Filho de Bezerra da Silva, Ulisses trilha sua carreira artística em Londres e lança o primeiro disco por selo britânico especializado em música brasileira
Bezerra da Silva (1927-2005) ficou conhecido por cantar o cotidiano das favelas, a malandragem e o uso de drogas como a maconha — quem não conhece o clássico refrão “vou apertar, mas não vou acender agora”? “Mas ele nunca gostou de drogas”, esclarece Ulisses Bezerra da Silva, filho do sambista, que está baseado em Londres e acaba de estrear em disco.
“Meu pai teve experiências ruins com drogas. Quando fumou maconha, deu uma larica (a fome causada pelo uso da erva) e, se você for pobre sem ter o que comer, não é uma combinação muito boa!”, diverte-se.
Morando na capital da Inglaterra desde 2005, logo depois da morte do pai, Ulisses Bezerra, 39 anos, lança na internet ‘2000 e Nem Sei’ pela Far Out Records, gravadora britânica especializada em artistas brasileiros, como Banda Black Rio, Joyce, Azimuth, Leila Pinheiro e Dori Caymmi.
“Meu pai falava que eu era um rockeiro-sambista, com base no samba e o punho no rock. Acho até que foi isso que me levou ao meu estilo musical de hoje, o samba-rock”, define Ulisses, que se lembra de quando Bezerra foi entrevistado por João Gordo e disse para ele: “Você tem o visual igual ao do meu filho. Ele tem uma banda de rock chamada Filhos do Papa e anda todo rasgado.” “Ele era sambista, mas respeitava todos os estilos e sempre apoiou o que eu fazia”, diz.
‘2000 e Nem Sei’ traz oito músicas de autoria de Ulisses, duas de Mazinho e guitarras de Dino Lazer, que eram integrantes do Filhos do Papa, a banda de rock na qual ele cantava no Brasil. “O show de lançamento foi no Somerset House, lugar onde já tocaram Amy Winehouse e Rolling Stones”, conta Ulisses. “A minha carreira está muito bem. Já participei de shows com artistas como Manu Chao, Marcelo D2, Beth Carvalho, Frejat, Max de Castro, Wilson Simoninha e Jairzinho. A cena musical em Londres é muito boa. Tem um movimento underground bastante forte, onde os artistas podem trabalhar sua carreira, com muitos lugares para tocar com uma estrutura de palco boa.”
Antes de Londres, Ulisses morou nos Estados Unidos. “Fui em uma turnê com meu pai, em 1994, e, quando acabou, fui para Boston, convidado por um amigo pra tocar em uma banda de samba. Nesse período, resolvi ir estudar na escola de música Berklee, onde fiz grandes amizades. Voltei para o Brasil em 2002 e fiquei tocando com meu pai, até que ele morreu, em 2005. Foi quando eu resolvi ir para Londres”, relembra. “Sempre que olho para o Brasil, vejo uma desigualdade muito forte e, por isso, eu não consigo ficar no país por muito tempo. Nasci no subúrbio do Rio, no Jacarezinho, uma região cheia de problemas, com muitas injustiças. Em Londres, a música brasileira é muito respeitada.”
Foi o pai quem encaminhou Ulisses na música. “Quando eu tinha 6 anos, ele me deu um violão. Com 15, me colocou na escola de piano clássico, e sempre me levava em seus shows para tocar percussão na banda. Hoje, toco piano, violão, guitarra e instrumentos de percussão em geral, como surdo, tamborim, repenique, atabaque e berimbau”, enumera. “Meu pai sempre me tratou com muito carinho. Quando se apresentava em favelas, eu ia junto, e, assim que chegávamos, era festa de tiroteio para o alto. Ele sempre me mostrou os vários tipos de situações que aconteciam por lá e me falava: ‘Tá vendo ali? Malandro não cagueta’. Muitas dessas comunidades estavam em guerra e sempre que tinha show dele a guerra parava para o evento. Todos os morros e comunidades tinham por ele muito respeito”, orgulha-se.
E não foi só a musicalidade para tocar vários instrumentos que Ulisses herdou do pai famoso. “Também peguei muita experiência de palco, além de vivenciar o lado B da sociedade brasileira, que muitos de classe média não conhecem. Antes do Bezerra, não existia o samba de malandro, um estilo que ele criou com compositores das favelas do Rio. Hoje, faz falta no Brasil um artista original e com aquele discurso crítico, como foi meu pai. Depois dele, não surgiu mais ninguém com o mesmo estilo ou mesmo parecido”, decreta. LSM
Acorde
quinta-feira, 17 de julho de 2014
terça-feira, 15 de julho de 2014
Clima pesado
Cinco anos depois de seu último lançamento solo, Pitty deixa os sons acústicos do duo Agridoce e retoma pegada roqueira no novo CD, 'Setevidas'
“Nada muda minha vontade sobre o que vou fazer, sempre foi assim, nunca fiquei esperando que o rock fosse moda para fazer. É uma necessidade interna. Quem tem banda e curte rock tem que dar seu jeito, e ir se adaptando”, decreta Pitty.
