sábado, 27 de novembro de 2010

A mágica viagem de Izzy Gordon

Em 1967, a fã brasileira Lizzie Bravo dividiu o microfone com John Lennon, na música ‘Across The Universe’. Esta semana, mais uma privilegiada soltou a voz ao lado de um beatle. A paulista Izzy Gordon se apresentou na festa particular que Paul McCartney fez para sua namorada, Nancy, no hotel Grand Hyatt, onde se hospedou durante as apresentações em São Paulo.

“Foi um sonho. Quando soube que ele estava na cidade, pensei, sem pretensão: ‘Puxa, já cantei para o Bono (Vox, do U2), bem que podia cantar para o Paul’. Não sei se os anjos me atenderam, mas logo depois ligaram dizendo que fui escolhida novamente para mostrar a música brasileira a um estrangeiro muito famoso”, relata Izzy, lembrando a ocasião, em 2006, quando foi a estrela de uma festa no mesmo local durante a passagem do U2 pelo País.

Ao contrário daquela vez, em que registrou o encontro com Bono, a produção de McCartney vetou a entrada de máquinas fotográficas e até celulares. No entanto, a cantora, que é sobrinha de Dolores Duran, não perdeu a oportunidade de dar ao astro inglês seu recém-lançado CD, ‘O Que Eu Tenho Pra Dizer’.

“Ele parecia um amigo. Subiu no palco, tocou tamborim, pegou o microfone e brincou no refrão de ‘É Com Esse Que Eu Vou’ (samba que foi sucesso com Elis Regina), num jogo de pergunta e resposta comigo”, descreve.

Para ela, o sonho não acabou. Depois de Bono e Paul McCartney, Izzy já vislumbra estar ao lado de outra estrela internacional. “Gostaria de cantar com a Erykah Badu. Quem sabe, assim como aconteceu com o Paul, este desejo também se realiza?”, imagina. LSM

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Beatlemania invade o mercado

Os 70 anos de John Lennon e os shows de Paul McCartney no Brasil turbinam o lançamento de CDs e livros

As atenções no Brasil estão voltadas para os shows de Paul McCartney, mas seu antigo parceiro também promete ir para o centro dos holofotes. John Lennon, que completaria 70 anos em 2010, acaba de ter sua discografia solo remasterizada com o mesmo trato que a obra dos Beatles ganhou ano passado. A viúva Yoko Ono acompanhou tudo de perto.

“Nunca gostei da maneira como as músicas eram mixadas nos anos 70, com a voz escondida, enterrada”, define Yoko, no novo encarte do CD ‘Double Fantasy’, último álbum lançado com Lennon ainda vivo.

Este título é o que mais promete surpreender entre os relançamentos. Yoko Ono e Jack Douglas, coprodutor do disco original, colocaram as guitarras e a voz de Lennon mais altas e deletaram boa parte dos vocais de apoio e teclados que datavam o som do álbum. O resultado é ‘Stripped Down’, CD que acompanha a nova edição do ‘Double Fantasy’ (R$ 54). “Mesmo para quem conhece bem o disco, a experiência é como escutá-lo pela primeira vez”, garante Yoko.

Produtor cultural e grande fã dos Beatles, Marcelo Fróes exulta a qualidade deste álbum. “Com canções lindas, ‘Double Fantasy’ é insuperável, e esta versão ‘Stripped Down’ ficou bem interessante”, avalia. “Aguardemos a remasterização da obra de Paul McCartney, que começa com o ‘Band On The Run’, em 2010”.

Supervisionada pelo próprio McCartney, esta reedição sai este mês em CD duplo com novas fotos e um DVD incluindo cenas de bastidores. Outra referência no Brasil quando o assunto é Beatles, Lizzie Bravo, que gravou vocais com o grupo na música ‘Across The Universe’, festeja o tratamento pelo qual a obra dos ídolos vem passando. “Especialmente na faixa que participei, minha voz ficou bem mais evidente. Só que ouvir o Lennon com este som melhorado dá um sentimento estranho, porque parece que o cara está na minha sala, e sabemos que ele não está mais entre nós”, suspira.

Os títulos estão disponíveis separados (R$ 34,90) ou reunidos na caixa ‘Signature Box’ (R$ 1.000), com textos de Yoko Ono e dos filhos Sean e Julian, além de um disquinho extra com gravações caseiras. “Este material, que colecionadores já conheciam, veio com som igualmente cristalino, mas mantendo a cara dos anos 70”, ressalta Ricardo Pugialli, pesquisador e autor do livro ‘Beatlemania’.

Entre os novos lançamentos, destaque ainda para a coletânea ‘Power To The People’ (R$ 59), com um DVD e um cartão interativo que dá acesso a mais conteúdo no site http://www.johnlennon.com/.

