segunda-feira, 14 de março de 2011

O Rei dá samba

O nosso amigo Roberto Carlos vive dias de êxito. A mais recente glória do ídolo número um da música brasileira, porém, não vem do rock, que abriu alas em sua carreira; nem da suingada música negra norte-americana, para onde evoluiu sua obra anos depois; e tampouco foi conquistada pelas harmonias das baladas românticas, marca de sua produção nas últimas décadas. É no embalo dos surdos e tamborins do samba da Beija-Flor que o Rei vivencia “uma das maiores emoções da vida”. Esse flerte de Roberto Carlos com o gênero, registre-se, data de outros Carnavais. “Adoro o samba!”, decreta o cantor e compositor. “Ouço em casa, tenho discos. Na verdade, sou daqueles que gostam de todo tipo de música”, completa.

Roberto, desde a estreia em disco no finalzinho dos anos 50, passeia por diversos estilos. A tabelinha com o samba vem do primeiro lançamento, no qual imita a bossa nova de João Gilberto na parceria com Carlos Imperial, ‘João e Maria’. Mesmo quando ainda ensaiava o rock da Jovem Guarda, no álbum de 1963, a bossa continua insistindo, em ‘É Preciso Ser Assim’, das primeiras parcerias com Erasmo Carlos. “Samba não é a minha praia principal, mas de vez em quando aparece um e eu canto com prazer”, assume.

UM SAMBA EM 67
No documentário ‘Uma Noite Em 67’, que estreou nos cinemas ano passado, Roberto Carlos aparece no festival de música daquele ano defendendo o samba ‘Maria, Carnaval e Cinzas’, de Luiz Carlos Paraná. No entanto, ao contrário do título conquistado com a Beija-Flor este ano, em 1967 o samba não lhe rendeu os louros da vitória (também não lhe renderia em 1987, na homenagem da Unidos do Cabuçu). “Ah, não dá para relacionar os dois momentos”, descarta, divertindo-se com a antiga lembrança. “Ali era um festival em que eu estava atuando como músico. Desta vez venho homenageado, é outra onda”.

Quando o pagode vira febre, Roberto celebra a badalada vertente do samba com Arlindo Cruz, Jovelina Pérola Negra, Fundo de Quintal, Jorge Aragão e Zeca Pagodinho, no especial de fim de ano em 1986. É do mesmo ano o samba-rock ‘Nega’ (com Erasmo) e, em 1998, grava o pagodão ‘Vê Se Volta Pra Mim’ (Eduardo Lages/Paulo Sérgio Valle).

Mesmo quando a onda carnavalesca passar, o desfile da Beija-Flor não será esquecido. O ‘homem do calhambeque’ é daqueles que resistem ao tempo e mostram a todos que ainda é uma brasa, mora? LSM (caricatura por Nei Lima)

Nenhum comentário:

Postar um comentário