Coautor de sucessos dos anos 80 como ‘Menina Veneno’ e ‘Vida Bandida’, poeta e escritor Bernardo Vilhena lança livro que analisa a mulherada cheia de atitude na noite carioca
Em 1983, o poeta e escritor Bernardo Vilhena fez todo mundo cantar as aventuras de sua ‘Menina Veneno’, sucesso que escreveu com o cantor Ritchie. Quase 30 anos depois, ele percebe que as meninas mudaram e estão cheias de atitude. A evolução dessa mudança é relatada nas 183 páginas de seu novo livro, ‘Bar Bukowski — Histórias Que Não Deveriam Ser Contadas’ (R$ 30), através de casos vividos no badalado boteco da rua Álvaro Ramos, em Botafogo, que completa 15 anos.
“Hoje, as mulheres têm uma atitude mais liberta. Elas se tornaram predadoras confessas e não há muito espaço para o ciúme na noite carioca, onde o sexo e a bebida rolam sem o menor sinal de culpa”, observa Vilhena.
Na obra, ele revela tipos femininos marcantes, como as três mulheres de vermelho que nunca foram juntas ao bar, mas que abalavam a estrutura de seus frequentadores, ou as mulheres que insinuavam estarem juntas para alavancar as paqueras masculinas: as meninas veneno do século 21. É, Bernardo Vilhena não consegue escapar de seu maior sucesso.
“Na época, eu não aguentava mais ouvir a música, de tanto que tocava, em tudo quanto é lugar. Fugi para a Amazônia e lá, atracando com um barquinho em uma beira de rio, de um radinho daqueles da Zona Franca de Manaus, adivinha o que estava tocando? ‘Menina Veneno’, claro!”, diverte-se. “Mas adoro a música, é como uma carteira de identidade minha”.
Esta, no entanto, não é a sua única canção conhecida de cabo a rabo por uma geração. “Sonhei a letra de ‘Vida Louca Vida’, e no sonho quem cantava era o Cazuza. Depois que o Lobão lançou a música, encontrei o Cazuza, que me falou que iria gravá-la também. Foi surreal, porque eu não tinha contado a ele sobre o surgimento da letra”, recorda.
A parceria com Lobão gerou ainda vários outros sucessos, como ‘Vida Bandida’, ‘Revanche’, ‘Chorando No Campo’ e ‘Corações Psicodélicos’. Vilhena, porém, rompeu com o polêmico roqueiro ainda nos anos 80. “Eu era seu produtor e diretor de shows. Quando ele, já com problemas com drogas, abandonou um especial de televisão no meio da gravação, eu decidi que não dava mais”, conta.
Lobão, por sua vez, diz que Vilhena provocou uma briga com sua irmã, Glória, com quem não reatou mais o contato. “Isso é mentira dele. O Lobão odeia as pessoas que amou um dia. Quando ele fizer um show sem cantar nenhuma música minha, ele pode vir falar comigo”, dispara ele, que diz não ter lido a autobiografia do cantor. “Não há hipótese de eu querer saber de parte da minha vida contada de forma distorcida. Mas eu sou amigo do Lobão. A gente só não se fala mais”. LSM (foto Maíra Coelho)
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