A roqueira baiana andou menos roqueira desde 2011, quando passou a se dedicar ao duo Agridoce, de sonoridades acústicas, ao lado do guitarrista Martin, também integrante da banda dela. Sem lançar disco solo — ou melhor, do grupo que leva seu nome, conforme ela faz questão de ressaltar — desde ‘Chiaroscuro’ (2009), ela dispara agora ‘Setevidas’, CD no qual retoma o peso e a atitude típica do rock. “O peso é sentido tanto nas letras críticas e conscientes quanto no som”, conforme classificou o crítico musical Mauro Ferreira.
“O período que passei sem gravar solo me deu tempo para respirar e dar uma aliviada na cabeça das pessoas sobre o conceito que tinham sobre meu som. Daí estarem saindo agora críticas sobre esse disco falando que é minha música mais madura. Eu já acho que meu som está dessa forma há muito tempo, e só agora as pessoas estão percebendo isso. Mas eu entendo que, com o passar dos anos, fique mais fácil de as pessoas perceberem isso”, considera ela.
Esse tempo que ficou sem gravar solo também acarretou uma baixa na banda: o baixista Joe entrou na Justiça, insatisfeito, entre outras coisas, por ter ficado sem tocar (e ser remunerado) durante o período em que o grupo ficou na geladeira (leia mais no abaixo). “O Agridoce me trouxe um novo público. Fez com que as pessoas olhassem de outra forma para o meu trabalho. Quanto ao som, é uma proposta musical muito diferente. Foi muito positivo, um passo além em termos de carreira”, avalia ela.
No Rio, os shows de lançamento de ‘Setevidas’ estão marcados para os dias 15 e 16 de agosto, no Circo Voador, na Lapa. “Tenho um DVD gravado no Circo, é um palco muito importante para mim, e onde me sinto em casa”, diz ela.
BRIGA NA JUSTIÇA
Em 2013, foram publicadas no Twitter pessoal de Pitty mensagens como “Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão” e “Traição de amigo é pior que de marido, antes a fraqueza pela carne do que pelo dinheiro (alheio, o que é ainda mais feio)”, que deixaram muitos de seus fãs confusos e hoje foram interpretadas como indiretas ao processo movido pelo baixista Joe.
Perguntada sobre o caso, a cantora se limitou a dizer: “Não posso falar disso, porque meu advogado falou para deixar quieto. Eu sou muito sincera, abro o meu coração e depois me ferro.” LSM
“Nada muda minha vontade sobre o que vou fazer, sempre foi assim, nunca fiquei esperando que o rock fosse moda para fazer. É uma necessidade interna. Quem tem banda e curte rock tem que dar seu jeito, e ir se adaptando”, decreta Pitty.
A roqueira baiana andou menos roqueira desde 2011, quando passou a se dedicar ao duo Agridoce, de sonoridades acústicas, ao lado do guitarrista Martin, também integrante da banda dela. Sem lançar disco solo — ou melhor, do grupo que leva seu nome, conforme ela faz questão de ressaltar — desde ‘Chiaroscuro’ (2009), ela dispara agora ‘Setevidas’, CD no qual retoma o peso e a atitude típica do rock. “O peso é sentido tanto nas letras críticas e conscientes quanto no som”, conforme classificou o crítico musical Mauro Ferreira.
“O período que passei sem gravar solo me deu tempo para respirar e dar uma aliviada na cabeça das pessoas sobre o conceito que tinham sobre meu som. Daí estarem saindo agora críticas sobre esse disco falando que é minha música mais madura. Eu já acho que meu som está dessa forma há muito tempo, e só agora as pessoas estão percebendo isso. Mas eu entendo que, com o passar dos anos, fique mais fácil de as pessoas perceberem isso”, considera ela.
Esse tempo que ficou sem gravar solo também acarretou uma baixa na banda: o baixista Joe entrou na Justiça, insatisfeito, entre outras coisas, por ter ficado sem tocar (e ser remunerado) durante o período em que o grupo ficou na geladeira (leia mais no abaixo). “O Agridoce me trouxe um novo público. Fez com que as pessoas olhassem de outra forma para o meu trabalho. Quanto ao som, é uma proposta musical muito diferente. Foi muito positivo, um passo além em termos de carreira”, avalia ela.
No Rio, os shows de lançamento de ‘Setevidas’ estão marcados para os dias 15 e 16 de agosto, no Circo Voador, na Lapa. “Tenho um DVD gravado no Circo, é um palco muito importante para mim, e onde me sinto em casa”, diz ela.
BRIGA NA JUSTIÇA
Em 2013, foram publicadas no Twitter pessoal de Pitty mensagens como “Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão” e “Traição de amigo é pior que de marido, antes a fraqueza pela carne do que pelo dinheiro (alheio, o que é ainda mais feio)”, que deixaram muitos de seus fãs confusos e hoje foram interpretadas como indiretas ao processo movido pelo baixista Joe.
