quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Das churrascarias à parceria com Norah Jones

Maria Gadú rebate críticas de Lobão e anuncia namoro musical com a norte-americana

No mais recente disco de Maria Gadú, ‘Mais Uma Página’, estão lá duas canções em inglês, ‘Like A Rose’ e ‘Long Long Time’, parcerias com o músico norte-americano Jesse Harris. O contato com o gringo, porém, rendeu muitas outras canções em inglês e uma ponte para um futuro CD junto de Norah Jones — Harris é vencedor do Grammy pela canção ‘Don’t Know Why’, conhecida na voz da cantora e pianista norte-americana.

“Existe um saco de canções inéditas em inglês minhas com o Jesse Harris, que fazemos sempre que vou à casa dele em Nova York. Isso pode virar um disco. Através dele, conheci a Norah Jones, que é uma pessoa supersimples, uma querida. Estamos os três trocando e-mails direto, ela nos Estados Unidos, ele no Japão e eu aqui no Brasil, combinando uma nova ida a Nova York para um reencontro. Tomara que role mesmo de produzirmos algo juntos. Quando tocamos, meu violão com a guitarra do Jesse e o piano dela, ficou uma fusão muito legal. Seria bom misturar essas identidades em um disco”, torce Maria Gadú.

Jesse Harris e Maria Gadú: foi ele quem a apresentou a Norah Jones

Seu namoro com a língua inglesa segue firme. Recentemente, ela foi aos Estados Unidos e gravou participação no clássico ‘Blue Velvet’ para o próximo disco do veterano Tony Bennett, ‘Viva Duets’, lançamento que vai contar ainda com Roberto Carlos e Ana Carolina.

“Na minha carreira, tenho recebido convites assustadores, como o de gravar com o Caetano Veloso. O Tony foi mais um. Fiquei emocionada em conhecê-lo e presenciar o imenso carinho que ele tem com seu filho e produtor, Danny, que foi quem mostrou minhas músicas para ele”, conta.

Entre tantas experiências internacionais, nem parece que até outro dia Maria Gadú ainda era uma cantora de churrascaria. Ela, inclusive, faz graça com as críticas do polêmico Lobão, que assim a classificou, pejorativamente, na mais recente rajada de sua metralhadora giratória. “Ele falou uma verdade: cantei muito em churrascarias, assim como em pizzarias, em barzinhos... Eu gosto do Lobão, sou fã dele. A gente até já cantou juntos ‘Hey Jude’, dos Beatles, em um evento da MTV. Eu não grilo com o que ele fala, ele é assim mesmo, todo mundo sabe. Quem sofrer com as críticas dele que dê um tiro no pé. E viva os cantores de churrascaria!”, diverte-se. LSM

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Iron Maiden em quadrinhos

Banda de heavy metal aprova gibi brasileiro sobre um de seus discos

Quando era gurizinho, o ilustrador paulistano Hamilton Tadeu, 41 anos, se divertia desenhando com giz, na calçada, os músicos do grupo norte-americano de rock Kiss. Com o tempo, suas duas paixões, histórias em quadrinhos e heavy metal, nunca mais deixaram de andar juntas. O auge desta devoção aconteceu quando recebeu um e-mail do pessoal da banda inglesa Iron Maiden se derretendo em elogios por seu gibi ‘Seventh Son Of A Seventh Son’. A publicação leva para os quadrinhos a história narrada nas letras do clássico disco do grupo, de 1988, sobre o nascimento do sétimo filho de um sétimo filho, que teria poderes sobrenaturais.

“No ano passado, eles tocaram em São Paulo. Fui ao hotel Hilton e consegui achar o empresário deles. Me apresentei e entreguei uma versão da revista em inglês. Queria a permissão para publicar. Ele fez cara de bravo e foi saindo, aí eu puxei ele e insisti que mostrasse para os músicos. Meses depois, recebi o e-mail da assessoria dizendo que todos leram e adoraram”, festeja Hamilton, ainda incrédulo. “Ano que vem o Iron volta a tocar na América do Sul, e para a ocasião pretendo fazer um gibi com adaptação das letras dos discos ‘Killers’ e ‘Iron Maiden’, os primeiros deles”.

A revistinha, que acaba de ganhar a versão também em inglês, custa só R$ 5, e pode ser encomendada pelo e-mail nflzine@hotmail.com. Hamilton editou, fez o roteiro, e delegou os desenhos ao também ilustrador Fred Macêdo. A revista traz, em suas 52 páginas, a adaptação de todo o disco, rascunhos dos desenhos e as letras das oito músicas do álbum, com as respectivas traduções. Um trabalho dedicado.

“Nos dois últimos dias cuidando do gibi, fiquei 22 horas na frente do computador. Minha pele até ficou esverdeada”, detalha.

Hamilton também vende a revista nas portas dos shows de metal, oferecendo para os leitores em potencial — qualquer um que esteja de camiseta preta ou visual de roqueiro. “Fui para Curitiba e Brasília vender nos shows dos grupos Helloween e Stratovarius. Tinha que vender 42 revistas para pagar a passagem, e consegui vender mais de 120 exemplares”, conta. “Estou pensando agora em fazer uma versão da revista em espanhol, para os fãs da América Latina”.

Hamilton anuncia ainda que vai lançar sua própria editora, a NFL, sigla para Nice Freak Life (doce vida maluca). “Já tenho autorização para lançar a biografia do saudoso vocalista Dio”, antecipa.


