quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Seu Hendrix

Seu Jorge já havia trocado o Rio de Janeiro  por São Paulo, e agora deixa definitivamente o Brasil para apostar na carreira em Los Angeles, nos Estados Unidos. Mas não sem antes se esbaldar no Carnaval carioca: o cantor e compositor enfileirou marchinhas no baile do Museu de Arte Moderna (MAM) e desfilou na Mangueira. Entre os versos do samba da Verde e Rosa, seu pensamento deixa a batucada por um instante e viaja até o guitarrista Jimi Hendrix, ídolo do rock mundial que ele deve encarnar no cinema.

“Fui convidado a fazer um teste para viver o Hendrix em uma produção internacional. Ainda não sei quem será o diretor e, pelas informações iniciais, será na verdade um longa sobre a Janis Joplin”, conta Seu Jorge, no camarim, depois de cantar no baile do MAM. “Quero muito passar nesse teste, acho que é o maior desafio que já tive na vida. Estou me preparando: fisicamente, já fui mais parecido, mas minha voz chega bem perto da dele. O mais difícil está sendo conseguir tocar guitarra com a mão esquerda, porque ele era canhoto. Mas estou estudando muito para isso”.

Tal preparação exige dedicação, e Seu Jorge vai se virando como pode. Assiste a vídeos e escuta a discografia de Hendrix ao mesmo tempo que prepara um novo CD, um filme com Selton Mello e o lançamento de um livro sobre sua carreira. Em agosto, ele começa a rodar, na Islândia, o longa ‘Soundtrack’, que vai marcar sua estreia na produção. “Estou trabalhando no roteiro junto do Selton Mello e vou atuar, também, no papel de um cientista”, adianta.

A música continua firme. Em Los Angeles, ele prepara o sucessor do bem-sucedido CD ‘Músicas Para Churrasco Vol. 1’. “Os volumes 2 e 3 ainda vão sair, mas antes quero lançar um disco diferente, que vai se chamar ‘Pernada de Saci’ e já está sendo gravado em Los Angeles. Terá a produção do Mario Caldato, participação da cantora belga Zap Mama e vai ser 80% cantado em inglês. Já tem seis músicas prontas, uma delas, ‘Far From The Sun’, é do Robertinho Brant, sobrinho do Fernando Brant, letrista do Clube da Esquina. Eu sou apaixonado pela música mineira e regravei também uma música do Lô Borges. Ainda não vou dizer qual porque nem ele escutou o resultado”, faz mistério.

INVESTIMENTO NOS EUA
Ainda a trabalho no Brasil, nos próximos dias Seu Jorge se apresenta no Espírito Santo, Brasília e Ceará. Só depois volta para a casa nova, em Los Angeles. “Me mudei pensando nas minhas filhas. O melhor lugar para investir na carreira hoje é nos Estados Unidos. E os brasileiros estão no centro dos olhares do mundo todo”, justifica.

DE SEM-TETO A ÍDOLO INTERNACIONAL
Jornalista e fundador do selo Astronauta Discos, Leonardo Rivera é um nome importante no início da trajetória de Seu Jorge. “Indiquei a contratação da banda Farofa Carioca para a PolyGram quando ele era um dos vocalistas, em 1997”, recorda Rivera.

Estas e outras histórias que viveu com Seu Jorge vão ser detalhadas no livro ‘Inteligência é Fundamental’ (título tirado de um verso de ‘Moro No Brasil’, faixa do disco de estreia do Farofa Carioca), que Rivera está finalizando para sair este ano. “Não tenho a previsão exata do lançamento ainda devido às negociações com editoras. Mas o Jorge já leu boa parte do material e aprovou. Será o primeiro livro sobre ele, e vai trazer depoimentos de gente bacana como o ex-presidente da Polygram (atual Universal) Marcelo Castello Branco, Pedro Luis, Ed Motta e Gabriel Moura, entre outros”, detalha.

Seu Jorge e Joey Altruda, no palco do MAM

De borracheiro mirim e sem-teto a artista de expressão mundial, Seu Jorge acumula nessa estrada muitas histórias e elogios sobre seu talento.  O guitarrista e produtor norte-americano Joey Altruda é mais um a se derreter pelo amigo. Apaixonado pela música brasileira, ele está trabalhando nos arranjos dos novos CDs de Roberto Carlos (o de remixes) e de Seu Jorge (a faixa título, ‘Pernada de Saci’, inclusive, é de sua autoria). “Seu Jorge é o Serge Gainsbourg brasileiro”, compara Joey Altruda, citando o lendário cantor e compositor francês. LSM (foto: André Luiz Mello)

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