quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A cara do Tim Maia

Novo integrante da Orquestra Imperial, músico Duani vive a expectativa de representar o 'Síndico' no cinema

Ao desembarcar no Santos Dumont, vindo de São Paulo para mais um show com a Orquestra Imperial, o músico Duani surpreende o taxista que o levaria ao Circo Voador: “Rapaz, você é filho do Tim Maia?”, pergunta o motorista, impressionado, tamanha a semelhança com o ‘Síndico’. “Outro dia, estava em Copacabana com a Mariana (Aydar, cantora e sua mulher) e uma prostituta começou a gritar: ‘Tim Maia! Canta uma para mim!’. Isso rola direto”, diverte-se Duani.

De cabeleira black power e bigodinho estilo cafajeste, Duani, 32 anos, é a cara do Tim Maia quando começou a carreira. Ele vive agora a expectativa de representar o ídolo no cinema. “Nunca fiz um filme, só videoclipes com o Forróçacana, o que já é uma ‘responsa’. Mesmo ali, a gente tem que interpretar”, compara, referindo-se à banda que ajudou a fundar em 1997. “Já participei de grupo de teatro, quando era criança em Marechal Hermes, e ganhei até prêmio”, orgulha-se.

Baseado na biografia escrita por Nelson Motta, 'O Som e a Fúria de Tim Maia', o filme será dirigido por Mauro Lima (‘Meu Nome Não é Johnny’), com roteiro de Antônia Pellegrino (‘Bruna Surfistinha’) e participação da atriz Alice Braga (‘O Ritual’) no papel de Geisa, ex-mulher de Tim. “Ainda está tudo em uma fase inicial. Não provei figurino nem maquiagem, apenas disse ‘sim’ ao convite feito pela produção”, conta Duani.

Apesar da apreensão pela estreia no cinema, ele ressalta que seu negócio é a música. “Quase não vejo filmes. Tenho estúdio em casa e fico lá o dia todo”, descreve o artista, que desde 2006 mora em São Paulo.

Multi-instrumentista, Duani tocou bateria com Marcelo D2 e Seu Jorge, coproduziu o disco de sua amada Mariana Aydar e é a nova voz da Orquestra Imperial. “Com as ausências temporárias do (Rodrigo) Amarante, Moreno (Veloso) e a saída do Max (Sette), virei a presença masculina na banda. O auge das minhas participações é quando canto ‘Você’, do Tim”, festeja.

Autodidata, ele aprendeu a tocar cavaquinho aos 4 anos. Com 10, compôs sua primeira música e, aos 13, foi recrutado para a banda de Alcione. No mesmo ano, fugiu de casa para ensaiar com Gilberto Gil. “Eu estava de castigo, minha mãe achou que era mentira que o Gil estaria me esperando e não deixou eu ir. Sai de fininho e ela só acreditou quando o Gil ligou para ela”, recorda.

A mãe, Nádia, era dona do Malagueta, espaço que foi palco para o despontar do Forróçacana, e era sua maior incentivadora. “Ela morreu mês passado de uma doença rara, que ataca o sistema nervoso. Sou espiritualizado, vejo que ela foi para um novo plano”, resigna-se.

Duani também é baterista da cantora Tulipa Ruiz e prepara seu primeiro disco solo. Prestes a se tornar nacionalmente conhecido na pele de Tim, não teme o estrelato. “Se eu parar para pensar sobre virar celebridade, não aproveito as oportunidades da vida”, decreta ele, numa relax, numa tranquila, numa boa.

O FILHO RACIONAL
Tim Maia está mais vivo do que nunca. Enquanto a cinebiografia não chega às telas, o cantor e compositor tem músicas suas em dois comerciais na TV, a caixa ‘Tim Universal Maia’ está nas lojas e uma charmosa coleção reunindo 15 discos já começa a ser liberada nas bancas de jornal. “O baú do meu pai só está começando a ser revirado”, anuncia Carmelo Maia, 36 anos, filho de Tim e detentor dos direitos de sua obra. “Tenho gravações da década de 60, que foram achadas em Nova York; existe uma música inédita dele com o Celso Blues Boy; além de muita coisa com o (produtor e arranjador) Lincoln Olivetti e até um suposto disco que ele teria gravado com a banda do James Brown, que só Jesus sabe onde está”.

O ponto alto da coleção que está nas bancas é o esperado disco ‘Racional 3’, que Tim deixara incompleto ao se desligar da seita Universo Em Desencanto, nos anos 70. “São seis canções incríveis que estão sendo retrabalhadas em estúdio com os músicos que as gravaram na época, como Paulinho Guitarra e Serginho Trombone. O Kassin está na produção e eu fiz questão que os arranjos fossem do Lincoln Olivetti”, antecipa.

Para cuidar do espólio do pai, Carmelo teve que abandonar seu lado artístico (ele toca trompete e estuda artes cênicas) e se formar em Direito. “Herdei 400 processos do meu pai. Pior: minha mãe (Geisa), que me abandonou com 40 dias, reapareceu do nada em dezembro para me processar, pedindo uma pensão de R$ 5.200”, lamenta.

Carmelo também está chateado com o primo, Ed Motta. “No programa ‘Altas Horas’, ele disse que a ‘entrevista foi linda porque foi um dia sem Tim Maia’, porque ninguém havia perguntado a ele nada sobre meu pai. Se eu fosse o Ed, não me importaria em assumir que imito mesmo o tio e não me incomodaria em viver com esse carma”, desabafa.

Além do filme e dos lançamentos em CD, Carmelo anuncia mais novidades: “Esse ano vai ser montado um musical sobre o meu pai, com produção de Sandro Chaim e Miguel Falabella”. LSM (foto Duani por Luiz Lima)

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