Perguntada sobre o caso, a cantora se limitou a dizer: “Não posso falar disso, porque meu advogado falou para deixar quieto. Eu sou muito sincera, abro o meu coração e depois me ferro.” LSM
quinta-feira, 19 de junho de 2014
Sem perder a ternura
Wanderléa, procure saber, não é só a Ternurinha eternizada pela Jovem Guarda, quando protagonizou com Roberto e Erasmo Carlos o movimento musical pioneiro do rock brasileiro nos anos 60. Em sua discografia, há títulos que pouco ou quase nada remetem ao tipo de som que fazia naqueles tempos. Um desses discos é ‘...Maravilhosa’, de 1972, que a cantora revisitou 40 anos depois no Teatro Municipal de São Paulo, atendendo ao convite da Virada Cultural paulista, e que agora sai em CD e DVD pelo selo Coleção Canal Brasil.
“Foi um marco, né? Às vezes ficamos estigmatizados como artista de um gênero só, mas o que fiz ali não era parecido com nada que já havia feito”, reavalia Wanderléa. “Com esse trabalho, eu mergulhei em um universo musical novo para mim, misturando o rock com o soul, o samba e o chorinho. As pessoas estranharam muito, tanto o repertório como a performance de palco, eu com uma roupa transparente e o corpo todo coberto de purpurina, era muito ousado. Muita gente não gostou, e na imprensa saiu uma manchete que dizia: ‘Ternurinha, pare agora!’. Mas eu vejo como uma continuidade da minha carreira. Já não era mais uma menininha, eu queria crescer, já era uma moçona.”
A história completa desse que é o seu primeiro lançamento após o fim da Jovem Guarda e muitos outros casos de sua trajetória vão ser contados em detalhes na autobiografia que ela anuncia para este ano. “Esse meu livro está escrito há um bom tempo, já desfiz dois contratos, porque desisti de lançar, mas agora a editora Record me pegou pelo pé e finalmente vai sair”, conta. “Só falta definir o título. Seria ‘Soltando os Laços’, depois mudei para ‘Karma e Glória’, mas ainda não escolhi qual será o definitivo.”
Claro que, como amiga íntima de Roberto e Erasmo, que ano passado se juntaram a nomes como Gilberto Gil e Caetano Veloso em um grupo que se manifestou contra a publicação de biografias não autorizadas, ela conseguiu o sinal verde dos antigos colegas da Jovem Guarda para seu livro. “Tenho uma vida ao lado de grandes personalidades, e não lançaria sem a autorização deles. Isso faz parte da nossa ética. Ficamos muito arredios quanto a isso porque, desde os anos 60, as pessoas publicam muitas coisas que não são verdadeiras”, explica.
Ela garante, porém, que não vai omitir de seus futuros leitores certas passagens de sua carreira, como quando Baby do Brasil (que, na época, atendia ainda pelo nome de Baby Consuelo) lhe ofereceu maconha (“Passei tão mal que nunca mais quis aquilo...”) ou os ensaios de Elis Regina e Tom Jobim em sua casa, em Los Angeles, para o célebre disco da dupla, que entraria para a história. “Tem um capítulo inteiro sobre isso, chamado ‘Natal em Pasadena’. O Tom passou o Natal comigo, ele ficava ensaiando o ‘Águas de Março’ no piano de cauda que tinha lá em casa”, descreve.
MEU AMIGO
ERASMO CARLOS
Os três protagonistas do núcleo da Jovem Guarda passaram pela dor de perder um filho, sendo Erasmo a vítima mais recente de tal tragédia, com a morte de Carlos Alexandre, vítima de um acidente de moto. “Sofremos muito, choramos quando falei com ele. Mas temos que continuar”, consola-se ela, cujo filho Leonardo morreu afogado em 1984. “É o trabalho que nos sustenta. A gente tem que aprender a soltar os laços.” LSM
“Foi um marco, né? Às vezes ficamos estigmatizados como artista de um gênero só, mas o que fiz ali não era parecido com nada que já havia feito”, reavalia Wanderléa. “Com esse trabalho, eu mergulhei em um universo musical novo para mim, misturando o rock com o soul, o samba e o chorinho. As pessoas estranharam muito, tanto o repertório como a performance de palco, eu com uma roupa transparente e o corpo todo coberto de purpurina, era muito ousado. Muita gente não gostou, e na imprensa saiu uma manchete que dizia: ‘Ternurinha, pare agora!’. Mas eu vejo como uma continuidade da minha carreira. Já não era mais uma menininha, eu queria crescer, já era uma moçona.”
A história completa desse que é o seu primeiro lançamento após o fim da Jovem Guarda e muitos outros casos de sua trajetória vão ser contados em detalhes na autobiografia que ela anuncia para este ano. “Esse meu livro está escrito há um bom tempo, já desfiz dois contratos, porque desisti de lançar, mas agora a editora Record me pegou pelo pé e finalmente vai sair”, conta. “Só falta definir o título. Seria ‘Soltando os Laços’, depois mudei para ‘Karma e Glória’, mas ainda não escolhi qual será o definitivo.”
