terça-feira, 19 de outubro de 2010

Manual das marchinhas

Uma das formas mais divertidas de se curtir o Carnaval é ao som das marchinhas. A música de andamento acelerado, melodia simples, repleta de picardia nas letras e que é a cara do espírito carioca pode fazer a alegria na folia ser ainda maior. O Concurso Nacional de Marchinhas entrou na avenida: está com inscrições abertas e quem levar a nota máxima fatura R$ 10 mil, além de ter a sua obra gravada em um CD.

As inscrições podem ser feitas na Fundição Progresso (Rua dos Arcos, 24, Lapa) — onde acontece a grande final, no dia 20 de fevereiro — ou pelo site http://www.concursodemarchinhas.com.br/, até o dia 29 deste mês. Os dez finalistas serão revelados em 23 de novembro.

Cair no gosto popular é privilégio de raros. Para rascunhar um ‘Manual das marchinhas’, com um punhado de dicas sobre como se fazer uma boa música, promovemos um encontro com quem entende do riscado: João Roberto Kelly, Homero Ferreira e João Cavalcanti, além de Eduardo Dussek — que não estava no Rio mas meteu o apito no debate por telefone —, mostram que não é preciso ser músico para colocar o bloco na rua e criar a sua marchinha. Basta ter uma ideia boa e original.

“Não existe fórmula de criação artística, mas podemos ajudar pela experiência de outros Carnavais”, abre alas João Roberto Kelly, autor de ‘Cabeleira do Zezé’ e ‘Bota a Camisinha’. “Para começar, a marchinha deve falar de algo fresco, um assunto de momento”.

Homero Ferreira, que fez a clássica ‘Me Dá Um Dinheiro Aí’ e ‘Milagre do Viagra’ — esta, vencedora do primeiro concurso, em 2006 —, acrescenta uma alegoria no enredo: “Ter humor, usando o duplo sentido, funciona bem”, ensina. Kelly devolve: “Tem que ter comunicação. Falar de tema acessível e até infantil. É importante a capacidade de síntese”, decreta.

Músico do grupo Casuarina, João Cavalcanti é um dos cinco jurados do torneio. “Já julgamos marchinhas boas, mas que tinham três estrofes. Não dá, é muito longa, o povo não decora”, avalia. “E não pode cair na armadilha de copiar uma melodia conhecida. Citações são bem-vindas, mas com critério”, alerta.

Intérprete e autor de marchinhas, Eduardo Dussek lembra que “a letra tem que ser um chiclete e grudar de primeira”: “E deve servir para paquerar. Ou então para zoar com a cara de alguém ou do sistema”, enumera.

Os quatro também sugerem que jovens compositores busquem novos caminhos para a marchinha. “Não é fácil, eu acertei muito, mas também errei bastante”, assume João Roberto Kelly. Dussek completa: “Quanto mais simples, mais difícil de fazer. Pensam que é só laiá-lá-lá... é muito mais que isso!”, conclui. LSM

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