álbum ‘Tempo da Gente’, lançado em 1986 pela Arca Som, gravadora do jornal O DIA na época. A faixa título deste lançamento é uma parceria de Valle com seu irmão, Paulo Sérgio, e o jornalista e empresário Ary Carvalho, dono de O DIA de 1983 até o seu falecimento, em 2003.

“Quem sugeriu que eu gravasse pela Arca Som foi o Eduardo Lages (maestro de Roberto Carlos). Ele era muito amigo do Ary, que, por sinal, era apaixonado por música e um bom compositor. Ele adorou a ideia e seria natural que fizéssemos uma parceria, mas lembro que ele, modesto, em princípio nem queria. Acabou rolando e foi muito legal”, recorda Marcos Valle.

A caixa que ele planeja para 2012 cobriria, então, sua obra até ‘Estática’, lançado no ano passado na Europa e no Japão e que ganha agora edição brasileira. “Mas pode ser que eu divida essa produção em mais duas caixas, separando os anos 80 e 90 em uma e os anos 2000 em diante em outra”, descreve.

PARCERIAS COM O HERMANO CAMELO
O novo CD de Marcos Valle que os brasileiros tomam contato agora traz 15 faixas inéditas. ‘Estática’, lançado lá fora com o título ‘Esphera’, traz seu parceiro mais frequente, o irmão Paulo Sérgio Valle, além de músicas com Ronaldo Bastos, Joyce e seu mais recente companheiro de composições, Marcelo Camelo.

“Eu já conhecia e gostava de Los Hermanos, daí surpreendi o Camelo com o convite para sermos parceiros. O curioso é que ele é sobrinho do Bebeto, do Tamba Trio, primeiro grupo a gravar uma música minha”, destaca Valle. LSM (foto Fernando Souza)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Onde está Baby?

A cantora explica por que vetou sua participação no documentário sobre o Novos Baianos, faz filme sobre sua própria vida e lança novo CD

Estreou no fim de semana o filme ‘Filhos de João — Admirável Mundo Novo Baiano’, documentário sobre o lendário grupo Novos Baianos. Mas, após se deliciar com as histórias de Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e toda a trupe, uma dúvida trouxe inquietação aos espectadores ao fim das sessões: “Por que só Baby não aparece nos depoimentos?”.

“Eu podia embargar esse filme, mas estou deixando rolar. Fui procurada para participar de um trabalho universitário. Quando soube que isso virou um filme, disse ao diretor que precisaríamos conversar. Minha história não pode ser contada sem participação nos lucros”, explica a ex-doidona e hoje evangélica, que diz já ter sido abduzida e ajudado a curar um paraplégico com seu louvor.

Baby do Brasil está gravando seu primeiro CD - mais um dedicado à música gospel - depois de 10 anos longe dos estúdios. “Sou uma ‘popstora’. Cantar para o Todo Poderoso é a maior loucura que já vivenciei. Quando me converti, me chamaram de oportunista. Agora, estão entendendo que meu discurso gospel é verdadeiro”, garante a cantora.

Ela terá sua própria trajetória contada no documentário ‘Apopcalipse Segundo Baby’, do diretor Rafael Saar. “Deve ficar pronto no ano que vem. Registramos encontros dela com vários amigos músicos, além das gravações deste novo CD. Sem falar em imagens raríssimas que ninguém nunca viu. Mas ainda queremos refazer o Caminho de Santiago de Compostela com ela. Foi lá que, nos anos 90, Baby deixou de ser Consuelo”, antecipa Saar.

(Baby e o diretor Rafael Saar)

A ‘popstora’ até chegou a registrar depoimentos para ‘Filhos de João’’, mas na versão final, que está em cartaz, só aparece em imagens de arquivo. Insatisfeita, Baby anuncia: “Um dia, depois de pronto este documentário sobre minha vida, ainda convido o Rafael para rodar o verdadeiro filme sobre o Novos Baianos”.

AUSÊNCIA LAMENTADA
Tanto o diretor de ‘Filhos de João’ quanto os integrantes do Novos Baianos lamentam a ausência de Baby do Brasil no documentário. “Houve a confusão com o depoimento dela. Não posso julgar, ela deve ter lá seus motivos. Como minha irmãzinha, lamento muito. Cada um tem uma história de vida. Hoje, estamos um para lá, outro para cá”, comenta Moraes Moreira.

