terça-feira, 9 de março de 2010

Corinne Bailey Rae versão 2.0, turbinada

De vez em vez uma cantora - ou a tendência seguida por ela - dita um padrão e logo uma geração de semelhantes, eventualmente até com certa originalidade, começa a pipocar. Que nem aqui no Brasil o efeito Marisa Monte e Fernanda Abreu. Lá fora - de onde até hoje ainda surgem crias da 'geração Madonna' (vide as tantas Britney Spears) - ainda têm vez as Winehouses. Porém, se não se dissipar no oceano de cantoras com "pegada" semelhante, os holofotes vão revelar uma artista mais interessante até que badaladas como Joss Stone. Corinne Bailey Rae chega mais soul, funk (o americano, não o carioca), blues e um bocado 'o mais puro rock and roll rollingstoneano' em 'The sea', quatro anos depois de emplacar, ainda que discretamente aqui no Brasil, a pop corretinha 'Put your records on'.

Maturidade? Corinne chega aos 30 anos, mas a morte prematura do marido - o saxofonista Jason Rae - pode ser o determinante. Pilotando voz, guitarra e composições, a inglesa soma à base das 11 faixas do novo lançamento, segundo da carreira, pouco mais que bateria (mixada na cara, com o bumbo acima dos outros instrumentos) e baixo, além de um discreto hammond aqui e ali. O quase minimalismo instrumental, no entanto, não a limita para tirar um belo punhado de cartas da manga.

Redundante, a esta altura do texto, repetir que Corinne Bailey Rae cresceu artisticamente, mas vale imprimir que o que era meio 'música de mulherzinha', apesar de legal e desde antes ter um pé no blues e no rock, agora pisa firme com os dois pés nestes gêneros. Entre o primeiro e o segundo álbum, como que anunciando a guitarrada que viria, ela até Led Zeppelin cantou. Bom... o Babado Novo também gravou Led Zeppelin, mas, seguindo a boa tradição roqueira dos ingleses, sempre craques em reciclar o melhor da música americana, as pauleiras e baladas (sim, há umas três delas no disco) de 'The sea' o torna um belo lançamento.

Os que curtiram suas canções docinhas e de bem com a vida, entre o soft rock e o soul, não estranhem a comparação com Amy. 'Rehab' não tinha muito a ver com Corinne, mas a moça já dista daquela imagem inicial. No visual também. A voz continua a mesma, mas os cabelos... assim como o som, estão mais black power. LSM

* Crítica publicada originalmente no site Laboratório Pop (www.laboratoriopop.com.br/criticas)

Um comentário:

  1. Essa garota é boa.
    Lembro quando lançou a baladinha pop, assim, meio chinfrinzinha - mas se percebia ali alguma coisa realmente legal.

    Li algo sobre ela na época. Quando criança tocava violino, mas o abandonou quando conheceu a banda Led Zeppelin - que ela ama até hoje. (só não entendi o porque do largar violino)

    Ela sempre cita o Led Zeppelin em suas falas...
    Que bom que cresceu musicalmente - eu não acompanhei. Mas, pelo que diz, parece que o que parecia "realmente bom" agora se concretizou.

    Vou ouvir!

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