Claro que, como amiga íntima de Roberto e Erasmo, que ano passado se juntaram a nomes como Gilberto Gil e Caetano Veloso em um grupo que se manifestou contra a publicação de biografias não autorizadas, ela conseguiu o sinal verde dos antigos colegas da Jovem Guarda para seu livro. “Tenho uma vida ao lado de grandes personalidades, e não lançaria sem a autorização deles. Isso faz parte da nossa ética. Ficamos muito arredios quanto a isso porque, desde os anos 60, as pessoas publicam muitas coisas que não são verdadeiras”, explica.
Ela garante, porém, que não vai omitir de seus futuros leitores certas passagens de sua carreira, como quando Baby do Brasil (que, na época, atendia ainda pelo nome de Baby Consuelo) lhe ofereceu maconha (“Passei tão mal que nunca mais quis aquilo...”) ou os ensaios de Elis Regina e Tom Jobim em sua casa, em Los Angeles, para o célebre disco da dupla, que entraria para a história. “Tem um capítulo inteiro sobre isso, chamado ‘Natal em Pasadena’. O Tom passou o Natal comigo, ele ficava ensaiando o ‘Águas de Março’ no piano de cauda que tinha lá em casa”, descreve.
MEU AMIGO
ERASMO CARLOS
Os três protagonistas do núcleo da Jovem Guarda passaram pela dor de perder um filho, sendo Erasmo a vítima mais recente de tal tragédia, com a morte de Carlos Alexandre, vítima de um acidente de moto. “Sofremos muito, choramos quando falei com ele. Mas temos que continuar”, consola-se ela, cujo filho Leonardo morreu afogado em 1984. “É o trabalho que nos sustenta. A gente tem que aprender a soltar os laços.” LSM
terça-feira, 10 de junho de 2014
‘Samuel Rosa, afinal, você fumou um skank com o Santana?’
Banda mineira lança CD em plena Copa: ‘Temos chance de nos destacarmos’, apostam, em um papo sobre rap, drogas e futebol
Era para falar do novo CD ‘Velocia’, mas o clima da entrevista estava tão descontraído, passando por assuntos como discos de vinil ou o antigo videogame Atari (tópicos de interesse dos integrantes), que uma pergunta marota saltou no meio do papo, brincando com o nome da banda e da chamada ‘supermaconha’ — e arrancou uma gargalhada desconcertada de Samuel Rosa: “Afinal, você fumou um ‘skank’ com o Santana?”.
O mineiro participou do mais recente disco do legendário guitarrista mexicano e ícone da geração ‘sexo, drogas e rock and roll’ (o cara tocou em Woodstock!). Às vésperas da Copa do Mundo, o craque Samuel não perde a pose, mata no peito e devolve com elegância: “Não fumei, não, mas tomei umas tequilas muito boas com ele, de uma marca chamada Casa Noble, acho até que o próprio Santana é o dono. E, olha, nem sei se ele fuma, porque eu não vi em nenhum momento”, relata. “O que ele me contou é que tomou muita mescalina em Woodstock, e que, se tivesse entrado naquela onda, não estaria aqui hoje para contar história”.
De volta ao Brasil e ao grupo, Samuel seguiu na finalização de ‘Velocia’. “Esse nome... o tempo é um assunto que estava na minha cabeça. Lá se vão mais de 20 anos de banda, e parece que passou voando. Eu fui no Google e coloquei palavras como ‘velocímetro’, ‘veloz’... Aí apareceu ‘velocia’. Acho que é latim”, arrisca.
Quem bate um bolão com ele no disco é Nando Reis. A dupla assina mais da metade das faixas. “Rapaz, eu tenho tantas parcerias com o Nando que daria para completar mais que um álbum duplo”, contabiliza o cantor e guitarrista do Skank. “Nosso processo é sempre assim: eu faço a melodia e ele, a letra. Acho que nossos maiores sucessos são ‘Resposta’ e ‘É Uma Partida de Futebol’.”
Essa última traz o emblemático verso “quem não sonhou ser um jogador de futebol?”. “Eu não!”, apressa-se o baterista Haroldo Ferretti, único da tropa que não dá a mínima para futebol. “Já eu sonhei ser jogador, mas lembro bem o dia em que a chave trocou e passei a querer ser guitarrista”, recorda Samuel Rosa. “Era pivô do time Olímpico, de futebol de salão, em Belo Horizonte. Aos 14 anos, fui participar de uma peneira no Atlético Mineiro. O técnico não me chamou, lembro como se fosse hoje, me causou um trauma. Ali eu decidi que ia fazer aula de violão. O técnico disse: ‘Não faz isso, você vai acabar drogado...’ Nesse dia, a música ganhou um cara mais ou menos, mas o futebol com certeza não perdeu ninguém!”, decreta.
DESAFIANDO A MODERNIDADE
Para apostar no lançamento de um CD em uma época monotemática — no caso, a Copa do Mundo —, tem que ter coragem. “Por outro lado, temos chance de nos destacarmos justamente por isso: não há ninguém lançando nada, só a gente!”, argumenta Samuel Rosa. “E nem estão falando tanto da Copa quanto se esperava”, completa o tecladista Henrique Portugal. “Lembro que, nessa mesma época, em outros anos, já estávamos em uma euforia bem maior. E olha que a Copa nem era no Brasil.”
