quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Um jovem senhor de 69 anos

Mesmo beirando os 70 anos (faz aniversário dia 1º de agosto), 37 deles dedicados a uma carreira sempre produtiva e relevante, Ney Matogrosso parece cada vez mais jovem. É com energia e entusiasmo típicos de um garotão que o intérprete lança um novo CD e DVD, ‘Beijo Bandido’, registro da apresentação no Theatro Municipal do Rio em agosto do ano passado.

“Não pretendo parar tão cedo. Vou continuar lançando discos, com capas atraentes e bonitas, como gosto de fazer. Esse é o meu prazer”, decreta Ney. “Hoje, depois desse longo tempo de vida e de carreira, não me vejo como exemplo para ninguém, para nenhum artista que esteja começando, nada disso. Apenas segui o meu caminho, tentando constantemente oferecer trabalhos interessantes. Fico surpreso que, em um país de mentalidade tão descartável, eu ainda esteja aí há tantos anos”, analisa.

Se depender de disposição para produzir, Ney Matogrosso ainda vai mostrar seu trabalho por muito tempo. Nem a crise da indústria fonográfica intimida sua fome de microfone. “Vejo essas mudanças, mas ainda não vi saída. Só quando ficar claro que lançar discos não é mais o caminho é que vou começar a pensar na vida”, pondera o cantor.

Tomara que Ney não pendure as cordas vocais tão cedo. Dono de inconfundível timbre de tenor, ele mesmo assume que o Brasil está carente de grandes vozes masculinas, daquelas definidas como belas do ponto de vista acadêmico.

“Historicamente, já fomos muito fortes, mas bons cantores hoje são coisa rara. Já mulheres, tem muitas. É interessante observar que de 10 em 10 anos aparece uma leva de cantoras, mas de homens é mais raro, não tem esses picos”, observa.

Se por um lado os cantores estão escassos, compositores interessantes não faltam, garante Ney Matogrosso. Frequentemente abordado Brasil afora por candidatos a desfrutar do privilégio de ter uma música registrada na sua interpretação, ele conta que busca muita matéria-prima nessas ocasiões. “Gosto de descobrir e gravar músicas de pessoas desconhecidas, que me despertam a atenção com trabalhos interessantes. Acabei de ouvir o disco de um novo grupo, Tono (banda do Bem Gil, filho de Gilberto Gil) e até incluí neste novo show uma música deles, chamada ‘Não Consigo’, que adorei”, destaca.

Mal deu à luz o novo CD e DVD, Ney já anuncia que prepara um próximo. “Vou reunir músicas de Jards Macalé, Itamar Assumpção e Luiz Capucho, artistas injustamente rotulados como malditos, misturando com Tono e um rapaz de Maceió muito interessante, Vitor Pirralho. Vai ser curioso juntar esses veteranos com gente bem mais novinha para ver o que dá”, antecipa. LSM (foto Fernando Souza)

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