Ex-marido da cantora, Pepeu Gomes faz coro: “Isso era previsível, porque a Baby tem uma maneira muito própria de pensar. Respeitei sua decisão, Ela está em outra. Mas aquela realidade que passamos na tela é sincera”, argumenta o guitarrista.

O diretor Henrique Dantas, que levou 11 anos para concluir o filme, ainda tem esperança de poder incluir o depoimento de Baby nos extras do DVD. “Ela queria mudar algumas coisas, não gostou do filme. Baby não aceitou o acordo que firmei com os outros, que são meus parceiros no longa. As pessoas têm o direito de mudar, de não ser mais o que foram. Mas ela faz parte da história, não pode ficar de fora. E ela deu uma entrevista maravilhosa”, diz o cineasta. LSM e Guilherme Scarpa. (foto Baby por Uanderson Fernandes; foto Baby e Rafael por Gabriel Chiaratelli)

sábado, 23 de julho de 2011

Gostosura eterna: Gretchen ganha coletânea com seus sucessos antigos

Ela entrou para os anais da música brasileira (a expressão é inevitável, desculpe) como a Rainha do Bumbum depois de, nos anos 70 e 80, encantar toda uma geração com seu rebolado sensual - que provocou o surgimento de muitas espinhas na garotada da época - e sucessos que passaram no teste do tempo. Essas delícias dançantes, com influências latinas e da música disco dos anos 70, como ‘Conga, Conga, Conga’, ‘Freak Le Boom Boom’ e ‘Melô do Piripipi’, acabam de ser reunidas na coletânea ‘Charme, Talento e Gostosura’.

“É interessante esse lançamento, porque muita gente queria comprar discos com essas músicas e não achava. Nem eu tinha mais esses áudios. Vai ser também uma boa maneira de me mostrar para as novas gerações. Tenho um público adolescente que sempre perguntava sobre como conseguir esse material”, conta Maria Odete Brito de Miranda, nome de batismo de Gretchen.

Aos 52 anos e incontáveis plásticas depois (“Acabei de fazer uma troca de prótese de busto, afinal, uma mulher da minha idade não tem mais essa coisa de rigidez na pele, uma hora a gente tem que se cuidar mesmo, né?”), ela é apontada por muita gente como precursora de dançarinas do axé e do pagode ou das mulheres-fruta do funk, que surgiram também abusando das generosas curvas como um dos artifícios para chamar a atenção. Mas será que Gretchen aprova a comparação, ou acha que as listadas não passam de um bando de ‘bunda mole’?

“Elas são totalmente diferentes, não têm nada a ver com meu trabalho. Acho até que podem ter se inspirado em mim, mas eu vou ficar para sempre. Hoje, não se fala mais em Carla Perez nem em Sheila, que faziam só um trabalho de dançarinas. O meu era diferente, eu sou cantora. Meu trabalho está eternizado, elas foram passageiras”, dispara. LSM

quinta-feira, 21 de julho de 2011

"A vida continua", desabafa Bruno Gouveia, do Biquíni Cavadão

Um mês depois da perda do filho Gabriel, de apenas 2 anos, uma das vítimas fatais do acidente de helicóptero em Porto Seguro que comoveu o País, Bruno Gouveia, cantor do Biquíni Cavadão, faz um retrato de sua dor em entrevista exclusiva. Mesmo depois da tragédia, o músico não cancelou as apresentações agendadas — amanhã, o Biquíni Cavadão faz a primeira aparição em uma grande capital, no Citibank Hall de São Paulo — nem deixou de desabafar em seu blog. Ele conta que o encontro com os fãs, seja no palco ou recebendo mensagens pela Internet, tem dado uma baita ajuda para segurar as pontas.

“Sempre me considerei uma antena, como artista. Por analogia, transmito e recebo ondas de energia, e a energia dos fãs tem me completado quando a minha passou por este ‘apagão’. São tantos recados que não consegui ler todos ainda, mas eles me ajudam a pisar no palco, ver que a vida continua e meu filho estará sempre do meu lado”, relata. “Resolvi dividir com as pessoas o que estou sentindo porque todos os dias, infelizmente, muitos pais e mães perdem seus filhos. Meu depoimento pode ajudá-los, ao mesmo tempo que me alivia”, descreve.