Além de Samuel, Haroldo, Henrique e Lelo Zaneti (baixista), a escalação do Skank em ‘Velocia’ ganha os reforços do produtor Dudu Marote (que já trabalhara com o grupo e volta ao time), dos cantores Lucas Silveira (do Fresno) e Lia Paris, além dos rappers BNegão e Emicida.
“O que buscamos nos parceiros foi a estranheza aos nossos acordes e melodias”, explica Samuel. “Com o rap, ficou uma pegada musical diferente, porque é um gênero mais ritmado e falado.”
‘Velocia’ é o primeiro disco de inéditas da banda em seis anos — o anterior é ‘Estandarte’, de 2008. “É o Skank desafiando a modernidade. Em uma época supersônica, a gente demora seis anos para lançar um disco novo”, brinca o vocalista. LSM
Era para falar do novo CD ‘Velocia’, mas o clima da entrevista estava tão descontraído, passando por assuntos como discos de vinil ou o antigo videogame Atari (tópicos de interesse dos integrantes), que uma pergunta marota saltou no meio do papo, brincando com o nome da banda e da chamada ‘supermaconha’ — e arrancou uma gargalhada desconcertada de Samuel Rosa: “Afinal, você fumou um ‘skank’ com o Santana?”.
O mineiro participou do mais recente disco do legendário guitarrista mexicano e ícone da geração ‘sexo, drogas e rock and roll’ (o cara tocou em Woodstock!). Às vésperas da Copa do Mundo, o craque Samuel não perde a pose, mata no peito e devolve com elegância: “Não fumei, não, mas tomei umas tequilas muito boas com ele, de uma marca chamada Casa Noble, acho até que o próprio Santana é o dono. E, olha, nem sei se ele fuma, porque eu não vi em nenhum momento”, relata. “O que ele me contou é que tomou muita mescalina em Woodstock, e que, se tivesse entrado naquela onda, não estaria aqui hoje para contar história”.
De volta ao Brasil e ao grupo, Samuel seguiu na finalização de ‘Velocia’. “Esse nome... o tempo é um assunto que estava na minha cabeça. Lá se vão mais de 20 anos de banda, e parece que passou voando. Eu fui no Google e coloquei palavras como ‘velocímetro’, ‘veloz’... Aí apareceu ‘velocia’. Acho que é latim”, arrisca.
Quem bate um bolão com ele no disco é Nando Reis. A dupla assina mais da metade das faixas. “Rapaz, eu tenho tantas parcerias com o Nando que daria para completar mais que um álbum duplo”, contabiliza o cantor e guitarrista do Skank. “Nosso processo é sempre assim: eu faço a melodia e ele, a letra. Acho que nossos maiores sucessos são ‘Resposta’ e ‘É Uma Partida de Futebol’.”
Essa última traz o emblemático verso “quem não sonhou ser um jogador de futebol?”. “Eu não!”, apressa-se o baterista Haroldo Ferretti, único da tropa que não dá a mínima para futebol. “Já eu sonhei ser jogador, mas lembro bem o dia em que a chave trocou e passei a querer ser guitarrista”, recorda Samuel Rosa. “Era pivô do time Olímpico, de futebol de salão, em Belo Horizonte. Aos 14 anos, fui participar de uma peneira no Atlético Mineiro. O técnico não me chamou, lembro como se fosse hoje, me causou um trauma. Ali eu decidi que ia fazer aula de violão. O técnico disse: ‘Não faz isso, você vai acabar drogado...’ Nesse dia, a música ganhou um cara mais ou menos, mas o futebol com certeza não perdeu ninguém!”, decreta.
DESAFIANDO A MODERNIDADE
Para apostar no lançamento de um CD em uma época monotemática — no caso, a Copa do Mundo —, tem que ter coragem. “Por outro lado, temos chance de nos destacarmos justamente por isso: não há ninguém lançando nada, só a gente!”, argumenta Samuel Rosa. “E nem estão falando tanto da Copa quanto se esperava”, completa o tecladista Henrique Portugal. “Lembro que, nessa mesma época, em outros anos, já estávamos em uma euforia bem maior. E olha que a Copa nem era no Brasil.”
Além de Samuel, Haroldo, Henrique e Lelo Zaneti (baixista), a escalação do Skank em ‘Velocia’ ganha os reforços do produtor Dudu Marote (que já trabalhara com o grupo e volta ao time), dos cantores Lucas Silveira (do Fresno) e Lia Paris, além dos rappers BNegão e Emicida.
“O que buscamos nos parceiros foi a estranheza aos nossos acordes e melodias”, explica Samuel. “Com o rap, ficou uma pegada musical diferente, porque é um gênero mais ritmado e falado.”
