domingo, 8 de abril de 2012

Feras de rodinhas

Esporte surgido nos Estados Unidos nos anos 30, roller derby faz a cabeça de uma nova geração de patinadoras estilosas e boas de pancadaria


Quem vê essas meninas estilosas, com tatuagens, piercings, roupas transadas e maquiagem caprichada, pode até imaginar que elas vão se acabar na ‘night’. A última coisa que passa pela cabeça é o que se revela quando elas completam o figurino com seus capacetes, joelheiras, cotoveleiras, munhequeiras, protetores de dentes e sobem, não no salto, mas em cima de seus patins retrô de quatro rodinhas paralelas. É assim que as praticantes do roller derby — esporte surgido nos Estados Unidos nos anos 30 que vem fazendo a cabeça de uma nova geração de garotas no mundo inteiro — entram na pista. Não a de dança, mas um circuito oval onde sobra muita pancadaria.


Para entender o complicado jogo, fui acompanhar um treino da liga carioca Sugar Loathe Derby Girls, que se prepara para o primeiro campeonato brasileiro de roller derby, que acontece em outubro no Rio. “Eu gostava de patinar, mas não conhecia outras pessoas que curtissem. Até que me falaram ‘de umas meninas que patinam’. Achei que era só uma galera patinando junta. Quando vi essas loucas, fiquei bolada, mas depois achei maneiro”, conta Gabriela Góes, 35 anos, mais conhecida como ‘Yellin Submachine’.

É, elas todas têm seu ‘nome de guerra’. Aliás, guerra é um termo bem apropriado, já que, para evitar que a atacante do time adversário (cada equipe conta com cinco jogadoras) marque ponto, furando o bloqueio para dar voltas na pista, vale (quase) tudo. “Tem que impedir com o corpo. Pode usar o ombro, o quadril, a cintura, mas dar cotovelada ou colocar o patins para a outra tropeçar é falta”, explica Maria Julia, 32, a Simone Derby Voir, que já se machucou feio jogando: quebrou o tornozelo em uma jogada e ficou nove meses parada.

Para a segurança das próprias jogadoras (em tempo: garotos também praticam o esporte, mas o comum são meninas), essa onda de misturar esporte com estilo também esbarra em certos limites. “É recomendado tirar anel e brincos. Uma saia com spikes (tachinhas pontudas) na barra também pode oferecer risco de alguém se machucar”, destaca Patrícia Correa, 32, ou melhor, a Sugar Slam Fairy.

CONFRARIA EM QUATRO RODAS
Atenção: entrar no universo do roller derby implica, garantem as patinadoras, mudar radicalmente de hábitos. “É apaixonante. Tem quem abandone a turma antiga e só ande com o novo grupo de amigas”, detalha Maria Julia. “A gente gosta de sair juntas para beber, mas... nunca em véspera de treino!”, ressalta. LSM (fotos Luiz Lima)

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