Na verdade, nem todos do sexteto viram com bons olhos o destemido projeto da autora. “Qualquer um ficaria grilado quando alguém que você não conhece diz querer escrever sobre sua vida. Nós mesmos já pensamos em escrever a nossa biografia, mas com essa vida tão enlouquecida de compromissos, isso se tornou impossível. Sentimos firmeza no trabalho da Vanessa e aceitamos dar depoimentos para o livro. Só o Serginho (Herval, baterista) não curtiu”, ressalta Ricardo Feghali, tecladista do Roupa Nova. “Nós somos seis pessoas diferentes. Eu gosto de estar perto da galera, sou o cara que bate papo, tira foto em todos os lugares, mas ele não gosta disso. O Serginho prefere, e tem todo o direito a isso, manter sua privacidade, não gosta de ter a vida exposta, não gosta de estar em todos os lugares tirando fotos”.
Voto vencido (“Na banda, salvo em em situações como uma renovação de contrato, o que a maioria decidir os outros têm que acatar”, explica Feghali), Serginho não compareceu ao lançamento de ‘Tudo de Novo’, este mês em uma livraria na Barra da Tijuca. “Não entendo, eles sempre foram muito certinhos. O único que teve problemas com bebida foi o (vocalista) Paulinho, e curiosamente, foi o primeiro a abrir as portas de sua casa para mim”, detalha Vanessa.
Esse lado ‘certinho’ do Roupa Nova, que isolou o grupo das manchetes sensacionalistas, teve um efeito colateral: fez com eles colecionassem um punhado de críticas na imprensa — graças também a. Aliás, os embates deles com os jornalistas é histórico, e estão devidamente relatados na biografia. “Não usamos drogas, não somos pessoas enlouquecidas, daquelas que quebram tudo. Essas coisas que a imprensa acha que gera algum glamour a gente definitivamente não tem”, define o tecladista. “Mas essa relação está mudando, já assumem que temos valor, isso depois de 33 anos de carreira”.
Outras tretas que rolaram durante a trajetória do grupo também estão lá, incluindo um mal estar até hoje não resolvido com Gal Costa — a cantora, inclusive, não deu entrevista para o livro. “A música ‘Chuva de Prata’ foi feita por Ed Wilson e Ronaldo Bastos para entrar em um disco do Roupa Nova. Quando o (produtor) Mariozinho Rocha ouviu, falou era a cara da Gal e que precisava dessa música para popularizar ela no mercado. O Roupa Nova cedeu porque foi garantido que ‘Chuva de Prata’ não seria música de trabalho, mas como o disco dela não estava vendendo, tiveram que recorrer à música e foi um sucesso”, explica a autora, e Feghali competa: “O Mariozinho também disse que sempre que alguém perguntasse, a Gal diria que era uma música originalmente do Roupa Nova. Só que ela foi no programa do Chacrinha e, mesmo quando ele a perguntou sobre a história da canção, ela sequer citou a gente. Nunca mais falamos disso, deixamos para trás”, lamenta ele.
A história da banda não acaba em ‘Tudo de Novo’. O Roupa Nova já tem novos capítulos em sua trajetória. “No ano que vem vamos lançar um filme, vai se chamar ‘Todo Amor do Mundo’. Será um documentário contando nossa história com diversas participações especiais”, antecipa Feghali.
O Roupa Nova acaba de liberar a caixa ‘Roupa Nova Music’, com Roupa Nova — Nossa História’, com cinco DVDs e um EP trazendo seis músicas inéditas. Atenção: não confundir com a caixa de quatro CDs ‘Roupa Nova — Nossa História’, que a Sony, antiga gravadora deles antes de se tornarem independentes, lançou também este ano. “Isso foi o que chamo de vampirismo da gravadora. Sempre que a gente vai lançar alguma coisa, eles lançam uma coisa parecida para competir e confundir as pessoas”, reclama Feghali, sobre este lançamento que, ao que parece, não seria autorizado pela banda. LSM
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