quarta-feira, 28 de março de 2012

Racha no axé

Os contos árabes reunidos no livro ‘As Mil e Uma Noites’ estão repletos de traições e assassinatos. Nem tão trágica, mas também repleta de emoções e dissabores, é a história recente do grupo que tem seu nome inspirado na lendária publicação. Há um ano, o Jammil e Uma Noites sofreu um racha. De um lado, o vocalista Tuca Fernandes, que vazou para tocar sua carreira solo. Do outro, Manno Góes, que não perdeu tempo e enfiou outro canário no lugar do ex-parceiro e segue com o conjunto. Tuca e Jammil, coincidentemente, mostram suas armas ao mesmo tempo: o cantor em CD homônimo e a banda no CD e DVD ‘Jammil Na Real’. Ao falarem dos respectivos lançamentos, os músicos revelam que, nas internas, o clima nunca foi de mil e uma noites de amor.

“A verdade é que eu e o Tuca, ao contrário do que parecia, nunca fomos grandes amigos. Não somos inimigos, existia respeito e profissionalismo, mas nós pensamos diferente”, desabafa Manno Góes.


Todo serelepe na carreira solo, como a ex que toma a decisão de dar entrada nos papéis do divórcio, Tuca Fernandes compara o tempo em que esteve no conjunto, criado em 1994, com um longo e entediante casamento. “Nos separamos mesmo, não rola nem de se ligar de vez em quando. As ideias não estavam batendo, o clima ruim estava afetando até o meu desempenho nos shows e nos discos. Todo mundo via que eu não tinha mais prazer de estar ali dividindo o palco com ele. A gente já estava há um tempo sem se falar na banda, sem ter amizade”, conta.

Inicialmente um trio, o Jammil e Uma Noites agora se resume a um duo, com Manno Góes e o novo cantor, Levi Lima. Se em ‘Na Real’ eles ganham o reforço de Ivete Sangalo, Daniela Mercury e César Menotti & Fabiano, Tuca rebocou para si os antigos músicos do grupo e também Roberto Espínola, que completava a linha de frente do Jammil.

“Foi opção do Beto seguir com o Tuca, mas ele sempre foi um elemento que participava mais em termos de imagem. Estava com a gente desde a origem, mas nunca foi sócio da banda, nem determinante para a nossa sonoridade”, descarta Góes.

Tuca, que sempre foi um fenômeno à frente do grupo com sua voz marcante, ressalta a difícil missão que Levi Lima tem ao substitui-lo. “A grande responsabilidade dele é imprimir a sua marca, a sua história. Ele tem uma voz legal pra caramba e tem que aproveitar essa grande oportunidade”, aposta.

MEU NOME NÃO É JAMMIL
Tuca Fernandes também sabe que tem pela frente uma difícil missão, a de emplacar sua iniciante carreira solo. “O grande desafio é firmar minha imagem com meu nome, porque pensavam que eu me chamava Jammil. Mas já tenho escutado gente falar que meu nome é mais bonito que Jammil”, diverte-se.

O risco de ‘virar’ o ‘Jammil da vez’ agora é de Levi Lima. “Essa confusão acontece naturalmente, porque Jammil é um nome próprio, mas eu estou tendo a felicidade de não passar por isso. Quando não sabem meu nome, dizem: ‘Olha ali o cantor do Jammil’. O fato de mudar o cantor e não o nome da banda está fazendo as pessoas entenderem melhor essa questão”, avalia Levi.

CD VETADO NA ESTANTE
Jammil e Tuca Fernandes lançam ao mesmo tempo seus primeiros discos depois da ruptura. Será que grupo e vocalista ficaram curiosos em saber como ficou o som do outro? “Vi alguns clipes novos deles (o DVD ‘Jammil Na Real’ traz dez canções em videoclipes), mas não ouvi com muita atenção”, conta Tuca. “Sou um curioso musical, quero saber das novidades, e um artista novo que estou adorando é o Magary Lord, um grande compositor, que traz uma proposta nova”.

Já Manno Góes faz pouco caso sobre o trabalho solo do ex-parceiro de banda. “Não fico muito em Salvador, temos feito muita coisa em outras cidades, principalmente São Paulo, e fora da capital baiana é muito difícil ouvir falar de Tuca”, garante. “Também acho que minha opinião sobre o trabalho dele não é relevante. Ele está seguindo o caminho dele e eu seguindo o meu. Poucas vezes no Brasil uma banda trocou um cantor e conseguiu em poucos meses estabelecer uma relação com o público tão intensa. Alguns fãs ficam de um lado e outros, de outro, é natural que falem muito sobre o rompimento nesse primeiro momento, mas logo isso vai ser esquecido”, aposta Góes, que traz ao Rio o novo Jammil no dia 14 de abril, no Riocentro. LSM

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