domingo, 11 de setembro de 2011

Tempero verde e amarelo no som dos pimentas vermelhas

Integrado ao Red Hot Chili Peppers, o percussionista catarinense Mauro Refosco conta que eles curtem Tim Maia e a música brasileira

Os milhares de fãs que lotaram salas de cinema por todo o Brasil — e ao redor do mundo — no último dia 30 para conferir o show de lançamento do novo CD do Red Hot Chili Peppers notaram um tempero brazuca na mistura de rap e rock dos caras. Na apresentação, transmitida via-satélite direto da Alemanha, o quarteto norte-americano aparece escudado por um percussionista, o catarinense Mauro Refosco, que vem colocando tintas verde e amarela no som dos pimentas vermelhas.

“Ainda não troquei muitas figurinhas musicais com eles, porque está uma correria danada com o lançamento do disco. Agora estamos no meio da turnê na Europa. Mas eles conhecem a nossa música. Outro dia, fui na casa do (baixista) Flea e ele estava escutando um CD do Tim Maia, e falou que também conhece Jorge Ben e Gilberto Gil”, conta Refosco.

Radicado em Nova York desde 1992, ele já colocou seus tambores a serviço de estrelas como Thom Yorke (Radiohead) e David Byrne (Talking Heads), além de ter gravado em ‘I’m With You’, novo álbum do Chili Peppers.

“Eles estão abertos para colocar um pouco mais de ritmo, com a percussão, porque pulsante o som deles já é. Acho que que me convidaram por isso. Quando Flea perguntou se eu queria gravar com eles, eu refleti... por meio segundo! E disse sim”, recorda.

Mauro Refosco vem batucar por aqui com seus novos amigos gringos no dia 21, em São Paulo, e no Rock in Rio, no dia 24. “A banda está supercontente de voltar ao Brasil, e eu vou ter amigos e família na plateia, além de tocar para uma plateia de brasileiros, o que, com certeza, vai ser muito emocionante”, vibra o nosso percussionista.

Hoje, Refosco está integradão ao dia a dia do Red Hot Chili Peppers. Mas, acreditem, o moço pouco sabia da carreira deles. “Só conhecia de escutar no rádio ou ver vídeos na TV, mas não tinha me aprofundado até ser chamado. Consegui a discografia e entendi porque a banda é tão respeitada. Acabei virando fã”, derrete-se.


(Refosco, entre Anthony Kiedis, Flea e Chad Smith. Foto: ClaraBalzary)

Por falar em fã, como é o assédio no camarim? A mulherada fica doida por vocês? “Rola um esquema de segurança forte. Tem uma área reservada aos convidados da banda e da equipe, que geralmente fazem uma social depois dos shows. Mas o assédio fora sempre rola, normal. Quando o Chad (Smith, baterista) chega a um hotel ou a um lugar que tem muita gente esperando pelo grupo, ele grita: ‘Olha o Flea ali gente!’. Daí todo mundo vai em cima do Flea, e ele sai de fininho”, revela Refosco.

CONEXÃO ÁFRICA-BRASIL
Os integrantes do Red Hot Chili Peppers se derretem pelo talento do músico brasileiro. Pelo Twitter, Flea disparou: “the great brazilian percussionist @mrefosco rocks like mad all over the new red hot chili peppers record ‘I’m with you’. Yeeeeeah mauro” (“o grande percussionista brasileiro ‘roqueia’ como um maluco em todo o novo disco do Red Hot Chili Peppers, ‘I’m With You’. Yeeeeeah mauro”). O vocalista Anthony Kiedis também é só elogios: “Nesse CD, ele é o quinto integrante da banda”. E o novo guitarrista Josh Klinghoffer atesta: “A batida dele é incrível”.

Refosco devolve: “Eles são muito relax e engraçados mesmo, como dá para imaginar. Hoje, com exceção do Josh, são todos pais de família, e em alguns shows rola de os filhos aparecem, então fica um astral bem família”, descreve.

Desde o convite para gravar e tocar com o grupo, é com o baixista que o brasileiro mais se aproximou. “O convite surgiu a partir do Flea porque a gente tocou junto no Atoms For Peace, uma banda que o Thom Yorke, do Radiohead, formou para tocar as musicas do disco solo dele, chamado ‘The Eraser’. A partir daí, tivemos uma empatia musical e pessoal muito grande, e nós fazemos aniversário no mesmo dia (16 de outubro)”, conta.

Tudo bem, os quatro chili peppers são superantenados e já conheciam a música brasileira bem antes de Mauro Refosco integrar o conjunto. Porém, é inegável que faixas do novo disco, como ‘Dance, Dance, Dance’ e ‘Did I Let You Know’, têm elementos de ritmos tipicamente nacionais, do forró à guitarrada (gênero musical paraense).

“É verdade, tem uma onda meio guitarrada mesmo. Mas essa influência, acho que vem da música africana. O Josh e o Flea estiveram na África no ano passado. E o Brasil é um pais superafricano. Então, está tudo no mesmo caldeirão”, define. LSM

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