segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O som das ruas

As calçadas da cidade revelam artistas talentosos, que transformam o ritmo louco do dia a dia em música para os ouvidos

De uma banca, ouve-se bem alto o som de marchinhas de um CD oferecido a R$ 10. A poucos metros, um cara arrasa na guitarra. Perto dali, um grupo com cara de andino e vestindo roupas típicas toca flautas. Também tem sempre alguém que canta boleros, sem contar o sósia do Roberto Carlos e tantos outros. É só dar um passeio pelas ruas da cidade para encontrar vários artistas que fazem das calçadas seu palco e dos pedestres, sua plateia.


Alguns desses astros quase anônimos se destacam no meio da rotina de quem trabalha e anda apressado pelas ruas. Entre as novas estrelas das esquinas estão Buiu Beatbox e Wiliam Nunes, curitibanos de 23 anos. Há cerca de dois meses, a dupla bate ponto diariamente em frente ao edifício Avenida Central, na Avenida Rio Branco. Ali, reúnem dezenas de curiosos pela inusitada mistura de música clássica com hip hop. Wiliam toca violino e Buiu simula uma bateria eletrônica com a voz.

“O Marcelo D2 viu a gente em Curitiba e incentivou nossa vinda para o Rio. Demos canja em um show dele e não pensamos mais em voltar. Queremos ir para o Faustão”, se convida Wiliam.

Eles prometem ficar tão célebres quanto Ademir Leão, “o saxofonista da estação Carioca”, ou o guitarrista Sérgio Bap, que passa horas improvisando no Centro. Wiliam e Buiu vendem seus CDs a R$ 20, mesmo preço do DVD de Carlos Evanney, o “cover oficial do Rei Roberto Carlos”. Às sextas-feiras, ele canta e monta sua banquinha, toda em azul, no Largo da Carioca.

“Bicho, recebo aqui o carinho dos fãs, que compram discos, tiram fotos e ainda vão no meu cruzeiro pela Baía de Guanabara. O do Rei é carão, o meu é baratinho, a gente come em prato de plástico”, diverte-se Evanney, que cobra R$ 100 pelo passeio marítimo.



O violonista David Cheldon se alterna entre a Praça Saens Peña e o Largo do Machado, e garante que toca “igualzinho ao Paco de Lucia”. Mas, em vez de levar seu instrumento, ele usa um aparelho de som. “Um dia deu um problema no violão e resolvi tocar meus CDs. O público prefere ouvir o disco e conferir que foi bem gravado. Passei a vender três vezes mais”, ensina.

Essa turma só não revela quanto fatura. “Dá para viver. As pessoas também me dão roupas”, conta Maza, responsável pela trilha sonora na esquina da Rua do Catete com a Dois de Dezembro. “Só não ganho sapatos, porque é difícil encontrar alguém que calce 46!”, detalha o ‘grande’ músico. LSM (Fotos Maíra Coelho)

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