segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Sorrindo e batucando

Quando não está na frente de batalha, colorindo com seu suingue os shows da cantora Sandra de Sá ou do novíssimo grupo Melanina Carioca, o percussionista Anderson da Silva Barbosa, 35 anos, mais conhecido pelo nome de guerra Bebeto Sorriso, toca a escolinha de percussão Sorrindo e Batucando de sua trincheira em um morro do Barreto, em Niterói. Quem conhece o projeto que ele levantou sozinho, no fundo do quintal de casa, fica emocionado.

“Já me apresentei por todo o mundo. França, Japão, Brasil inteiro. De onde venho, trago um instrumento diferente. Quando notei que estava com mais coisas do que precisava, pensei em colocar tudo em uso e tive a ideia da escolinha”, conta. “Já vi gente tocando em galão d’água, lata de tinta, daí me deu o estalo: esses instrumentos são a única arma que tenho. Se não formar músicos, pelo menos formo cidadãos”.

Num cômodo forrado ‘acusticamente’ com esteiras de palha, entre reco-recos, chocalhos, cuícas, xequerês, pandeiros e todo tipo de tambor, Bebeto reforma instrumento velho de escola de samba e ensina a construir, consertar, tocar e cuidar. Tem pequenininhos, tem galalau, tem gente em risco social e, claro, um respeito sem tamanho dos cerca de 90 discípulos de 5 a 60 anos pelo professor.

“As aulas são em grupo. Toda quarta-feira fico aqui o dia inteiro, o povo vai chegando e a gente não tem hora para terminar”, descreve. “Entrou aqui no quintal, vai sair tocando alguma coisa. Alguns eu já estou até indicando para trabalhos profissionais”, avisa. LSM

* Matéria publicada originalmente no jornal O Dia. Confira o link para o site Odiaonline:
http://odia.terra.com.br/portal/diversaoetv/html/2010/2/uma_arma_para_combater_a_desigualdade_social_62891.html

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