Quando Vivi Seixas embala um discurso geração-saúde, contando que acorda cedo, gosta de praticar esportes, já foi remadora e hoje luta boxe, quase não dá para acreditar que ela é filha de Raul Seixas (1945-1989), o roqueiro maluco beleza que ganhou fama de doidão.
“Acham que sou muito louca, mas não é nada disso”, descarta ela. “Até já tive minha fase doida, mas hoje eu malho pra caramba. Não consigo trabalhar virada, por exemplo”.
Vivi é DJ e, ainda mais surpreendente, não toca rock, como o pai: se dedica à música eletrônica e acaba de lançar o CD ‘Geração da Luz’, no qual coloca batidas de pista em pérolas do Raul, como ‘Metamorfose Ambulante’ e ‘Mosca Na Sopa’. “Muitos fãs dele estão elogiando, mas outros reclamam, porque eu não toco rock. Me ofendem, chamam de oportunista”, desabafa.
Apesar das diferenças, a língua afiada de Vivi Seixas parece ser a mesma do pai. “Tenho raiva do Jesus Luz. Ele tinha tudo para dar certo, mas primeiro tem que aprender a tocar. Eu sou DJ mesmo, toco com vinil”, dispara.
Ela também reclama de coisas que não curtiu no filme ‘Raul — O Início, o Fim e o Meio’, de Walter Carvalho. “Ele entrevistou muita gente nada a ver, como o Pedro Bial, e senti falta de pessoas importantes, como o Jerry Adriani. E rolou muita fofoquinha das ex-mulheres, como se ele fosse um garanhão, coisa que ele não era”, garante Vivi, ressaltando ainda outros pontos que considera serem impressões equivocadas sobre Raul Seixas. “Ele e o Paulo Coelho nunca foram amigos, eles eram apenas parceiros. E meu pai detestava maconha”.
Mas ela não tem apenas críticas ao longa. “Tem muitas imagens inéditas ali que eu nunca tinha visto antes. O melhor do filme, para mim, foi ter proporcionado a aproximação com a minha irmã Simone, filha da primeira mulher do meu pai, Edith Wisner”, comemora.
Vivi, 31 anos, é filha de Kika Seixas e a caçula de Raul. A relação com a outra irmã, Scarlet, filha de Gloria Vaquer, não é bem resolvida até hoje, o que embaça muitos projetos envolvendo o patriarca. São três filhas e três mães para se entenderem. “Esse meu CD já está pronto há quatro anos e foi vetado pela Scarlet. A Gloria fez a cabeça dela. Depois, acabaram liberando”, conta.
Olhando para o passado, Vivi reúne lembranças carinhosas da infância com Raul Seixas. “A gente caçava formigas com pinça. Ele era muito divertido: criou um personagem chamado Capitão Garfo, que escondia minhas bonecas no congelador. Quando minha mãe acordava, tinha várias bonecas congeladas na geladeira”, recorda. LSM (Foto Nathan Thrall)
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