terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Na intimidade da música brasileira
Da música, Cristina só lamenta não ter tido a oportunidade de registrar dois ídolos: Elis Regina e Raul Seixas. Dos outros tantos que fotografou, não entraram no livro o sumido Belchior — por não conseguir contato para autorização de imagem — e uma foto do Jamelão. “A família não deixou, porque ele aparece dando uma banana para mim. Acharam que seria falta de respeito. Uma pena”, resigna-se. “A graça é mostrar os artistas nessas situações inusitadas”.
Com isto em mente, Cristina Granato contabiliza, entre mais de um milhão de fotos, diversas feitas em banheiros, incluindo masculinos. “Abordo de um jeito que não é invasivo. Tom (Jobim), Chico (Buarque), Erasmo (Carlos), são caras muito especiais. Quem dá trabalho é a rapaziada nova, que cria um monte de restrições. Parece que o sucesso sobe à cabeça rápido demais”, conclui, com propriedade. LSM (Foto de Cristina Granato por Felipe O'Neill)
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Um jovem senhor de 69 anos
“Não pretendo parar tão cedo. Vou continuar lançando discos, com capas atraentes e bonitas, como gosto de fazer. Esse é o meu prazer”, decreta Ney. “Hoje, depois desse longo tempo de vida e de carreira, não me vejo como exemplo para ninguém, para nenhum artista que esteja começando, nada disso. Apenas segui o meu caminho, tentando constantemente oferecer trabalhos interessantes. Fico surpreso que, em um país de mentalidade tão descartável, eu ainda esteja aí há tantos anos”, analisa.
Se depender de disposição para produzir, Ney Matogrosso ainda vai mostrar seu trabalho por muito tempo. Nem a crise da indústria fonográfica intimida sua fome de microfone. “Vejo essas mudanças, mas ainda não vi saída. Só quando ficar claro que lançar discos não é mais o caminho é que vou começar a pensar na vida”, pondera o cantor.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Uma puta dupla
Novo CD de Odair José traz parceria com Zeca Baleiro em faixa para a ex-garota de programa Bruna Surfistinha
Em 1972, Odair José cantava a paixão por uma garota de programa nos versos “Eu vou tirar você desse lugar/Eu vou levar você pra ficar comigo/E não interessa/O que os outros vão pensar”. Em 2011, o cantor e compositor volta à temática na qual transita com desenvoltura. Mas, aos 62 anos, ele já não quer tirar ninguém de lugar algum. Pelo contrário: no refrão da nova música, ‘E Depois Volte Pra Mim’ (parceria com Zeca Baleiro), ele diz que sua atual ‘musa de vida fácil’, a ex-garota de programa Bruna Surfistinha, “não precisa mais mentir/Quero você mesmo assim/Vá fazer o seu programa/E depois volte pra mim”.
“Eu e o Zeca Baleiro conhecemos a Bruna quando participamos do programa ‘Altas Horas’. Era o lançamento de um CD em minha homenagem, no qual ele participou”, lembra Odair José.
O encontro inspirou Zeca: “Fiz a letra e o Odair fez a melodia. Imaginei uma história de amor entre os dois, e vou dividir o vocal nesta música com ele no disco”, conta Baleiro.
O disco a que ele se refere é ‘Praça Tiradentes’, novíssimo de Odair José, que está sendo registrado no estúdio de Zeca Baleiro, no bairro Alto de Pinheiros, em São Paulo.“Dentro do que eu posso fazer, as pessoas vão gostar e muito desse disco. O pessoal de hoje busca, busca, e acaba indo nas coisas boas do passado. Não é todo dia que se encontra um Paul McCartney e um Odair José”, exagera Odair, que nos anos 70 fez a música “Eu Queria Ser John Lennon”.
NO CINEMAAlém do novo álbum, Odair José será visto este ano também no cinema. O documentário ‘Vou Tirar Você Deste Lugar’, baseado no livro ‘Eu Não Sou Cachorro, Não’, de Paulo César de Araújo (mesmo autor da polêmica biografia de Roberto Carlos), vai mapear na tela os artistas da chamada ‘música brega’. “Pretendo colocar esses artistas no patamar da altura do talento deles”, decreta a diretora, Helena Tassara. LSM
OS DESTAQUES DO CD ‘PRAÇA TIRADENTES’:
'E DEPOIS VOLTE PRA MIM', lembra as baladas de Bob Dylan. “Ele tem algo de Dylan, mas do submundo brasileiro”, classifica o coautor Zeca.
'SOB CONTROLE', só de Odair, tem influência de Paul McCartney: “Ele é um exemplo pra mim, aos 68 anos, cheio de gás”.
'VIDA QUE NÃO PARA', de Odair José e seu filho, Odair Jr., uma mistura de Erasmo Carlos e Dire Straits.
'ACONTECEU', “É uma música para quem é adúltero”, conta Odair.
'COMO UM FILME', só de Zeca Baleiro: “Bem no universo do Odair, é sobre o brasileiro que fica bebendo pinga nas esquinas”.
'VOU SAIR DO INTERIOR', um country de Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown. “O Arnaldo ficou emocionado por ser gravado pelo Odair”, conta Baleiro.
'TANTO QUERER', com bateria e guitarra à la The Police.
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'E DEPOIS VOLTE PRA MIM' (Zeca Baleiro e Odair José)Quando a conheci em um programa de TV
Ela se aproximou e falou muito prazer
Seu riso de menina, me apaixonei no ato
Fiquei todo sem razão, me encantei com seu teatro
Pra todo mundo ela diz que é modelo e atriz
Mas hoje eu sei na verdade o que ela faz
Quando me telefona pra dizer que não vem mais
(refrão): Não precisa mais mentir
Quero você mesmo assim
Vá fazer o seu programa
E depois volte pra mim