Curtiu a tal Virada Carioca? Não perdi tempo, mas o jornalista Ricardo Schott contou como foi, e comparou o genérico carioca com a matriz de São Paulo. Na boa, a nossa só vale para quem não conhece a Virada Paulista. Muito mais bem bolada, com shows temáticos, onde os artistas cantam todo o repertório de um disco específico. Aqui, pega-se qualquer artista e mandam para ele: "Canta aí".
Nem sei quem bolou essa ideia em SP, mas aqui no Rio a parada é da Jandira. Ela podia pelo menos ter feito um show "Roupa Nova canta os Famks". No mínimo. Em SP, teve uma noite inteira dedicada a Raul Seixas no ano passado, com artistas cantando todos os discos dele. Só de efemérides, essa Virada estaria lotada em 2010: para marcar os 25 anos do Rock In Rio, podiam rolar shows temáticos, tipo Rodrigo Santos cantando Barão 1982 ou Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e Toni Platão cantando Legião 1985. Podiam fazer uma noite só de covers do Roberto Carlos, qualquer coisa dessas. E deve ter um monte de datas maneiras do samba, do funk...
No Rio é sempre essa coisa meio social: "Ah, vamos levar o Afro Reggae para tocar na praia e a música clássica para o Complexo do Alemão". Só dá para voltar a ter fé no Rio quando pararem de achar que música tem função social. LSM
Thanx to Ricardo Schott
Por quê o Viradão de Sampa é melhor que o carioca?
ResponderExcluirEsta pergunta me veio à cabeça depois de postagem do meu amigo Leandro Souto Maior, um dos guerreiros que tentaram ressuscitar a Fluminense FM na década passada, antes dos pitís de Alexandre Torres Amora, da Flu light e da Band News FM. Vale a pena a leitura.
O texto lembra que vários shows do Viradão paulistano são temáticos. Teve um em que botaram num palco o artista Edy Star (que gravou o lendário LP Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10 junto com Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Miriam Batucada). Edy cantou o repertório inteiro do disco. Teve até headbanger dos brabos cantando Todo mundo está feliz a plenos pulmões. No Viradão Carioca, só shows convencionais, com os artistas cantando e tocando o repertório de sempre.
E tem um comentário excelente do Leandro:
No Rio é sempre essa coisa meio social: "Ah, vamos levar o Afro Reggae para tocar na praia e a música clássica para o Complexo do Alemão". Só dá para voltar a ter fé no Rio quando pararem de achar que música tem função social.
Essas comparações dos dois viradões servem ao menos para jogar por terra vários clichês ligados à cultura e à política. Tem aquela teoria que diz que cultura elevada é de esquerda (MPB, rock brasileiro, samba de raiz, etc) e o restante seria cultura de direita (como a Música de Cabresto Brasileira, termo muito citado no blog parceiro O Kylocyclo que envolve fânqui, sertanojo, pagrude, axé, acocha, tecnobrega, etc).
Só que, se formos ver, o Viradão de Sampa é ironicamente um projeto dos demos e dos tucanalhas, tendo à frente o prefeito Gilberto Kassab, demo apadrinhado do presidenciável José Serra. Já esse Viradão cover carioca é cria da comunista chique Jandira Feghali, ex-Secretária Municipal de Cultura que levou uma rasteira do velho direitão Francisco Dornelles na corrida do Senado em 2006.
Então, senhores politiqueiros em geral... O Viradão de Sampa é melhor porque está entregue a técnicos que escolhem melhor os artistas e propõem roteiros nada óbvios. Técnicos muito melhores que seus colegas cariocas. Não tem essa palhaçada de cultura elevada ser de direita ou de esquerda. É questão de competência. Até mesmo porque aquela velha máxima de que "a direita fica com o Governo, a agenda política e a pauta dos jornais, enquanto a esquerda fica restrita aos cadernos culturais (com figuras tipo Chico Buarque)" já acabou há muito tempo. Porque a esquerda ficou com o Governo e a direita (através da Música de Cabresto Brasileira) ficou com os cadernos culturais.
Mas há de se anotar que São Paulo virou há anos a única e verdadeira capital cultural do Brasil.
Fonte: http://brasilpaisdetolos.blogspot.com/2010/05/por-que-o-viradao.html