‘Velocia’ é o primeiro disco de inéditas da banda em seis anos — o anterior é ‘Estandarte’, de 2008. “É o Skank desafiando a modernidade. Em uma época supersônica, a gente demora seis anos para lançar um disco novo”, brinca o vocalista. LSM
segunda-feira, 2 de junho de 2014
Jornalista inglês lista 50 momentos dos Beatles em livro
O dia em que os Beatles experimentaram LSD? O encontro deles com Elvis Presley? A união de John Lennon com Yoko Ono? Quando afirmaram que Paul McCartney morreu? O assassinato de Lennon? Nada disso. Para o jornalista inglês Paolo Hewitt, que listou os 50 momentos mais marcantes dos Beatles no livro ‘Love Me Do’ (Ed. Record, 272 págs., R$ 45), a passagem mais relevante na vida do conjunto de Liverpool não foi nenhuma das listadas acima — todas, claro, devidamente detalhadas em sua publicação.
“O show que fizeram em Liverpool bem no início da carreira, depois de voltarem de Hamburgo usando jaquetas de couro, um figurino bem agressivo para 1961. Foi a primeira vez que fãs enlouquecidas gritaram por eles. A partir dali, os próprios Beatles sabiam que nada seria da mesma forma novamente”, crava o autor.
No livro, ele guia o leitor pelos bastidores de cenas e encontros memoráveis que ajudaram a construir a história do grupo, da infância dura em Liverpool à reunião dos integrantes para o projeto ‘Anthology’, nos anos 90. Eventos mais recentes, porém, como a reunião de Paul McCartney e Ringo Starr em Los Angeles este ano, para comemorar os 50 anos da primeira aparição da banda na TV norte-americana, não está incluída em sua lista — e ele tampouco pretende acrescentar o fato em uma futura reedição da obra. “Eu sequer assisti a essa apresentação. Para ser honesto, sou mais interessado no passado dos Beatles do que no presente deles”, explica. “Mas acredito que o livro cubra todos os momentos importantes da banda. Se alguém discordar, por favor me prove o contrário”, desafia.
Autor de mais de 20 livros sobre música, moda e cultura pop, e de títulos sobre outras bandas, como Oasis e The Jam, Hewitt assume que os ingleses se espantam ao saber que, no Brasil, existem milhares de fãs e grupos musicais dedicados a recriar a obra dos Beatles.
“Para os ingleses, os brasileiros passam o tempo jogando futebol na Praia de Copacabana ou dançando com garotas de biquíni ao som de Gilberto Gil. Mas as turnês de Paul McCartney por aí, com reações fenomenais dos fãs, derrubam essa percepção”, ressalta.
MAIS BEATLEMANIA EM LIVRO
Além de ‘Love Me Do’, outros dois livros sobre os Beatles estão sendo lançados no Brasil. Em quadrinhos, ‘O Quinto Beatle’ (Ed. Aleph, 168 págs., R$ 59,90)
foca em Brian Epstein, o empresário que descobriu o grupo em Liverpool e fez deles a banda mais famosa de todos os tempos.
Já ‘Man On the Run: Paul McCartney Nos Anos 1970’ (Ed. Leya, 352 págs., 29,90) promove um olhar sobre a década mais tumultuada da vida do baixista dos Beatles. “Foi uma época de drogas, mas também de discos brilhantes”, resume o autor, o jornalista inglês Tom Doyle. LSM
“O show que fizeram em Liverpool bem no início da carreira, depois de voltarem de Hamburgo usando jaquetas de couro, um figurino bem agressivo para 1961. Foi a primeira vez que fãs enlouquecidas gritaram por eles. A partir dali, os próprios Beatles sabiam que nada seria da mesma forma novamente”, crava o autor.
No livro, ele guia o leitor pelos bastidores de cenas e encontros memoráveis que ajudaram a construir a história do grupo, da infância dura em Liverpool à reunião dos integrantes para o projeto ‘Anthology’, nos anos 90. Eventos mais recentes, porém, como a reunião de Paul McCartney e Ringo Starr em Los Angeles este ano, para comemorar os 50 anos da primeira aparição da banda na TV norte-americana, não está incluída em sua lista — e ele tampouco pretende acrescentar o fato em uma futura reedição da obra. “Eu sequer assisti a essa apresentação. Para ser honesto, sou mais interessado no passado dos Beatles do que no presente deles”, explica. “Mas acredito que o livro cubra todos os momentos importantes da banda. Se alguém discordar, por favor me prove o contrário”, desafia.
Autor de mais de 20 livros sobre música, moda e cultura pop, e de títulos sobre outras bandas, como Oasis e The Jam, Hewitt assume que os ingleses se espantam ao saber que, no Brasil, existem milhares de fãs e grupos musicais dedicados a recriar a obra dos Beatles.
“Para os ingleses, os brasileiros passam o tempo jogando futebol na Praia de Copacabana ou dançando com garotas de biquíni ao som de Gilberto Gil. Mas as turnês de Paul McCartney por aí, com reações fenomenais dos fãs, derrubam essa percepção”, ressalta.
MAIS BEATLEMANIA EM LIVRO
Além de ‘Love Me Do’, outros dois livros sobre os Beatles estão sendo lançados no Brasil. Em quadrinhos, ‘O Quinto Beatle’ (Ed. Aleph, 168 págs., R$ 59,90)
foca em Brian Epstein, o empresário que descobriu o grupo em Liverpool e fez deles a banda mais famosa de todos os tempos.