PARA SABER MAIS
Pegando carona nas apresentações de Paul McCartney no Brasil, foi lançado o DVD ‘Live In Canada’ (R$ 16,50), com show dele celebrando os 400 anos da cidade de Quebec, em 2008. Já as clássicas coletâneas ‘Azul’ e ‘Vermelha’ dos Beatles voltam reembaladas e remasterizadas (R$ 59).

Para ler sobre o grupo, acabam de sair os livros ‘The Beatles — Gravações Comentadas e Discografia Completa’ (R$ 59,90), belo documento sobre a história de cada álbum, e ‘Can’t Buy Me Love — Os Beatles, a Grã Bretanha e os Estados Unidos’ (R$ 99), que entrelaça biografia com a história cultural dos anos 60.

Já no mercado, mas também afetados pelo ‘efeito Paul’, e por isso em destaque neste período, os definitivos ‘Many Years From Now’ (R$ 49,50), autobiografia de McCartney, e ‘The Beatles — A Biografia’ (R$ 111), de Bob Spitz. “Este é o livro sobre eles que mais vende”, conta Janice Florido, publisher da editora Larousse, sobre a ‘Bíblia dos Beatles’ de Spitz. LSM

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Maria Bethânia se queixa do mano Caetano

Diva homenageia a mãe em CD e reclama do irmão: ‘Ele não compõe mais pra mim’

Que vontade de produzir tem Maria Bethânia. Num tempo em que as lojas, em diversos mercados do mundo, já não estão mais vendendo CDs, ela lança dois discos, ‘Tua’ e ‘Encanteria’, em 2009, e sai em turnê que vira CD e DVD, um ano depois. “Gosto mesmo de gravar e me apresentar ao vivo. Isso de virar um disco, eu nem ligo mais. Sei que disco é algo que já não existe. DVD é um pouco melhor: talvez venda uns 12 exemplares”, brinca Bethânia, sobre ‘Amor Festa Devoção’ (Biscoito Fino), dedicado à sua mãe, Dona Canô.

O novo lançamento, com 18 músicas dos discos do ano passado, traz pouca novidade além de confirmar que a intérprete continua cantando muito. Tudo bem: Bethânia já produziu o suficiente para alcançar, faz tempo, um estágio no qual não precisa mais lançar nada que surpreenda ou necessite aprovação. “Nem vou fazer show de lançamento no Rio e São Paulo. Fiz, agora, uma apresentação em Buenos Aires. O Caetano (Veloso) foi lá me ver, contou que tocou na Islândia e que foi demais. Fiquei com muita vontade de cantar lá também”, relata.

No novo CD, Bethânia registrou um punhado de músicas do irmão, um dos compositores que mais gravou durante a carreira. Porém, deixa escapar uma reclamação: “Ele não faz mais músicas para mim”, lamenta.

Será que a queixa tem relação com o fato de Caetano ter composto cerca de uma dezena de músicas para o novo álbum de Gal Costa, previsto para 2011, além de assinar a produção com o filho Moreno Veloso? Espera-se que a ‘concorrente’ venha com tintas tropicalistas e roqueiras, como a da Banda Cê, de Caetano. Mas Bethânia deixa no ar que também é aberta para algo direrente: “Posso cantar até um heavy metal, se for do bom!”. LSM

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

"É mais fácil conseguir entrevistar Jesus Cristo que o Chico Buarque"

Sempre que pensei conseguir uma declaração do Chico Buarque para abrilhantar alguma matéria, seja sobre música, política ou futebol, me diziam: "Acho mais fácil você conseguir uma declaração de Jesus Cristo que do Chico Buarque". Daí, nem me animava em começar a tentar contactar o artista. Quando o editor do plantão das eleições me deu tal missão, pedindo que fosse tentar abordá-lo no momento do voto alegando que este era um dos principais personagens da campanha no segundo turno, eu de pronto devolvi: "Não acha mais fácil me mandar tentar entrevistar Jesus Cristo, não?". Mas, como nessas situações não dá para argumentar muito em cima da missão dada, saí da redação com o objetivo de voltar com ela cumprida.

Exatamente às 14h28 deste domingo, Chico Buarque atravessou a rua com seu passo tímido e chegou a pé no antigo Colégio Bahiense, atual campus da PUC, na Estrada da Gávea. Junto do fotógrafo André Luiz Mello, o papo começou pelo encontro com a Dilma, e sobre o impacto que seu engajamento no ato público pode ter causado sobre os fãs-eleitores. "Não tenho essa pretensão, de persuadir alguém com a declaração do meu voto ou com minha presença ao lado de ninguém", descartou o cantor e compositor, caminhando em direção à sessão 21, na 211ª Zona Eleitoral.

Depois do voto, entre autógrafos e fotos com admiradores, o artista assumiu que não está 100% satisfeito com a situação do País "Nem a Dilma está. Tem muita coisa ainda para melhorar", opinou. "Mas o caminho que eu topo é esse, que o Lula está traçando, e que espero que a Dilma continue".

Para o músico, amanhã há de ser outro dia, melhor que o de hoje. LSM