quarta-feira, 28 de julho de 2010

Samba esporte fino

Ela é branca, nasceu em Natal, mas tem cara de moradora da Zona Sul do Rio. Isso tinha tudo para não dar samba. Mas deu. Roberta Sá, que sempre flertou com o gênero como uma sambista moderninha que mistura toques de hip hop (por causa dos scratches em algumas músicas) e tropicalismo, se entrega como nunca ao estilo em ‘Quando o Canto é Reza’ (Universal/MP,B), CD que coassina com os chorões do Trio Madeira Brasil.

“Não me considero uma sambista, mas é o mais perto que cheguei do gênero”, classifica a cantora, sobre o disco que reúne exclusivamente composições do badalado baiano Roque Ferreira em intrincados arranjos das cordas do trio de violões e bandolim.

(foto: Luiz Lima)

Fruto de um trabalho de pesquisa musical, é provavelmente o mais hermético lançamento de Roberta Sá. “O Pedro (Luís, seu marido e produtor do CD) perturbou para a gente colocar coisas mais conhecidas no repertório”, conta ela, revelando desapego em relação a soar pop neste trabalho.

O resultado final ficou fino, daqueles mais indicados para serem ouvidos em teatros que em bares com música ao vivo, disputando decibéis com garçons, cochichos e entra e sai na plateia. “As pessoas perderam o hábito de assistir a shows sentadas”, lamenta Roberta. “Hoje, o público está mais para o ‘kit noite completo’: você sai, toma uma cerveja, ouve uma música e dá umas piscadelas”, enumera, para emendar rapidamente: “Bom, quanto às piscadelas, eu não faço mais isso, não”, conclui, às gargalhadas. LSM

Nenhum comentário:

Postar um comentário