LÁGRIMAS NO CÉU
Muita gente, até hoje, não consegue escutar a música ‘Tears In Heaven’, que o guitarrista Eric Clapton fez para seu filho Conor, de 4 anos, depois que ele morreu ao cair da janela de um apartamento, em 1991. Não é qualquer um que desfruta da bela melodia sem relacioná-la com a dor ali cantada de forma tão explícita pelo músico inglês. Clapton, porém, precisava expor o que estava sentindo. Bruno Gouveia entende bem tal sentimento. E também precisou produzir um instantâneo de sua dor.

“Gosto de escrever para expressar meus sentimentos. Depois, eventualmente, eles viram letras de músicas”, explica, sobre o poema que publicou no blog do grupo. “Escrevi de supetão e consegui traduzir o que estava sentindo, já que pouco, ou quase nada, chorava. Foi uma válvula de escape e me fez bem. Continuo escrevendo, tanto para as coisas boas quanto para as ruins que me acontecem”.

NOVO CD E SHOW NO RIO
Quando Gabriel morreu, Gouveia estava nos Estados Unidos, produzindo faixas para um novo disco do Biquíni. “Fizemos três músicas com a cantora californiana Beth Hart, para gravá-las em nosso próximo CD, que trará ainda uma parceria com Lucas Silveira, do Fresno, e outra com Rogério Flausino, do Jota Quest. E, no dia 17 de setembro, estaremos no Rio, tocando na Fundição”, anuncia. Vai ser a hora de os fãs cariocas marcarem presença. LSM

terça-feira, 19 de julho de 2011

Um disco, não "o" disco do Chico Buarque

Diante de sua incrível e indispensável contribuição à música, soa como injustiça e até heresia afirmar que, faz tempo, as novas levas de canções de Chico Buarque não são incríveis e indispensáveis como as que o elevaram ao patamar máximo de criatividade e originalidade. Olhando em retrospecto, salvo faixas pinçadas de um ou outro álbum, como ‘O Velho Francisco’, ‘Paratodos’ ou ‘Carioca’, é fato que o cantor e compositor não lança um disco clássico desde ‘Chico Buarque’, aquele de capa vermelha, de 1984, no qual enfileirou uma pérola atrás da outra — ‘Pelas Tabelas’, ‘Brejo da Cruz’, ‘Tantas Palavras’, ‘Samba do Grande Amor’, ‘Mil Perdões’ e ‘Vai Passar’ são todas deste álbum.

Este novo ‘Chico’ é, sim, repleto de lindos momentos. Se comparado à maioria do que vem sendo despejado no mercado musical de uns tempos para cá, ganha até o status de excelente. Mas, só o tempo dirá, não promete se tornar indispensável. Talvez ele nem queira, ou mesmo precise, produzir uma obra da grandeza que atravessa as décadas. Afinal, quem deixou para a eternidade discos como ‘Construção’ (1971), ‘Meus Caros Amigos’ (1976), ‘Vida’ (1980) ou ‘Almanaque’ (1981), não tem que provar mais nada a ninguém. Não se trata aqui de mero papo nostálgico, é que dá uma baita saudade daquele Chico sempre surpreendente. LSM

terça-feira, 12 de julho de 2011

Ringo Starr: bom músico ou apenas um cara de sorte?

Bateristas atestam o talento do beatle, que vai tocar pela primeira vez no Brasil

No mês em que Ringo Starr completa 71 anos e que começa a venda de ingressos para suas primeiras apresentações no Brasil — no Rio, o show será dia 15 de novembro, no Citibank Hall —, fomos atrás de feras das baquetas para defendê-lo em uma polêmica questão. Afinal, o baterista dos Beatles é um bom músico ou, como é constantemente avaliado, apenas um cara de sorte, com talento inferior, que calhou de tocar com os geniais John Lennon, Paul McCartney e George Harrison?