Apaixonado por quadrinhos, Hamilton acabou deixando um exemplar do gibi do Maiden com Mauricio de Sousa, na atual Bienal do Livro de São Paulo. “Ele até fez o chifrinho com as mãos, mas não acho que ele curta rock. Mas o Rolo e a Tina, personagens dele, gostam!”, garante. LSM

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Uma tremenda homenagem

Erasmo Carlos abre a porta de sua casa, na Barra da Tijuca, para o cineasta Neville d’Almeida e a jornalista Scarlet Moon, que traz a tiracolo seu namorado, um jovem guitarrista, um tal de Luiz Maurício Pragana dos Santos. Na reunião, no fim dos anos 70, acertam que o Tremendão fará a música-tema do próximo filme do diretor, ‘Os Sete Gatinhos’. Ao músico novato, é destinada a trilha-sonora incidental.

“A partir dali, o Erasmo se torna meu padrinho artístico”, recorda Luiz Maurício, mais conhecido como Lulu Santos, que celebra o auge desta amizade no show que preparou só com versões para os clássicos da dupla Erasmo e Roberto Carlos.

Em emocionante e histórico reencontro no mesmo jardim da casa do Tremendão, 33 anos depois daquela emblemática ocasião, os dois artistas bebem café, tocam guitarra e se derretem em elogios um ao outro. E senta porque, sob seus cabelos brancos, esses caras têm histórias para contar.

“Estou que nem maluco por causa desse show, cantando sozinho no avião, decorando um monte de músicas, porque faço questão de não colar nenhuma letra”, avisa Lulu. “Quando me convidaram para este projeto de covers, sugeriram que eu cantasse Beatles. Recusei, e disse que, para fazer um show como o que faço com meus sucessos, onde o público canta tudo do início ao fim, preferia fazer com a obra de um artista brasileiro, e aí tinha que ser Roberto e Erasmo”, detalha Lulu, que enfileira no espetáculo ‘Sou Uma Criança, Não Entendo Nada’, ‘Minha Fama de Mau’, ‘Festa de Arromba’ e por aí vai...

Ideia aceita pela produção, ele, entusiasmado, chegou até mesmo a adiar o lançamento de um novíssimo CD de inéditas e um box retrospectivo de sua carreira para se dedicar à homenagem. “Vi um potencial muito grande neste show. O Erasmo é o cara que melhor representa a possibilidade de se fazer rock no Brasil”, define Lulu. “É um artista que, passam-se os anos, continua relevante, coisa cada vez mais rara por aí. A música brasileira já foi reconhecida internacionalmente por sua qualidade. Hoje, virou só uma dancinha com um refrão de duplo sentido”.

Erasmo Carlos fala menos que o verborrágico Lulu, mas não limita elogios para devolver o carinho: “Estou doido para ver essas releituras no palco, Bicho. O Lulu tem essa inquietude que sempre nos faz ficar curiosos sobre que caminho musical ele vai sugerir”, observa o veterano.

No encontro na casa do Erasmo, porém, é Lulu quem acena que vai seguir os passos do ídolo. “Me pedem muito para que escreva minha biografia, como o Erasmo já fez. Já comecei, vamos ver se consigo terminar”, anuncia. “Mas não esperem nada sobre os anos 80. Nunca tive essa década como principal na minha trajetória. Meu encontro com a música vem desde antes”, ressalta.

De fato, ainda nos anos 70 Lulu se excedia em arranjos pirotécnicos no grupo Vímana. Mas isso foi antes do tal primeiro contato com Erasmo Carlos. Ainda hoje, os dois se reencontram e conversam sobre discos e outras paixões como duas crianças. Mas que entendem tudo.


NOVO CD
Era para já ter sido lançado, mas Lulu Santos resolveu dar um tempo para se dedicar ao projeto sobre Erasmo e Roberto e o novo disco de inéditas ficou para depois. Mas sai esse ano, garante ele, e em grande estilo. “Junto do novo lançamento virá uma caixa de quatro CDs, a minha primeira caixa, dessas retrospectivas, que reúnem parte da obra do artista. Vou lançar pela Sony, e quero que cada disco traga um tema: ‘Pista’, ‘Guitarra’, ‘Samba’ e ‘Acústicos’. O álbum de inéditas vai ter muita guitarra, mas não vai ser um disco estritamente de rock. E vai se chamar ‘Luiz Maurício’, isto é, meu próprio nome. Foi assim que surgi na carreira artística, quando, em 1980, lancei o compacto com a música ‘Melô do Amor’”, detalha Lulu Santos.

O atraso no lançamento não incomodou o artista. Muito pelo contrário, ele até comemora o acontecido, e explica o porquê: “Eu já gravei esse novo CD há um ano e meio, e esse é justamente o tempo suficiente para eu reavaliar o resultado com um bom distanciamento. Por exemplo: eu sempre odeio os meus discos quando os escuto um ano e meio depois. Essas novas gravações, não oucço há uns seis meses, e daí que agora vou reavaliar e ver o que ainda posso fazer para que fique o mais perfeito possível”.

Já Erasmo Carlos, depois dos discos ‘Sexo’ e ‘Rock ‘N’ Roll’, não planeja lançar um novo CD — seria o ‘Drogas’? — este ano. Mas, quem sabe ele dispara material novo com uma pequena ajudinha do amigo Lulu Santos? “Ele acaba de me prometer um riff de guitarra para eu colocar melodia e letra em cima”, comemora Erasmo.

Lulu garante que a parceria vai sair. “Prometi, não! Eu até já tenho esse riff pronto, vou mandar para você hoje!”, decreta ele. LSM (fotos João Laet)