Já ‘Man On the Run: Paul McCartney Nos Anos 1970’ (Ed. Leya, 352 págs., 29,90) promove um olhar sobre a década mais tumultuada da vida do baixista dos Beatles. “Foi uma época de drogas, mas também de discos brilhantes”, resume o autor, o jornalista inglês Tom Doyle. LSM
sexta-feira, 30 de maio de 2014
Com vocês, ‘Tássia Eller’
“Não, o Toni Platão não tentou fazer o teste para o papel principal”, diverte-se Vinícius Arneiro, diretor de ‘Cássia Eller — O Musical’, brincando com a semelhança do cantor, que é chamado carinhosamente de “O Cássia Eller”.
Mais de mil candidatos do Brasil inteiro tentaram a vaga de protagonista da montagem, mas quem vai viver a polêmica cantora é a curitibana de 24 anos Tacy de Campos. “Meus amigos me sacaneiam, me chamando de Tássia Eller”, conta a líder do grupo Os Marginais, que agita há um tempo a noite de Curitiba com repertório repleto de canções eternizadas por Cássia Eller. “Também sou compositora, e sonho um dia tocar minhas músicas com uma banda. Não pretendo virar atriz, mas acho que a exposição na peça vai ajudar futuramente a consolidar minha carreira de cantora”.
Tacy chega para a entrevista bem à vontade. Pés saltando para fora do chinelo, shorts, camisa larga e amarrotada, cabelos desgrenhados e devorando uma coxinha de galinha: à paisana, Tacy parece até um garotinho. Na peça, com figurino e soltando a voz, chega a impressionar tamanha a semelhança com Cássia. “Quando me caracterizaram pela primeira vez para a peça, estranhei demais. Não parecia eu. É estranho. Está sendo difícil pra c... virar outra pessoa”.
Tão desbocada quanto tímida, Tacy tem mais em comum com a homenageada que apenas uma semelhança física. “Não era um pré-requisito nos testes ser parecida com a Cássia , mas tinha que cantar parecido com ela. A Lan Lan (a percussionista e amiga de Cássia Eller assina a direção musical da peça) pirou com a Tacy, disse que ela é igualzinha. Ela também é homossexual assumida e, no palco, se transforma e até coloca o peitinho pra fora”, descreve Vinícius Arneiro, citando a cena inicial do musical, que remete ao antológico show de Cássia Eller no Rock in Rio em 2001, quando levantou a blusa no meio da apresentação. “Todo o lado de sexo e drogas da Cássia estão no roteiro, não tentamos moralizar a artista e não houve nenhum pudor em expor esse seu lado libertário”.
Com planos de engrenar sua própria carreira de cantora após o musical, Tacy só teme ficar estigmatizada pela personagem que vai encarnar. “Espero sinceramente que isso não aconteça, mas eu sei bem quem eu sou”, afirma.
Idealizador do musical, Gustavo Nunes ressalta que Cássia Eller deixou uma lacuna na música brasileira ainda não preenchida. “Temos muitas excelentes cantoras, mas nenhuma com a qualidade do timbre de voz e a atitude dela. Maria Gadú não chega nem perto! Cássia Eller está fazendo falta!”, decreta. LSM (Foto: Marcos Hermes)
Mais de mil candidatos do Brasil inteiro tentaram a vaga de protagonista da montagem, mas quem vai viver a polêmica cantora é a curitibana de 24 anos Tacy de Campos. “Meus amigos me sacaneiam, me chamando de Tássia Eller”, conta a líder do grupo Os Marginais, que agita há um tempo a noite de Curitiba com repertório repleto de canções eternizadas por Cássia Eller. “Também sou compositora, e sonho um dia tocar minhas músicas com uma banda. Não pretendo virar atriz, mas acho que a exposição na peça vai ajudar futuramente a consolidar minha carreira de cantora”.
Tacy chega para a entrevista bem à vontade. Pés saltando para fora do chinelo, shorts, camisa larga e amarrotada, cabelos desgrenhados e devorando uma coxinha de galinha: à paisana, Tacy parece até um garotinho. Na peça, com figurino e soltando a voz, chega a impressionar tamanha a semelhança com Cássia. “Quando me caracterizaram pela primeira vez para a peça, estranhei demais. Não parecia eu. É estranho. Está sendo difícil pra c... virar outra pessoa”.
Tão desbocada quanto tímida, Tacy tem mais em comum com a homenageada que apenas uma semelhança física. “Não era um pré-requisito nos testes ser parecida com a Cássia , mas tinha que cantar parecido com ela. A Lan Lan (a percussionista e amiga de Cássia Eller assina a direção musical da peça) pirou com a Tacy, disse que ela é igualzinha. Ela também é homossexual assumida e, no palco, se transforma e até coloca o peitinho pra fora”, descreve Vinícius Arneiro, citando a cena inicial do musical, que remete ao antológico show de Cássia Eller no Rock in Rio em 2001, quando levantou a blusa no meio da apresentação. “Todo o lado de sexo e drogas da Cássia estão no roteiro, não tentamos moralizar a artista e não houve nenhum pudor em expor esse seu lado libertário”.