“Ringo é um dos maiores bateristas de sua geração e também um ícone da música pop”, define o ex-Titãs Charles Gavin. “Recomendo a audição de suas melhores performances, como ‘Come Together’ ou ‘Ticket To Ride’. Isso é apenas uma amostra deste músico, que criou arranjos à altura das canções de Lennon, McCartney e Harrison”.

Outro instrumentista de reconhecido talento, João Barone, do Paralamas do Sucesso, faz coro com Gavin. “Toda uma geração de bateristas começou a tocar por causa dele, incluindo eu mesmo”, revela. “Ringo passou pelas várias fases da evolução dos Beatles com seu estilo próprio, sua pegada firme, simbolizando o baterista de rock, insubstituível dentro da banda”.

Baterista do Roupa Nova, Serginho Herval desfrutou o gostinho de gravar no mítico estúdio Abbey Road, em Londres, onde os Beatles registraram sua história. “Análises e questionamentos sobre a musicalidade do Ringo sempre vão existir, mas que ninguém duvide que a forma de tocar bateria mudou radicalmente após os Beatles. Acho que existe a bateria antes e depois do Ringo. E que me desculpem os grandes nomes da batera hoje, mas, provavelmente, vocês nem existiriam sem as levadas muito bem colocadas pelo Ringo”.

A influência de Ringo Starr atinge músicos de diversas gerações, até hoje, como atesta Japinha, baterista do CPM 22. “Seus arranjos deixaram as músicas dos Beatles muito mais interessantes, pois não eram convencionais. Ele tocava fácil e tocava bem. Os bateristas devem agradecer por sua contribuição. Prefiro Ringo que muitos virtuosos das baquetas”, elogia.


(Em sentido horário: Charles Gavin, João Barone, Serginho Herval e Japinha derretem-se pelo baterista dos Beatles)

No show que vem por aí, porém, o setentão Ringo mais canta que toca. À frente de sua All Starr Band, deixa as baquetas para o não menos talentoso Gregg Bissonette. O repertório, no entanto, transborda de clássicos, como ‘Yellow Submarine’, ‘With A Little Help From My Friends’ e ‘It Don’t Come Easy’. LSM

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Hoje ainda é dia do rock rural de Sá, Rodrix & Guarabyra

Trio concorre ao Prêmio da Música Brasileira e filha de Zé Rodrix lança tributo ao pai

Rock rural é o gênero que mescla o rock com a música sertaneja (a original, e não a atual subclassificação ‘universitário’, por favor) e teve seu maior expoente no trio Sá, Rodrix & Guarabyra. Zé Rodrix morreu em 2009, mas este ano os três concorrem ao Prêmio da Música Brasileira — que acontece quarta-feira, no Theatro Municipal — com o disco póstumo ‘Amanhã’. Trata-se, na verdade, de um CD de canções inéditas gravado em 2008, que só foi lançado ano passado.

(passado: Sá, Rodrix & Guarabyra nos anos 1970)

“Ficamos sem saber o que fazer com esse disco. Como saiu uma voz, não dava para fazer shows de divulgação. Esse prêmio pode causar uma espécie de relançamento, ou o verdadeiro lançamento dele”, aposta Guarabyra.

Prestes a completar 40 anos de carreira, a dupla Sá & Guarabyra anuncia que a data será celebrada com novas canções da estrada. “Estamos compondo para o repertório do CD e DVD que vamos gravar para lançar ano que vem”, antecipa .

 (presente: Sá & Guarabyra, em foto recente)

Paralelamente a isso, a atriz e cantora Marya Bravo, filha de Zé Rodrix que está em cartaz no musical ‘Um Violinista No Telhado’, dispara este mês um álbum em tributo ao pai, chamado ‘De Pai Pra Filha’. “Gravei os principais sucessos, como ‘Casa no Campo’, ‘Mestre Jonas’,  ‘Hoje Ainda É Dia de Rock’ e ‘Soy Latino Americano’. Esse CD é uma forma de ficar perto dele, manter sua música viva e apresentar sua obra para as novas pessoas”, define Marya.

(futuro: Marya Bravo e banda)

Os ‘tios’ aprovam a herdeira de Rodrix. “Já observava o talento dela, mas extrapolou todas as minhas expectativas”, derrete-se Sá. LSM