Arlindo Cruz pilota roda de samba com feijoada e dá a sua receita
O trânsito do Centro para a Barra da Tijuca é lento, e me atraso para almoçar uma feijoada com Arlindo Cruz em sua casa. “Não aguentei esperar, já comi três pratos antes de você chegar, mas senta aí que eu encaro mais um”, garante o sambista.
Ele, que está em cartaz todo domingo de janeiro no Zozô, na Urca, comandando uma das rodas de samba com feijoada da cidade, dessas que deixam foliões com água na boca, havia prometido — e cumpriu — servir o prato tipicamente brasileiro e dar suas dicas sobre o assunto. “A minha cozinheira, Suely, não me deixa meter a mão na panela, mas eu coordeno tudo muito bem, sou bom de temperos”, gaba-se. “Ela é uma artista, e é a responsável pelos meus quilos a mais”, entrega.
Enquanto a cozinheira Suely Rita de Souza prepara a feijoada, Arlindo fica em cima, de olho. “Ele é muito simples, mas gosta de uma comida bem temperada”, conta ela. Arlindo se derrete: “A Suely adora artista, quando vem um aqui em casa o Facebook dela bomba! Ela é quase uma atriz, ainda vai posar para a ‘Playboy’”, diverte-se.
E, afinal, o que não pode faltar em uma boa feijoada, Arlindo? “Sem dúvida, um bom samba. É indispensável!”, responde de bate-pronto. “Acho que a boa combinação deve-se ao fato de a origem do ritmo e do prato serem coisas de negão, da senzala. Tudo remete à nossa negritude. Já imaginou uma feijoada ao som de música clássica?”, brinca.
O feijão acompanha Arlindo Cruz desde o início da carreira. “Quando comecei a tocar, eu devorava o feijão da Dona Vicentina, da Portela. Comia uns quatro pratos cheios”, recorda ele, que escreveu também um punhado de sambas falando do assunto. “Fiz ‘Feijoada Com Sushi’ para um grupo japonês de samba, o Balança Mas Não Cai, que é tipo um Fundo de Quintal de lá. Também compus ‘O Feijão da Dona Neném’, esta com Zeca Pagodinho. E, no próximo dia 20, vou cantar no programa ‘Esquenta!’, na televisão, ‘Feijoada Completa’, do Chico Buarque”, anuncia.
Hoje, Arlindo desfruta do privilégio de ter a Suely para preparar suas iguarias preferidas. Mas nem sempre foi assim. “Quando era solteiro e morava sozinho, eu tinha que me virar, mas nunca gostei de Miojo. Macarrão é macarrão!”, decreta. LSM (fotos João Laet)
Confira o que não pode faltar na feijoada dessa dupla:
* Feijão preto
(claro, mas “colocar louro no feijão é o grande barato”, ensina Arlindo. “Se você comer apenas o feijão e o louro, já fica uma delícia. Além do alecrim, que sempre cai bem”)
* Carne-seca
* Linguiça fina
(“Não pode faltar nunca, e não pode ser muito salgada”, ressalta ele
* Paio, lombo, pé, costela, orelha, rabo e toucinho de porco
* Cebola
* Alho
(“Muito alho!”, destaca
o sambista)
* Acompanhamentos: Farofa incrementada, couve à mineira e laranja.
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