Com planos de engrenar sua própria carreira de cantora após o musical, Tacy só teme ficar estigmatizada pela personagem que vai encarnar. “Espero sinceramente que isso não aconteça, mas eu sei bem quem eu sou”, afirma.
Idealizador do musical, Gustavo Nunes ressalta que Cássia Eller deixou uma lacuna na música brasileira ainda não preenchida. “Temos muitas excelentes cantoras, mas nenhuma com a qualidade do timbre de voz e a atitude dela. Maria Gadú não chega nem perto! Cássia Eller está fazendo falta!”, decreta. LSM (Foto: Marcos Hermes)
terça-feira, 20 de maio de 2014
‘Ainda canto as músicas nos mesmos tons’
Tetê Espíndola ganhou popularidade pela sua voz agudíssima e pelo sucesso ‘Escrito Nas Estrelas’, canção vencedora do ‘Festival dos Festivais’, uma espécie de ‘Superstar’ que a Globo promoveu em 1985. A obra da cantora mato-grossense, no entanto, é bem mais abrangente, como pode ser testemunhado em seu novo lançamento: um CD duplo que reúne ‘Pássaros Na Garganta’, clássico de sua discografia lançado em 1982, e o inédito ‘Asas do Etéreo’ (Selo Sesc), com participações de Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal e Arrigo Barnabé.
Há quem ressalte que ‘Escrito Nas Estrelas’ prejudicou a trajetória artística de Tetê, tirando a atenção de seu trabalho de vanguarda e a transformando em um ícone brega. Mas a cantora discorda, e não descarta de seu repertório a emblemática canção até hoje.
“Essa música só me ajudou, me deu um nome nacional, foi uma dádiva na minha vida. Ganhei um festival com ela, não foi um sucesso que uma gravadora bancou para tocar no rádio. Aonde vou, até no exterior, nunca posso deixar de tocá-la. E faço questão. Muita gente vai aos meus shows por causa dela, e aí acaba conhecendo meu repertório”, destaca Tetê Espíndola. “Fico chocada quando falam que eu não fiz mais nenhum sucesso. As pessoas ficam presas nessas coisas, o que é uma bobagem.”
‘Asas do Etéreo’ é o primeiro álbum de inéditas da artista desde ‘E Va Por Ar’, de 2007. “Muita gente me perguntava: ‘Puxa, já tem sete anos sem lançar disco?’. Mas minha vida é assim, não tenho compromisso de ficar lançando disco todo ano porque não tenho uma multinacional me bancando. As coisas vão por garra e vontade. E eu também produzi muitas coisas nesse meio tempo, eu não paro nem um minuto!”, conta.
Com o relançamento de ‘Pássaros Na Garganta’, Tetê vem fazendo shows exclusivamente com o repertório do disco, considerado seu lançamento mais importante. “E ainda canto as músicas todas nos mesmos tons originais!”, orgulha-se. “A voz muda com a idade. Já se vão 33 anos desde que gravei esse disco, e é claro que aquela coisa linda do agudo de quando se é jovem tem uma energia única, por isso me deu muito trabalho retomar esse repertório. Tive que recuperar aquela mesma energia aos 60 anos.” LSM
Há quem ressalte que ‘Escrito Nas Estrelas’ prejudicou a trajetória artística de Tetê, tirando a atenção de seu trabalho de vanguarda e a transformando em um ícone brega. Mas a cantora discorda, e não descarta de seu repertório a emblemática canção até hoje.
“Essa música só me ajudou, me deu um nome nacional, foi uma dádiva na minha vida. Ganhei um festival com ela, não foi um sucesso que uma gravadora bancou para tocar no rádio. Aonde vou, até no exterior, nunca posso deixar de tocá-la. E faço questão. Muita gente vai aos meus shows por causa dela, e aí acaba conhecendo meu repertório”, destaca Tetê Espíndola. “Fico chocada quando falam que eu não fiz mais nenhum sucesso. As pessoas ficam presas nessas coisas, o que é uma bobagem.”
‘Asas do Etéreo’ é o primeiro álbum de inéditas da artista desde ‘E Va Por Ar’, de 2007. “Muita gente me perguntava: ‘Puxa, já tem sete anos sem lançar disco?’. Mas minha vida é assim, não tenho compromisso de ficar lançando disco todo ano porque não tenho uma multinacional me bancando. As coisas vão por garra e vontade. E eu também produzi muitas coisas nesse meio tempo, eu não paro nem um minuto!”, conta.
Com o relançamento de ‘Pássaros Na Garganta’, Tetê vem fazendo shows exclusivamente com o repertório do disco, considerado seu lançamento mais importante. “E ainda canto as músicas todas nos mesmos tons originais!”, orgulha-se. “A voz muda com a idade. Já se vão 33 anos desde que gravei esse disco, e é claro que aquela coisa linda do agudo de quando se é jovem tem uma energia única, por isso me deu muito trabalho retomar esse repertório. Tive que recuperar aquela mesma energia aos 60 anos.” LSM
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