terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Pedro Luís pilota a batucada carioca

O quinteto formado por Pedro Luís, Celso Alvim, Mário Moura, C.A. Ferrari e Sidon Silva ficou conhecido pela sonoridade original, ao desmontar a bateria no palco e formar uma parede com os tambores — o que gerou o nome do grupo —, e por suas letras relevantes, com forte crítica social. A amostra de 15 anos de carreira está reunida no novo CD e DVD, ‘Navilouca Ao Vivo’, registro do show que Pedro Luís e A Parede (Plap) fez no Circo Voador no dia 2 de setembro.

São músicas (16 no DVD e 14 no CD) que marcaram a trajetória do grupo, como ‘Menina Bonita’, ‘Rap do Real’ e ‘Caio No Suingue’, além de uma emocionada participação de Herbert Vianna na bem sacada junção de ‘Selvagem’ (do Paralamas) e ‘Chuva de Bala’ (da Plap).

“Pena que as letras dessas músicas continuam tão atuais”, comenta Pedro Luís, sobre a emblemática música de Herbert e a sua, que traz os versos: “Amor, tá chovendo bala/abre a janela pra não quebrar”. “Eu estava no Japão fazendo shows com a Roberta Sá (cantora e mulher do artista) quando houve a ocupação do Alemão. Acompanhamos tudo pela Internet, e foi uma coisa de louco”.

Loucura, mas da boa, acontece no fim do show no Circo. No bis, o grupo desce à plateia, traz Lenine a tiracolo e, junto do público, eles resgatam ‘Pena de Vida’, de ‘Astronauta Tupy’, estreia em disco da Plap (1997). No meio da cantoria, falta luz, mas o show continua. “As participações especiais, assim como o repertório, foram escolhidas a dedo. São parceiros muito significativos na nossa carreira, que nos acompanham desde o início”, frisa Pedro Luís.

A impressão de “escolhido a dedo” é nítida. Enquanto enfileiram suas pancadarias — em peso percussivo e força das mensagens —, ‘Miséria no Japão’ após ‘Navilouca’, ‘Seres Tupy’ após ‘Fazê o Quê?’, a sensação é a dos tempos em que os discos eram escutados do início ao fim, da primeira à última faixa. “Hoje em dia é tudo muito corrido. A gente quis fazer algo como antigamente, da época do vinil, quando era um ritual escutar música”, atesta C.A. Ferrari.

Os cinco integrantes da Plap são os mesmos desde a criação do conceito do grupo, das oficinas de percussão e, depois, do Monobloco. “Dificilmente sai pancadaria, ninguém leva faca para as reuniões”, brinca Mário Moura, sobre o astral entre eles. “Somos apenas cinco caras que viram a chance de fazer uma coisa bacana para ganhar a vida”, define.

MONOBLOCO EM ALTA ROTATIVIDADE
Em 2000, ao criar as oficinas do Monobloco, Pedro Luís e sua trupe deram origem a um dos maiores fenômenos da revitalização do Carnaval de rua do Rio. Em plena atividade nesse período das festas de Momo, a big band toca no Réveillon do Jockey Club, na Gávea, viaja Brasil afora e volta à cidade dia 18 de fevereiro, na Fundição Progresso. “Agora está impossível pensar em lançar o novo DVD da Parede. Os shows de lançamento vão ter que ficar para abril”, explica Celso Alvim. LSM

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