segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O criador do hino do Rock In Rio

Quem canta a plenos pulmões o entusiástico refrão “Que a vida começasse agora...” desde seu lançamento, no Rock in Rio de 1985, até hoje — embalado pela nova versão com diversos artistas — pode até imaginar que se trata de uma canção de domínio público, tanto que melodia e letra estão impressas em nosso inconsciente. O mesmo vale para o tema que imortalizou as vitórias de Ayrton Senna na Fórmula 1. Mas as duas músicas emblemáticas têm dono, sim. É um cara meio misterioso e que prefere evitar os holofotes.

“Os artistas gostam de se apresentar em público, já eu morro de vergonha. Me sinto mais à vontade em estúdio”, revela o maestro, arranjador e instrumentista Eduardo Souto Neto, autor de ‘Rock In Rio’ (com letra de Nelson Wellington) e ‘Tema da Vitória’.

Relaxado no estúdio onde trabalha compondo jingles, em uma cobertura em Copacabana, Souto Neto avalia a nova gravação, que anuncia a próxima edição do festival no Rio, daqui a exatamente um ano. Sob sua direção musical, Evandro Mesquita, Frejat, Sandra de Sá, Ivete Sangalo, Toni Garrido, Ed Motta e Pitty, entre diversos outros, soltaram a voz para cantar “ô ô ô ô, Rock In Rio”.

“Me emocionou e surpreendeu. Pena que, por problemas de agenda, não deu para o Samuel Rosa e a Maria Gadú participarem. O (Rogério) Flausino, do Jota Quest, falou que esperou 25 anos para gravar essa música”, recorda.

Todos os envolvidos na releitura demonstram tal reverência. “Canto isso desde moleque. Se não soubesse cantar essa, não saberia mais nenhuma”, brinca Marcelo D2. Dinho Ouro-Preto, do Capital Inicial, faz coro: “A música é trilha de muitas aventuras, de casais que se conheceram, que terminaram. As pessoas lembram onde estavam quando a escutaram pela primeira vez”.

O professor de idiomas Nelson Wellington garante que vislumbrou algo grandioso logo que recebeu a missão de traduzir a ideia do festival em letra. “Na hora senti uma vibração especial. Nesta nova versão, reunindo várias gerações, ficou tipo ‘We Are The World’, do Michael Jackson”, exagera.

Na versão original, o crédito do intérprete é de Eduardo Souto Neto, mas a canção foi gravada também por integrantes do Roupa Nova. “E quem cantou foi um cara de quem nunca mais ouvi falar, que se intitulava Verme”, entrega.

Filho e neto de músicos, o maestro gosta de dizer que nasceu embaixo do piano. Seguro ao escolher seus bemóis e sustenidos, ele só balança na hora de apontar qual é a mais marcante entre suas duas maiores criações: “São músicas que não perderam a validade”. LSM

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