terça-feira, 1 de abril de 2014

Lá vem o Moraes Moreira

Ao contrário do regime militar imposto aos brasileiros há 50 anos, todos sentem saudades do Novos Baianos, grupo que Moraes Moreira formou no anos 70 com Baby do Brasil (que ainda era Consuelo), Pepeu Gomes e Paulinho Boca de Cantor e marcou a história com clássicos como ‘Preta Pretinha’ e ‘A Menina Dança’. Porém, para Moraes, a existência de um depende do outro.

“Éramos hippies à brasileira, e essa ideia radical de viver juntos em um sítio era nossa resposta àquele momento de ditadura. Muita gente me procura falando sobre uma volta do Novos Baianos, mas nunca seria a mesma coisa. Só se voltasse a ditadura no Brasil”, relativiza o cantor e compositor.


Moraes deixa o grupo em 1974, há 40 anos (“Já com filhos para criar, quis sair do sítio, achei que poderia ter uma abertura, mas não aceitaram, embora ali não fosse exatamente uma ditadura”, relata), e lança no ano seguinte o primeiro disco solo, chamado apenas ‘Moraes Moreira’. Até agora inédito em CD, ele acaba de ganhar o formato digital embalado na caixa ‘Anos 70’ junto de seus três lançamentos solo seguintes, ‘Cara e Coração’ (1977), ‘Alto Falante’ (1978, este também estreando só agora em CD) e ‘Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira’ (1979).

“Inicialmente, farei essas apresentações com esse repertório apenas no formato voz e violão, mas depois vou para a estrada acompanhado por uma banda”, promete.

Estão nesses álbuns iniciais clássicos como ‘Guitarra Baiana’ (da trilha da novela ‘Gabriela’, em 1975), ‘Pombo Correio’ e ‘Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira’. Na parte instrumental, Moraes leva para seu universo particular o amigo Pepeu Gomes e outros músicos que já transitavam na comunidade dos baianos: Armandinho, Dadi, Mu e Gustavo Schroeder, que logo seriam oficializados como a banda A Cor do Som.

“Eles eram uns meninos, quando os chamei para tocar”, recorda.

DESCENDO A LADEIRA
Na época da ditadura, Moraes Moreira não poderia disparar críticas contra o que considerava errado no País. Agora, o cantor aproveita e abre o verbo, pegando carona no título de um de seus sucessos: “O Brasil, no momento, está descendo ladeira abaixo. Não está pronto para fazer Copa do Mundo, tem que dar um jeito na educação e na saúde antes disso”, decreta.

O cantor tem ainda mais uma reclamação, mas esta não passa pela crítica social. Na edição do ano passado do Rock in Rio, a apresentação que fez ao lado de Pepeu e Roberta Sá assustou muitos fãs por conta da sua voz, que parecia diferente, rouca. “Tive muitos problemas de som naquela ocasião. Estava me ouvindo mal pacas, não dava para cantar bem assim”, justifica. “Mas o clima bom que rolou no show superou isso.”

Clima melhor ainda ele promete para seu próximo lançamento: um CD em parceria com o filho, o guitarrista Davi Moraes. “Fomos contemplados por um edital da Petrobras. Estamos em estúdio gravando, vai ter diversas parcerias inéditas nossas. O nome, por enquanto, será ‘Pai e Filho’. Deve sair ainda no primeiro semestre”, anuncia. LSM (foto João Laet)

Nenhum comentário:

Postar um comentário